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Ela não vai vir. Eu sei bem disso.
Eu conheço ela, e conheço bem o bastante para saber que ela mudou e não é só o cabelo. Mas porra, seu físico mudou muito também. Agora ela usa franja tampando sua testa que ela sempre odiou, pintou o cabelo de preto e suas olheiras deixam sua pele bem mais branca do que já era. Ela continua bonita, óbvio, mas é uma diferença enorme
Não a encontrei ontem no cemitério como esperava. Então acho que não vou encontrá-la no seu café preferido como pretendia. Mas não a julgo, porra, ela perdeu o irmão, eles até costumavam dizer que eram almas gêmeas. Só Deus sabe a dor que ela esta sentindo.
Me levanto para sair mas desisto ao ver ela passando pela porta. Alana veio
— Ótimo, não me atrasei — Alana diz assim que me vê. Ela veio. Talvez eu estivesse enganado.
— Oi morceguinha, que bom que veio — digo
— Não me chama assim— Ela diz— Estava indo embora? — ela pergunta e eu nego com a cabeça. Puxo a cadeira para ela se sentar e sento em sua frente
— Quanto cavalheirismo
— Sou um cavalheiro
— Não achei de grande cavalheirismo da sua parte ter sido um come e some — ela diz e eu até ficaria mais ofendido e me defenderia mas ela veste um cropped branco com olhos estampados que provavelmente foram desenhados por ela, eu reconheceria esses traços em qualquer lugar, uma mini saia jeans uma jaqueta de couro preta por cima e um coturno preto de salto. E claro, ela está linda para caralho, mal consigo prestar atenção em uma só palavra do que ela diz
— O casal deseja algo? — um garçom pergunta vindo até nos com um cardápio
— Preferiria estar morta do que namorar ele, mas desejo sim
— Ela preferiria estar morta do que me namorar
— Perdão o engano, O que seria senhorita?
— Ela quer donuts de chocolate — digo antes dela abrir a boca e o garçom anota saindo de perto
— Gostaria de dizer que só vim aqui porque Hanna disse que seria bom te contar meu ponto de vista, não tem nada a ver com você — ela diz. Hanna, claro
— Hanna sua colega de quarto? — pergunto mesmo sabendo de quem ela está falando
— Ela mesmo, vamos pular o papinho furado, você queria conversar não queria? confirmo com a cabeça.
Não me enganei, ela está diferente sim.
— Eu era apaixonada por você, idiota? Eu sei! Mas eu era — ela diz e caramba. Como ela acha aquilo idiota? Eu amava essa garota, acho que eu que sou um idiota, não por amar, mas por sumir sem explicação nenhuma. Só fui na casa dela ontem por causa de um sonho, um sonho o qual Cliff me descia a porrada por eu ter partido o coração da irmãzinha dele — E quando você me beijou na frente do Cliff no meu aniversário . . . — ela olha pra cima gesticulando com as mãos. O brilho nos olhos dela é nítido. Você ainda é apaixonada por mim Alana? — eu sei que foi só para irritar ele — não, não foi — mas eu criei esperanças, e então a gente teve aquela noite e . . . Nossa! Meu irmão ficaria furioso com você se soubesse que você comeu a irmãzinha dele e que foi a primeira pessoa a fazer isso. — Eu tirei a virgindade de Alana Burton? — E ficaria mais furioso ainda de saber que não signifiquei nada para você além de uma provocação a ele. Depois que ele morreu, você não quis mais saber de mim. Eu não precisava só de um amigo, eu precisava do garoto que eu amava, e porra eu te amava, mas tanto faz agora— Ela diz tentando não chorar quando fala do Cliff, é perceptível, e eu faço a mesma coisa.
