O TEMPO

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Desde de sempre observei os casais aos meus arredores e sempre quis ter um alguém para viver isso. Ao iniciar o pré, sempre estava a procura de algo, um alguém, quem sabe? Então conheci minha primeira paixão escolar e namoradinho, era incrível, mas ainda faltava algo.

À noite, eu rezava a Deus para encontrar alguém e fazia promessas a ele. Mas eu desisti, por não haver nenhum resultado e somente decepção.

Ao passar dos anos, encontrei a minha segunda paixão, um garoto mais velho e familiar dos meus primos. Sempre me humilhava atrás dele e ele alimentava minhas esperanças. Uma coisa horrível a se fazer era dar falsas esperanças a uma jovem garota. Mas… Ele me decepcionou e quebrou meu coração.

No 3° ano, conheci minha terceira, mas eu sempre soube que nunca tinha chances com ele e ao ver ele com minha melhor amiga, tive meu coração quebrado uma segunda vez.

No 4° ano, conheci minha quarta e quinta paixão, a quarta paixão nunca tive chances então só passou de sonhos. A quinta paixão, adivinha só? Não tive chances por sempre o achar afeminado e gay. Mas há algo engraçado nessa história, estávamos eu e ele no bebedouro e voltando para a sala eu decidi colocar minhas mãos sobre o ombro dele e pular. Ele não me aguentou e caiu, o barulho que fez foi igual uma panqueca caindo do chão XULAP. Quando isso aconteceu, eu não ri, pois fiquei com peso na consciência e preocupada com meu peso.

No 5° ano, conheci minha sexta paixão, era um garoto com síndrome down, ele era estranho e isso me encantou naquela época. Mas nunca tive chances.

No 6° ano, tive uma sétima paixão passageira, mas como sempre. Eu nunca tive chances. Nesse meio tempo, reencontrei minha segunda paixão e me encantei novamente por ele. Mas… Ele queria minha amiga e ele partiu meu coração uma segunda vez.

No 7° ano, eu vi um garoto tímido que me encantou e que despertou meu interesse. Entretanto, eu nunca teria chances com ele, como sempre. Então, desistir.

No 8° ano, tive minha oitava paixão e essa foi aquela que mais destruiu meu coração. Pois eu gostava dele e ele sabia disso, mas eu não queria namorar agora e ele queria isso. Então ele me disse que só me queria pois o pai dele estava enchendo o saco dele para ele namorar logo. Antes dele, supostamente gostar de mim, ele gostou da minha irmã primeiro e depois veio a mim quando ela não deu bola a ele. E eu continuava a me interessar pelo garoto tímido e sempre elogiando ele e querendo saber mais dele.

No 9° ano, minha oitava paixão ainda insistia e eu ignorei tudo que ele já fez. Tínhamos conversado, ele parecia que me entendia. Mas eu soube que ele tinha ficado com uma garota mesmo a gente não tendo nada, e aquilo quebrou meu coração. Eu perguntei a ele, então no meio do refeitório, ele quebrou meu coração em milhares de pedaços e cacos possíveis. Saí do refeitório segurando as lágrimas e desabei com as meninas no banheiro. Eu me senti usada e feita de burra. Não bastava o que ele tinha feito, ele ainda continuava atrás de mim e dizendo que “errou” e queria consertar. Mas eu não dei bola a ele e segui em frente com meus caquinhos. Eu tive meu coração tão destruído que possui um bloqueio emocional. Mesmo assim, apesar do meu coração destruído. Havia algo que doeu mais que o coração partido. Foi saber que o garoto tímido que eu sempre observava, elogiava e queria saber mais dele. Ele tinha uma paixão. Aquilo doeu, mas eu não entendi o pq. Mas eu sei que doeu e me senti novamente trocada por uma “padrão”.

No 1° ano, eu continuei a observar o garoto tímido e queria me aproximar dele. Mas eu não sabia como, eu não tinha coragem para isso.

No 2° ano, eu conheci minha 9° paixão e meu primeiro amor. A minha 9° paixão, igual aos outros, apenas me usou e destruiu meu coração ainda em pedaços.

Eu conheci o meu primeiro amor no segundo ano, no início de novembro. O mais irônico, é que ele foi o meu prêmio de aposta. Porém, a maior ironia de todos, é que ele era o garoto tímido que eu observava. Eu tinha decidido que nunca namoraria alguém da minha sala, mais novo e com menos massa corporal que a minha e eu também tinha decidido que não ia mais me relacionar amorosamente com mais ninguém. Entretanto, eu continuei a conversar com ele, eu continuei a rir das piadas ruins dele, eu me encontrei com ele e eu me apaixonei uma 10° vez.

Quando nos vimos pela primeira vez, ele estava nervoso e quando foi me deixar em casa, quis me dar um aperto de mão. Mas logo o puxei para um abraço. Mas foi no dia 02/12/2021 que demos o nosso primeiro beijo. Ele se encontrava nervoso e chateado por estar gripado e mesmo ele tomando uma cartela de comprimido de gripe, não ajudou. Mas… Eu me virei para frente dele no banco, tomei coragem e o beijei. Foi incrível. Porém, eu achei que ele tivesse ficado constrangido por ter sido o primeiro beijo dele. Então disse a ele “porque o primeiro beijo é sempre uma merda?”, pelo menos ele riu e disse que não tinha sido.

Ele me fazia rir, me fazia única, me conquistava com palavras bonitas, com incríveis dedicações de músicas. Aos poucos, ele pegava os caquinhos do meu coração e colava. Aos poucos, eu fui me apaixonando cada vez mais por ele. Foi fácil gostar dele, pois ele já possuía um pequeno lugar escondido em meu coração.

Aos poucos, as feridas que não foram causadas por ele, foram curadas por ele.

Aos poucos, eu me entregava a ele.

Então, um dia, eu percebi que meu coração havia sido curado por ele.

Então, eu percebi pela primeira vez, que eu encontrei o amor. Ele cultivou esse amor em mim cada vez que me fazia sentir única, amada e cuidada. Ele me fazia rir, me protegia, me acolhia, me dava aquilo que eu tinha que implorar aos outros. Ele me deu afeto, carinho, cuidado e amor. Para ele, o que importava era se eu estava bem e se não estivesse, ele me fazia rir até esquecer os problemas. Ele ficava ao meu lado, até eu me encontrar bem novamente. Quando ele me tocava, parecia que eu era de cristal de tão delicado que ele era. Quando ele colocava meu cabelo por trás da minha orelha, era com a maior delicadeza e cuidado do mundo, como se eu fosse de vidro e que iria quebrar a qualquer toque errado. Quando tive crise de nervosismo ao ponto de quase chorar na apresentação de uma aula, ele me fez rir. Enquanto isso, ele estava passando mal de nervoso e se tremendo. Se eu precisasse dele, ele estaria ali ao meu lado a qualquer momento e hora. Ele me olha como se eu fosse única e quando me vê, sempre parece a primeira vez.

Então dei a ele o que era dele por direito, eu dei a ele, o meu coração. Meu coração que foi curado por ele, eu o dei mesmo com o medo dele me machucar como os outros fizeram. Mas ele nunca foi igual aos outros. Ele sempre foi único, ele cuidou de mim. Mas eu sei que ele preferia morrer do que quebrar o meu coração. Pela primeira vez em muitos anos, eu me senti completa e eu percebi que encontrei aquilo que eu procurava. Eu o encontrei.

Como se fosse a primeira vezOnde histórias criam vida. Descubra agora