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Sua paz durou apenas uma semana, no dia seguinte logo cedo seus pais estavam batendo na porta de seu apartamento, se levantou resmungando, lavou o rosto e foi ver oque estava acontecendo, mesmo sabendo do que se tratava preferiu fingir demência para aliviar oque estava sentindo.

Abriu a porta e respirou fundo dando espaço para que os três entrassem, sua mãe, seu pai e seu noivo, ambos entraram e se sentaram aguardando que você fizesse o mesmo, mas não fez.

— Cancelem aquele maldito contrato! Eu não tenho mais nada haver com isso, vocês fizeram a dívida se virem pra pagar não sou moeda de troca nem nada do tipo... - Você falou seria, fechando a porta e se virando para os três que lhe encaravam com os olhos arregalados.

— Você sabe muito bem que não podemos! - Seu pai disse, lhe encarando com receio.

— Foda-se! Fui eu que ganhei um par de chifres, não vocês... eu que tive o coração quebrado! Não vocês! - Rebateu travando o punho. - Não vou falar novamente!

— Não tem mais volta filha, sinto muito. - Sua mãe disse, se levantando e indo até ti. - Não podemos colocar sua irmã nesse meio, ela só tem vinte anos.

— Eu tinha quantos anos quando vocês me colocaram nesse meio? 17 porra! - Rebateu furiosa e a mais velha desviou o olhar. - Se vocês não fizerem, eu farei.

— Vai deixar mesmo sua irmã sofrer! Não seja egoísta! - A mais velha rebateu.

— E eu não estou sofrendo nem um pouco com isso né... desde o começo. - Gargalhou. - Eu vou cancelar, vocês que se virem.

— Vai me deixar? - Seu noivo se pronunciou, atraindo sua atenção. - Eu não queria..

— Não foi oque eu vi... - Retrucou. - Saíam daqui, já ouvi demais.

— Você não vai cancelar o contrato, [Nome]. - Seu pai disse sério e se levantou. - Eu não vou deixar.

— Sou de maior, trabalho, moro sob minhas custas, não dependo de ninguém nessa caralha! Vou sim e não vou mudar de ideia. - Disse, sentido seus olhos arderem em lágrimas. - Saíam daqui!

Ambos nada falaram, apenas saíram em silêncio, observando seu rosto se molhar com as lágrimas que escorriam em um ato teimoso, bateu a porta com força deixando um soluço escapar, colou suas costas na parede e foi escorregando até sua bunda se encontrar com o chão, deixou tudo oque estava preso esse tempo todo sair, chorou.

Dean se aproximou de ti e se sentou em frente a ti, miando baixo, atraindo sua atenção, ergeu o rosto e o encarou, o mesmo se aproximou de ti ficando em pé com as patas apoiadas em sua face, lambeu a ponta de seu nariz enquanto ronronava, foi o suficiente para que você chorasse mais alto, igual a uma criança. Seus soluços eram possíveis de se ouvir do outro lado do corredor, os murmúrios se xingando por chorar, praguejos dirigidos a todos, menos ao seu querido gato preto e branco, que no momento ainda tentava lhe acalmar.

A dor que estava sentindo não era física, isso que tornava tudo mais difícil, não conseguia aliviar de forma alguma essa for, e aos poucos se tornava insuportável, chorar aliviou um pouco quase nulo, precisava descontar a dor que estava sentindo, aliviar de alguma outra forma. Passaram se vários minutos, quase uma hora, até que tivesse se acalmado por completo, e Dean ficou ao seu lado a todo momento, lambendo seu rosto em uma tentativa de chamar sua atenção.

Passou a palma da mão sobre a cabeça do gato acariciando, o mesmo deitou a cabeça sob a palma de sua mão apreciando o carinho, fechando os olhos brevemente e logo os abrindo, revelando suas íris verde forte, quase preto, miou baixo e você sorriu beijando a cabeça do mesmo. Se levantou levando o mesmo consigo em seu colo, seguiu para seu quarto, tomou um banho e trocou de roupa, foi até a cozinha colocou ração e água nova nos potes de Dean, que foi correndo comer.

Acariciou uma última vez a cabeça do mesmo e saiu, a procura de terapia, com seus fones bloetooth conectados com o volume no talo enquanto Coisas que eu sei - Felipe Amorim ecoava por seus tímpanos, não sabia pra onde ia ou oque ia fazer, apenas queria andar por aí sem rumo enquanto procurava, não sabia oque, mas estava procurando.

Andou sem rumo pelas ruas com pouca iluminação devido ao horário, estava perto de escurecer, o céu continha uma cor alaranjada com azul, que se misturava com as nuvens sobre o céu, uma vista linda e boa de se apreciar. Suspirou frustrada e parou em frente a uma cafeteira, olhou para dentro e de imediato seu olhar parou em cabelos brancos, reconheceu na hora sentindo seu coração palpitar.

Izana...

Seu coração se aqueceu e sentiu um alívio ao ver o mesmo, não compreendeu o por quê, sorriu dócil é se virou pronta pra sair, porém, uma coisa lhe chamou a atenção, um homem se aproximava do platinado que sorria distraído enquanto conversava com uma mulher belíssima.

O mesmo chegou por trás e chutou as costas de Izana, que por estar despreparado foi de encontro ao chão, batendo a cabeça em um pequeno banco que havia ali, seus olhos se arregalaram, sem que Izana se recuperasse o homem chutou novamente o mesmo, acertando-o no peito. Observou aquilo entrando em desespero, ao ver que ninguém faria nada para ajudar o mesmo, se moveu correndo pra dentro do estabelecimento.

Senju havia lhe ensinado o básico de defesa pessoal, e mesmo não gostando de violência, vez ou outra treinava o básico pra não correr o risco de sofrer violência ao voltar do trabalho. Correu e empurrou o homem que preparava outro chute mirando na cabeça de Izana que estava quase desacordado, com a boca sangrando, e sangue escorrendo por sua testa.

Tomou a frente de Izana e encarou o homem séria, sabia muito bem que um único murro do mesmo lhe desmancharia a pó, mas não iria fugir, queria com todas as forças ajudar o platinado atrás de si.

Vou apanhar mais que bêbado na ladeira... fudeu.

— Tá maluca vadia?! - Esbravejou o homem parando em frente a ti, que tremeu.

— Eu que te pergunto! Chega batendo nos outros, endoidou? - Rebateu, tirando coragem do cu pra falar.

— Tá querendo levar uns murros né, vadia! - Estalou os ossos do punho, e nessa hora pode ouvir Deus falando " Essa mina é burra ou fez curso?"

— E você tá querendo ser preso por agressão a mulheres, e tentativa de homicídio, não acha cabeça oca? - Retrucou, se surpreendendo consigo mesma. - Sabe que já ligaram pra polica.. e que logo chegarão, talvez você leve uma surra, seja preso, leve outra surra no presídio e por aí aumenta né.

Não tinha ideia se já tinham mesmo ligado pra polícia, mas estava rezando para que o mesmo acreditasse e fugisse sem se quer triscar em ti. Engoliu o seco ao receber um olhar mortal do homem, mas logo respirou fundo e retribuiu ao olhar, tirando coragem dos quintos dos infernos pra fazer isso.

— Da próxima vez, eu posso até ser preso, mas te mato vadia! - Quase gritou e empurrou você que por pouco não caiu.

— VADIA E SUA MÃE! AQUELA CACHORRA! - Gritou vendo o mesmo passar correndo pela porta de vidro. - Caralho... meu anjo da guarda deve tá putasso comigo.

Continua...

𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓| 𝗞𝘂𝗿𝗼𝗸𝗮𝘄𝗮 𝗜𝘇𝗮𝗻𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora