A Lua

8 2 0
                                    

Ao emergir na noite de Lua cheia, uma criatura majestosa surgia das águas, transportando algo incrível consigo. O silêncio, rompido apenas pelas ondas relaxantes, testemunhava sua ascensão até o solo. Contudo, um evento inesperado a fazia hesitar.

No solo, uma moça indígena jazia caída e inquieta. Descendo das costas da colossal criatura, um homem misterioso e ferido emergiu. — O que foi, Gigatur? Algo aconteceu — indagou ele, portando uma enorme espada. Ao se aproximar da cabeça da criatura, deparou-se com a bela garota.

A voz retumbante da enorme tartaruga, - KYURURU - alertou o homem sobre perturbações inimigas na ilha. Agindo prontamente, ele conduziu a garota para o interior da grande Tartaruga. — Para o mar, Gigatur. Sem demora — ordenou o homem, adentrando o lugar incomum e submergindo com a Tartaruga.

Após cuidar rapidamente das feridas daquela linda mulher, o homem ficou admirado com sua aparência. Seus cabelos, como a escuridão, destacavam-se sobre um rosto adornado com pinturas de duas luas, ressaltando-se sobre uma pele mais clara. Suas vestimentas, aos seus olhos, eram incomuns.

Uma vez que a garota foi tratada, a Tartaruga alertou o homem sobre movimentos estranhos na superfície da água. Ordenando a Gigatur, ele disse - Gigatur, suba até a superfície - A Tartaruga emergiu, e vozes ecoaram diversas vezes...

— O que é aquilo? Uma casa? U- UMA T- TARTARUGA GIGANTE?! Q- QUE!

Eram os inimigos, presentes na praia e em embarcações, em busca da mulher. O homem, carregando uma enorme espada em suas costas, saiu imediatamente daquele lugar. — S- saiu alguém! — gritaram os soldados. O homem, por sua vez, ordenou prontamente à criatura:

— Gigatur, vai.

A gigantesca tartaruga avança em direção a uma das embarcações, abrindo um enorme buraco em seu casco. O navio começa a se encher de água, enquanto novas rachaduras se formam. - Homens, atirem neles! - ordena o Almirante.

— S- sim, senhor!

Ao apontar seus canhões, algo surpreendente ocorre: a Tartaruga desaparece junto ao homem misterioso. A embarcação permanece intacta, sem armas ou canhões. Os navios, com formatos específicos, transformam-se em cruzeiros.

— O que houve aqui! — exclama o Almirante, visivelmente assustado. Os outros soldados estão perplexos. Enquanto tentam entender o que ocorreu, um soldado em terra decide se aproximar da água. Ao chegar lá, tudo muda...

O céu torna-se vermelho, a Lua sorri. Mãos erguem-se das águas e da terra. O desespero toma conta, as embarcações elevam-se aos céus, sustentadas por mãos misteriosas. Marinheiros caem ao mar, soldados fogem para a floresta.

Todos tremiam, o terror era avassalador. Quando acreditaram que já estava tudo perdido, um ser gigante, de chifres e várias mãos em seu rosto, surgiu diante deles. Devorou a todos, sem exceção.

Experimentando aquela angústia, o homem ainda envolto em mistério organizava-os em várias embarcações, visando enviá-los à deriva no mar. Amarrou-os, cuidando para que nunca mais retornassem. Após concluir essa tarefa, Gigatur os levou para o mar, deixando-os à deriva, sem suprimentos, água e comunicação.

Então, uma cortina se quebrou, a ilusão desapareceu. Os homens continuaram a dormir, lágrimas em seus olhos, indo em direção à solidão e à morte.

A Tartaruga emerge do mar, cobrindo a maior parte da praia e uma pequena porção da floresta. O homem retorna à Tartaruga, carregando suprimentos dos navios que ele roubou, enquanto a mulher permanece adormecida, em tranquilidade graças ao homem.

A ilha estava inquieta, despertando a curiosidade do homem. Ele queria que a mulher acordasse logo e contasse os acontecimentos que estavam ocorrendo na ilha. O homem deduziu que aqueles soldados eram de LingBing, a nação que era seu objetivo. Estavam naquela ilha cometendo atrocidades contra o povo nativo. Seu amigo foi capturado e levado pela nação de LingBing, destinado a ser entregue à grande organização localizada no Gran Pangényva.

Ele estava pensativo e distraído desde que apareceu naquela ilha, seus olhos refletiam uma tristeza profunda, como se tivesse perdido tudo.

Admirava a Lua, seus olhos exalando uma profunda tristeza, seus cabelos como a escuridão. Os olhos do homem emanavam agouro. Sua estatura era incomum para sua raça.

— O mar tá ficando agitado, e uma tempestade chegando?

Parecia que o mar estava irritado, as ondas aumentaram, ao mesmo ritmo que Gigatur ficava agitada. Ele correu imediatamente para dentro de seu lar incomum.

Ao adentrar, a mulher estava acordada. Ela estava claramente assustada, com um pedaço de madeira, correu em direção do homem. Suas intenções de matá-lo eram visíveis, ela corria em direção a ele, enquanto falava freneticamente.

— KYAAAAAAAH! Não chega perto, não me toque, KYAAAAAAAH!

Ele, instintivamente, começou a desviar de todos os ataques desesperados da mulher. Enquanto o mar se agitava ainda mais, ela quebrava coisas com aquele bastão, tentando acertá-lo. Com medo de que ela se machucasse, ele exclama, — EI, EI, EI, EI, OPA, OPA, OPA, OPA! O que diabos você tá fazendo!

— Tarado, tarado, tarado.

Ela gritava, apenas enrolada em uma toalha, seu desespero evidente. A cada ataque que ela desferia, uma de suas feridas se abria, sujando a toalha de sangue.

O confronto de paus e esquivas continuou, até que o homem decidiu imobilizá-la. Antes de conseguir deixá-la imóvel, sua toalha caiu, expondo seu corpo.

— KYAAAAAAAH! Eu não vou permitir que você faça de nov-

O homem a interrompe com um golpe em sua cabeça, deixando-a atordoada. — Calma aí, paixão! Aí não! — disse o homem, irritado com o possível comentário da mulher.

Logo, ele pede a ela que se acalme e o escute. Entrega-lhe sua blusa e uma água para acalmá-la. Então, começa a cuidar de sua ferida aberta e a explicar os motivos dela estar com ele.

— Como posso dizer, eu estava apenas dando uma parada nessa ilha, atrás de suprimentos. Quando cheguei em terra, avistei-a caída no chão, ferida e inquieta. Como humano, não pude evitar e tive que ir ajudá-la. Como seus ferimentos eram graves e você estava suja, eu tirei sua roupa... e depois só apareceram umas embarcações por aqui e alguns soldados fardados, nada para se preocupar.

— E- entendi, n- n- nada que eu precise me preocupar né...? NÉ?

Logo depois, o homem a questiona sem mais nem menos, -Vamos, me conte agora o que está rolando nessa ilha. - A mulher logo se entristeceu, confirmando que algo realmente estava acontecendo lá dentro da ilha.

— T- tudo bem, eu conto. Pessoas brancas de algum lugar vieram pra cá há 3 semanas. Estão atacando e saqueando os moradores da ilha... Ouvi dizer que todos estão levando mulheres e homens como escravos. Não sei como estão agora, talvez já estejam bem longe daqui...

— Entendi. Então você conseguiu fugir deles, estou certo?

— Err, sim... eu fugi.

Ela disse isso com um olhar de arrependimento e tristeza, deixando claro ao homem que ela fugiu sozinha, mesmo tendo chances de salvar mais pessoas.

— Muito bem, eu tenho coisas pra tratar com esses homens e seu Reino, vou acabar com um por um, você só precisa vir comigo e me guiar a cada lugar dessa ilha. Aliás, me diga teu nome.

— Jaci, meu nome é Jaci... Err, p- por que eu?

— Jaci? Esse nome não me parece combinar com você... Você não perguntou, mas meu nome é Vastos.

— E- em!? P- por que eu... Agora, sim, eu morro!

Sem olhar para trás, Vastos e Jaci se preparam para enfrentar o que está por vir, iniciando a próxima fase de sua jornada com determinação e uma "união" que desafia expectativas.

Pangényva - LingBing ArcOnde histórias criam vida. Descubra agora