Capítulo 1 - Filipo

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As cortinas ainda estavam abertas quando os primeiros raios de sol invadiram minha suíte.

— Gemma! — gritei virando de lado e escondendo meu rosto no meio dos lençóis. — Gemma! — insisti.

— Ma che cazzo! — Xinguei esticando o braço para pegar o controle remoto do blecaute.

Tinha passado a noite no inferno, mas não de um jeito ruim. Meu amigo Domenico tinha transformado a antiga adega em um bar refinado e libertino, apenas para eleitos.

Minha cabeça doía, o corpo se recusava a despertar e o perfume enjoativo da carlotte ainda estava impregnado em mim.

Vasculhei a mesa de cabeceira em busca do maldito controle, mas não encontrei, ao invés disso derrubei a jarra de água bem em cima da cama e o que era para ter sido uma manhã de calma, se transformou em raiva.

Sentei-me na beirada do colchão, forçando meu cérebro, ainda meio ébrio, a ligar o suficiente para que eu me levantasse e quando consegui, caminhei até o banheiro.

Pisquei algumas vezes, encarando meu reflexo no espelho.

Per Dio, que nunca mais vou beber desse jeito!

Signore? — a voz de Gemma foi se aproximando devagar. — Disse algo?

— Disse! — deixei o banheiro usando apenas a calça do pijama. — Que preciso de um café! forte! E sem açúcar... — Passei o braço em torno dos ombros da velha senhora. — Ou não vou conseguir chegar naquele escritório hoje.

Gemma tinha cuidado de mim desde que nasci. Fizera o papel de mãe, pai e tudo que eu conhecia de família, já que nonno Giacomo não deixava espaço em sua vida para nada além da Savoia.

— Comprei brioches frescos... — avisou toda feliz. — Vou servir com o café!

Ia dizer que ainda tinha vinho demais em minha corrente sanguínea, quando vi o jornal do dia com minha cara estampada na capa, bem debaixo do último escândalo da política.

Porca miséria!

Nem tive tempo para pensar, o telefone em minha mesa de cabeceira começou a vibrar desesperadamente. O número do meu avô brilhando na tela.

— Não vai atender? — Gemma perguntou preocupada.

A pobre mulher morria de medo do nonno e por isso que não se negou a mudar comigo para o centro de Milão, tão logo meu apartamento foi entregue pela construtora.

Enchi os pulmões de ar e me preparei.

— Pronto! — falei assim que atendi.

— Filipo, preciso que venha até aqui... — começou. — Tenho um assunto importante a tratar com você e, não é o tipo de tema que pretendo levar ao escritório.

Engoli em seco. Nonno Giacomo não costumava deixar nenhuma conversa importante fora do escritório. Até porque, não havia vida alguma para ele fora da empresa, que se empenhou tanto para transformar em uma grife famosa.

— É claro — concordei. — Chego em pouco tempo.

Desliguei e deixei o telefone sobre a cama.

— É Gemma, os brioches terão que esperar!

— Vou separar seu terno, signore.

Voltei para o banheiro e entrei debaixo do chuveiro frio. Tinha consciência de que minha cara não era das melhores e não pretendia esconder isso do nonno, até porque não devia nada a ele. Era um homem adulto, dono das minhas decisões e fazia muito bem o meu trabalho, diga-se de passagem.

A Herdeira do Arrogante Italiano (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora