O dia amanheceu igual aos outros para os moradores da pequena cidade na Pensilvânia. Mas, para Carl, estava tudo diferente. A tempestuosa noite anterior foi responsável pelo acidente na estrada em que Carl e seus pais estavam, levando o casal a um encontro prematuro com a morte. Apenas o garoto sobreviveu, praticamente sem nenhum arranhão.
Alguns diriam que foi sorte o jovem garoto ter saído ileso de um acidente tão grave. Outros diriam que foi intervenção divina. Mas, para Carl, não passava de mero azar.
Ele acordou, embora desejasse não ter acordado naquela manhã. Ele chegou ao hospital consciente, e tinha plena noção de que seus pais não estavam mais neste mundo.
— É um milagre você ter sobrevivido — Uma enfermeira abria as cortinas no quarto gélido do hospital — E ... eu sinto muito.
Carl mão respondeu. Estava cansado demais mentalmente para responder. Ele olhava para um ponto fixo na parede do quarto, sem intenção nenhuma de desviar o olhar.
Assim que a enfermeira saiu, um médico entrou no quarto.
— Campeão, você está oficialmente liberado. Sua família está aguardando.
Carl continuou mudo. Para um garoto de sua idade, ele estava lidando fleumático com a situação. Qualquer outro na situação como ele estaria a beira da histeria.
Carl saiu do quarto acompanhado do médico. Não pode deixar de notar os olhares e os cochichos que as pessoas faziam assim que ele passava. O acidente repercutiu. O pobre garoto que ficou órfão de uma hora para outra num trágico acidente de carro. Era uma boa fofoca para se espalhar rapidamente.
Quando chegaram da recepção, foram de encontro com o Sr e a Sr. Rivera, os tios de Carl.
O médico o entregou a eles e saiu. Ninguém disse nada. Eles apenas caminharam para o carro,onde o motorista estava esperando.
Sr. Rivera tinha uma postura ereta e sempre andava com um terno preto. Era um homem misterioso e reservado, com o olhar profundo e vazio.
Já sua mulher, Amélia, era uma mulher mais alta que a média, magra e que sempre andava com vestidos apertados e de cores pastéis. Sempre foi muito vaidosa, porém misteriosa assim como o marido.
Era quase inverno na Pensilvânia. Estava frio do lado de fora do hospital, em compensação os tios pareciam nem notar.
Eles entraram no carro e seguiram rumo a mansão dos Rivera.
———
A mansão Rivera fica afastada da cidade, no meio da floresta gélida e silenciosa de pinheiros. Lá parecia estar três vezes mais frio do que na cidade.
O motorista estacionou. Os três desceram e entraram na casa. A mansão por dentro era tão fria e silenciosa como o lado de fora.
— Bom dia, Sr. Rivera. O quarto do menino está pronto — Uma senhora de rosto cansado apareceu assim que entraram na casa.
— Ótimo. Carl, vá com Olivia — O Sr. Rivera respondeu.
Carl mais uma vez não disse nada. Apenas seguiu Olivia, subindo a enorme escada da mansão.
Ao chegarem no andar de cima, o clima da casa continuava o mesmo. As janelas imensas do chão ao teto e os quadros de paisagens frias pendurados na parede, faziam a casa parecer tão antiga quanto o próprio tempo.
Olivia abriu uma porta de madeira antiga, revelando um quarto não muito grande.
— Meu nome é Olivia. Se precisar de qualquer coisa pode me procurar, está bem?— Ela deu um sorriso meigo.
— Obrigado — foi tudo que Carl conseguiu dizer.
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O segredo da família Rivera
Misterio / Suspenso--- Carl acabou de perder os pais num terrível acidente de carro em que ele curiosamente saiu ileso. Os únicos parentes na cidade são os Rivera: Uma família nobre e reservada. O garoto passa a viver na mansão dos Rivera, até que tudo vira de ponta...