Capítulo 7

49 2 0
                                    


Em um instante o monstro é atingido por sequências de tiros que deixariam qualquer novato em estado de confusão, surdez e medo. O ataque o faz rugir em fúria e se contorcer ainda mais. De um lado para o outro, sua cabeça enorme se sacode violentamente. O arrasto é tão forte que leva dois navios a fazer uma espécie de drift na água, distorcendo as ondas numa demonstração colossal de força. Os meus tripulantes mais fortes tiveram que se agarrar a . Gigan é o navio que mais leva o impacto, virando, virando e virando, a popa quase tocando a água. Pelo menos 10 marinheiros caem na água, caindo para um futuro incerto, possíveis mortes que me fazem fechar os olhos em tristeza por um segundo.

Finalmente, eu consigo alcançar a lateral do navio em colapso. Minhas mãos miram no casco do navio de madeira, formigando em tensão enquanto eu fecho os olhos e respiro fundo. A força da corrente precisa ser forte o suficiente para ajeitar o navio, não derrubá-lo. Eu abro os olhos, vendo a água recuando rapidamente em preparação para a direção que eu quero atingir, se acumulando em uma grande onda atrás de mim. Eu solto o ar e relaxo os pulsos, tirando a tensão que eu fiz para acumular aquela quantidade de água, e ela avança anormalmente rápido até o Navio Gigan, batendo com força no casco que estava prestes a virar.

A água o faz voltar a sua posição de equilíbrio com toda a minha força, com o baque das ondas para trazer o navio ao lugar mais algumas pessoas quase caem na água, mas evitam que a tripulação inteira morra. Ao observar o problema dos recrutas em direções diferentes eu decido fazer um redemoinho.

'É só amontoar todos esses idiotas juntos e jogar eles de volta no navio, rápido.' A falta de cerimônia ao jogar os bebês chorões de volta para o navio é cômica.

Eu me levanto nas ondas junto do mar, sentindo o ar salgado no meu rosto e o doce sabor da vitória em meu sorriso. Os membros do navio Gigan começam a rugir em uníssono num volume ensurdecedor, e eu consigo ver a felicidade de estarem vivos impressa em cada olhar dos tripulantes da minha frota. Todos ali presentes estavam comemorando a vida fervorosamente.

E por mais que alguns considerem burrice fazer isso após esse período de ansiedade e medo, não fazer isso teria efeitos ainda piores para cada um de nós. O que é a vida sem a gratidão por se viver nela? Porque viver se não podemos demonstrar nossas grandes alegrias, mesmo que triviais e passageiras? Deixaríamos os momentos ruins dominarem e se banalizarem,  tornando os sorrisos murchos e o pensamento sempre repetido. O que seria pior do que viver dessa maneira?

 É nesse instante que as notícias reais devem ser entregues. De canto de olho, eu vejo a Bia trazendo consigo a expressão sepulcral de alguém que guarda as notícias ruins. Minha vice tem uma conexão quase inegável comigo. Ela, como eu, tinha acabado de urrar a vitória aos sete mares, mas assim que nós cruzamos os olhares, lembramos dos nossos deveres nessa frota.

  Eu vi o sangue, alguns caíram no mar e sempre há a possibilidade de que uma cauda de um monstro daqueles tenha causado grandes mortes de recrutas.

 Com a boca, eu tento exagerar os movimentos para dizer "Quantos?", ela franze o cenho mas em poucos segundos as sobrancelhas se levantam e ela parece entender. Ela levanta 3 dedos para o alto.

 Eu congelo. 3 vidas.

Podem considerar anti-ético, mas eu considero cada missão em que eu consigo diminuir o número de mortes um sucesso. Um capitão de frota comum, nessa parte dos mares, em um dia comum sempre conta com cerca de 20 a 30 mortes em incidentes leves. Nós somos a única frota cujo nível de mortes num dia comum nesse mesmo local é 0. Só temos baixas em situações extremas, como essa.

Eu sei que devo ficar triste por cada vida perdida, no entanto, não comemorar nenhum dos meus avanços vai me levar a desistência. A minha desistência significa mortes em massa.

Waves of atraction (Coby× Fem!Reader)Onde histórias criam vida. Descubra agora