Porchay estava no terceiro semestre da faculdade de Artes e Comunicação, e tinha uma aula importante hoje. Ele geralmente não faltava aulas, principalmente aulas de disciplinas mais difíceis, com professores mais rígidos.
Mas faltaria hoje, sua consciência que o perdoasse, mas só por hoje, por motivos de força maior, deixaria de ser um aluno exemplar.
Na verdade, nem conseguia se sentir mal por perder aula, isso não era nada quando a única coisa que pensava era na chegada de Kimhan que aconteceria em breve.
Kim não estava respondendo mensagens ainda, mas Porchay sabia que o avião dele chegaria dali duas horas. E ele queria estar lá quando Kim atravessasse o portão de desembarque. Queria ser a primeira pessoa a vê-lo e o primeiro a lhe dar um abraço.
Porchay estava tão ansioso, que o tempo realmente parecia passar em um ritmo mais lento que o normal, ele já estava pronto uma hora antes do que combinou com Porsche, e estava se contendo para não roer e estragar suas unhas.
Uma hora depois, Porchay não aguentou e decidiu esperar em frente ao prédio pelo irmão mais velho que viria buscá-lo para irem todos juntos para o aeroporto.
[...]
Porchay foi o primeiro a sair do carro quando Porsche estacionou, seguido de Khun, que andou ao seu lado. Kinn veio em outro carro, que já estava devidamente estacionado e trancado, e esperava por Porsche.
Juntos eles entraram no aeroporto lotado.
- Será que vai demorar muito? - Khun abriu o leque enorme que segurava na mão, em um movimento fluído, mas exagerado, que por pouco não acertou Porchay. - Tem pessoas demais aqui, não gosto disso.
O irmão mais velho de Kim abaixou um pouco os óculos escuros e analisou todo o seu redor com olhos semicerrados. A boca retorcida, completando sua expressão de desagrado.
Porchay apenas sorriu, em parte por estar acostumado com o jeito exagerado dele. E também porque, apesar de querer soar irritado, conseguia sentir como Khun estava ansioso pela chegada de Kimhan, o seu querido irmãozinho caçula.
- Paciência phi, logo ele aparece. - Porchay tentou acalmá-lo.
Ele próprio não estava tão diferente, mas tentava conter sua impaciência, e apenas olhava ansioso o ambiente ao seu redor.
A primeira coisa que sentiu foi o celular vibrar insistente na mão, mas antes de dar atenção a isso, conseguiu vislumbrar a pessoa vestida completamente de preto, os cabelos mais compridos do que se lembrava, presos em um óculos também escuro na cabeça.
Ele segurava o celular no ouvido, e olhava ao redor como se procurasse alguma coisa. Alguém.
Porchay sorriu, e sem ao menos conferir a chamada na tela, deslizou para atender antes de levar o aparelho ao ouvido.
- Huh... Chay? - Porchay sorriu ainda mais ao ouvir a voz dele através do telefone.
- Bem-vindo de volta, P'Kim. - Foi o que respondeu. Naquele mesmo instante, Kim olhou em sua direção. E abriu o sorriso mais lindo de todos.
Antes que percebesse, Porchay andou ou correu até ele. Foi automático, ele precisava sentir que era real. Kim guardou o telefone no bolso e deixou sua mala de lado, só teve tempo de abrir os braços antes de abrigar Porchay entre eles, num abraço apertado, cheio de saudade.
- Eu senti tanto a sua falta, Chay. - Kim murmurou próximo ao seu ouvido, e Porchay só conseguiu apertá-lo mais, o rosto enterrado no ombro dele.
Era mesmo real, Kimhan voltou. Foi seu primeiro pensamento. E depois, Inferno, como alguém podia cheirar tão bem?
- Eu também phi, você não tem noção! - Se afastou mesmo não querendo, para olhar melhor para ele. Kim levou uma de suas mãos ao rosto do mais novo e limpou da bochecha a pequena gota de lágrima que Porchay nem percebeu que derramou. Ele riu com isso e se afastou mais, um pouco envergonhado. - Droga, você me paga por me fazer chorar de saudade!
Deu um tapa de brincadeira no braço dele, e Kim riu.
- Desculpe, ok? Prometo recompensá-lo. - Kim bagunçou seus cabelos com uma das mãos e Chay resmungou por um momento, mas não conseguiu parar de sorrir. - Meu Deus, como você cresceu tanto em um ano?!
- Talvez você tenha diminuído, phi. - Porchay provocou. Seria esquisito ele querer pular no amigo de novo, e dessa vez não soltar?
Kim apenas sorriu dessa vez, enquanto seus olhos o encaravam cheio de sentimentos, a feição em seu rosto amadurecido, o corte de cabelo mais comprido que moldurava seu rosto de um jeito que combinava tão bem com ele.
Tudo isso fez Porchay se sentir estranho. Kim sempre foi tão bonito assim? Certo, claro que ele sempre foi.
Mas ainda estava diferente. Mais maduro, talvez até intenso, de um jeito que Porchay não se lembrava que ele era.
Chay inclinou um pouco a cabeça para o lado. Definitivamente era o cabelo.
Ele só despertou de seus devaneios e desviou o olhar do mais velho quando escutou um pequeno ruído muito perto, como alguém consertando a garganta.
E, finalmente, Porchay notou. A mulher pequena e bonita atrás de Kim, os observando com olhos brilhantes e um sorriso gentil. A essa altura Porsche, Kinn e Khun já haviam os alcançado.
Khun o repreendeu por correr na frente sem esperá-los, eles começaram a cumprimentar Kim, que deu um abraço em todos.
Porchay não conseguiu prestar atenção em nada do que falavam, só nela, esperando atrás de Kimhan. Ela devia ser dez centímetros mais baixa que ele, cabelos castanhos claros, ondulados e bonitos.
Suas feições eram angelicais, ela parecia uma daquelas atrizes lindas das séries de TV. Sem dúvida, estrangeira.
Quando Kim finalmente terminou de cumprimentar os irmãos e Porsche, trouxe a mulher para o lado dele.
Porchay tentou não vacilar quando a mão grande e elegante dele segurou a menor e delicada mão dela, e permaneceu assim.
Por algum motivo que não conseguia entender, seu coração acelerou um pouco. Há poucos segundos ele não conseguia parar de sorrir, agora estava fazendo um esforço para manter o sorriso no rosto.
- Deixa eu apresentar a vocês, essa é a Becky, ela vai passar um tempo na Tailândia com a gente. Becky, esse é o melhor amigo de quem eu vivo te falando, Porchay.
Porchay olhou para Becky, e a cumprimentou, com um grande sorriso. Ou, pelo menos, tentou, tentou muito mostrar um sorriso que parecesse sincero, enquanto por dentro, sentimentos feios e confusos tomavam conta da mente e do coração dele.
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that way [kimchay]
Fanfiction"𝘈𝘮𝘪𝘨𝘰𝘴 𝘯𝘢𝘰 𝘰𝘭𝘩𝘢𝘮 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘢𝘮𝘪𝘨𝘰𝘴 𝘥𝘦𝘴𝘴𝘢 𝘮𝘢𝘯𝘦𝘪𝘳𝘢." Kim volta para casa depois de quase um ano. Sua chegada é mais do que esperada por Porchay, mas os sentimentos confusos que de repente estão despertando dentro dele co...