fumaça barata

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Fiz do meu corpo incêndio
Dá minha mente carvão
Força motriz, alimentando a combustão
E a alma se esvaio em fumaça
Monóxido de carbono, envenena
Nos pulmões me falta oxigênio
Intoxicação exógena de pensamentos
Mas eles não me são alheios
Eu sou eles
Eu sou, eu sou
Eu sou deles
Eu estou, eu estou
Aumento a temperatura como o corpo tentando matar a doença
Cada vez mais intenso, febre de 42° graus
Línguas de fogo profano me batizam nas labaredas
Desaprendendo o idioma
Estou aprendendo um novo sentimento
Intraduzível e inalcançável, infernal !
Metafórico e tão literal
Espinho na alma, me rouba a calma
Célula que não queima, eres vegetal, animal ou mineral ? 
O corpo já entrou em ebulição mas você permanece
Já me despi e vesti de conceitos, comi palavras e vomitei soberba
Ligando e planejando cada sinapse
Mas reações químicas e elétricas não fazem o poeta
Eu e a língua somos omissas, falhas e decadentes
Me fragmento parte humana e metafísica
Somos suas amantes indispensáveis
Confidentes
Sou fraca, é fácil me quebrar como os galhos
Mas sou mais útil a você quando queimo
Te aqueço, te conforto 
E por fim te enveneno
Mas sempre queimo, queimo e queimo

O que há quando não há nada ? Onde histórias criam vida. Descubra agora