- Yakov Vyacheslavovich - se presentó com um leve sorriso, agradável, algo não muito comum, mas aquele homem russo o transmitia uma sensação pecaminosa, mas não sabia o porquê, assim que apenas estreitou sua mão com educação - se nota que não é daqui, de onde veio? - perguntou curioso, mas sem se passar.
- Brasil - respondi tomando outro gole - conhece?
- Não, nunca conheci nenhum país de América do Sul - respondeu, e o pedido que ele fez ao garçom chegou, duas copas de cóctel e me ofereceu, levantei a sobrancelha, pegando a copa com timidez, mas sem deixar de o observar detalhadamente, seus olhos azuis céu intensos.
- É uma pena, vale a pena conhecer qualquer um deles - disse tomando o cóctel em silêncio.
- Se eu fosse, seria meu guia? - perguntou Yakov curioso.
- Depende de quão bem a gente se leve, sou difícil de convencer - comentou divertido.
- Isso a gente resolve rapidinho - comentou tocando o rubi do meu anel - todas essas joias... são de verdade? - perguntou.
- Sim... todas da minha terra - respondi orgulhoso - mas não podem ser tocadas, tudo o que é caro é difícil de conseguir - respondi.
- E... quanto custa então?
- Depende, se for para uma noite ou para o resto da vida - ri ao ver sua expressão, incrédulo com meu pedido - não se preocupe, não precisa aceitar - disse.
Segui observando o ambiente, algumas pessoas dançavam e festejam jogando álcool por todas as partes, enquanto belas mulheres exibiam seu corpo de forma sensual, me fazia em parte lembrar a minha terra, sexo é sexo em qualquer lugar do mundo afinal de contas.
Yakov não deixava de me olhar em nenhum momento, sentia o peso do céu em seu olhar sobre mim, era discreto, mas a sua curiosidade era evidente, talvez porque nunca viu alguém como eu, e em parte desejava me aproveitar disso, já bastava a decepção de nem ter começado a procurar meu suposto pai.
- Yakov... - o chamei em baixo, mas que desse para ouvir acima do som da música - gosta de apostar? - perguntei.
- Por que não gostaria Arthur? - respondeu.
Sorri para ele mostrando a sala luxuosa de estilo clássica, de intenso vermelho, onde velhos homens ricos com jovens mulheres sentadas em seus colos enquanto jogavam, fumavam e bebiam na sala.
- Não sei russo, mas acho que vinte mil rublos podem ser considerados um idioma - comente me levantando e Yakov fez o mesmo me seguindo.
Entrei na segunda sala do clube, fazendo todos presente me olharem, mas apenas revirei meus olhos sentando-se na poltrona do centro da mesa, depositando o dinheiro em minha frente. Yakov se sentou em frente minha ao outro lado da mesa de madeira robusta.
Os homens ali presentes ficaram em silêncio, me observando detalhadamente, mas apenas sorri com uma falsa delicadeza, e como a rodada tinha acabado de começar, o homem à minha direita lança a pequena bola branca de forma ágil, parecia ser um garçom encarregado de girar a roleta para não ser alterada pôr ninguém. As probabilidades de acerto e de erro eram precisas, matemáticas nunca foi difícil para mim, calcular estadísticas não é difícil, mas o olhar penetrante de Yakov me matava, me impedia observar a roleta precisa girar fazendo juntas em uma só tonalidade suas cores vermelho e preto.
- Двадцать три [Vinte e três] - disse o homem, mas apenas olhei para a pequena esfera parada.
O homem que tinha apostado perdeu. Outros presentes na sala riam com distração, o perdedor observava a roleta temeroso, com medo de perder uma quantia monetária que não tinha disponível. As fichas continuaram passando por cada estremo da mesa de madeira escura.
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Sangue Russa
RomanceO último desejo da mãe de Artur Nogueira era entregar uma carta ao seu amado marido, por isso, antes de morrer, pediu ao filho que fosse à Rússia e conhecesse o pai, entregando-lhe a tão apreciada carta. Artur, comovido com o seu pedido, decide emba...