Keller

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  Ignorando aquela passagem no tempo, que sabe se lá ter sido no passado, uma visão do futuro, ou mesmo um sonho desconexo, deixe me apresentar a vocês meu pequeno lar, onde vivo a minha preciosa vidinha.

- Caham...

  Falei pequeno, mas não é necessariamente assim, é uma casa realmente grande com cômodos espaçosos e bem divididos. No térreo fica uma enorme sala, cozinha e um bannheiro, no primeiro andar ficam os quartos, um escritório e uma varanda.

  Além de não estar me referindo ao tamanho, também não falei isso com desdém, é o teto que me abriga do frio, do calor, de insetos, de pessoas de índole duvidosa e mais importante ainda, o teto que meus pais se esforçaram e ainda se esforçam tanto para ser aconchegante a mim, que não posso sair.

" - Não pode sair, cara? Como assim?"

  Bem, primeiramente, tenho um nome, tá? Me chamo Kaito. E quanto ao não poder sair, talvez eu conte a vocês, mas primeiro terei de descobrir mais sobre isso...

  Nem sempre foi assim, só não me lembro desde quando as coisas mudaram para tal, nem como ou o porquê...

  Enfim, voltando, a casa conta com um enorme e vistoso lustre em sua sala, móveis de aparencia simples, mas bem aconchegante, e práticos também,  até as janelas, que são projetadas dando uma vista em diagonal para o chão, isso para que o sol não me alcance (e não,  não sou um vampiro nem um zumbi).

  Vagando pela casa, sozinho, admiro a diferença de ambientação dos cômodos, sinto o carinho dos meus pais e do meu irmão mesmo sem prestar atenção nas mensagens que fizeram questão de escrever nas paredes de cada canto...

  Ao chegar no primeiro andar, vaguei pelos três quartos, todos vazios, bem como o escritório. Ainda era dia, então  eu não podia ir à varana... Foi quando me lembrei de uma parte que não citei (não costumo muito ir lá, deve ser por isso), uma pequena escada no térreo que da acesso a um unico cômodo, o porão. 

...

  Curiosamente, abro a porta e me deparo com uma sala completamente coberta de poeira, como se ninguem entrasse lá há semanas, e talvez tenha sido assim...

 Dando um passo adentro, me senti como se estivesse em um globo de neve, porém o que caia era uma chuva de poeira.

Rain Of DustOnde histórias criam vida. Descubra agora