Primeiro capítulo

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Pedro

Sinto uma luz forte batendo no meu rosto, começo a me mexer nos meus lençóis. Parece que dormi apenas um minuto. Me levanto em direção ao meu banheiro e me olho no espelho

- Que decadência!- falo. Meu rosto está todo amaçado e meu cabelo parece um ninho. Sem falar no bafo de cachaça que emana de mim.

Ontem foi a recepção dos novos residentes e eu conheci meus novos amigos e depois do coquetel resolvemos ir num bar que fica enfrente ao hospital e bebemos como velhos conhecidos. Foi excelente! Eu até então tinha bebido poucas vezes na vida, acho que por isso parece que eu bebi todo depósito de bebidas do Rio de Janeiro.
      Escovo meus dentes e olho a hora no meu celular.

04:40 AM

Ao mesmo acordei no horário, já que devo estar no hospital às 06:00 AM. Isso porque eu cheguei em casa às 23:00 da noite.

Desço as escadas e vou em direção a cozinha. Essa casa que eu estou morando é um imóvel da minha vó, de acordo com ela, essa casa era a que ela morava no tempo da faculdade, antes de ficar rica. Tá tudo um pouco empoeirado ainda, pois eu me mudei na sexta à noite e hoje é segunda. No sábado eu descansei e estudei um pouco sobre o meu PhD e ontem, eu fui para o coquetel e ainda não consegui arrumar nada, e nem sei se irei nos próximos dias.

Eu diria que a cozinha é o lugar mais bagunçado, já que eu fiquei fora todos os dias desde que vim para cá. Resolvo subir para tomar meu banho e me arrumar, e deixo pra comer na rua.

Meu pai queria que eu ficasse na casa dele e da minha mãe, mas eu queria um lugar só meu para que eu possa receber meus amigos a vontade e também um pouco mais de privacidade.

Meu pai, a pessoa que eu mais admiro, Henrique Vasconcelos. Ele é o CEO da rede de hospitais fundada pelo meu avô, mas a grande paixão dele sempre foi a cirurgia. Quando ele tem tempo, sempre dá uma fugidinha para o centro cirúrgico. O casamento dele com a minha mãe sempre foi estranho aos meus olhos. Lembro de quando eu era pequeno e eu dormia no quarto com meu pai e ela dormia no outro quarto. Mas depois eu percebi que era algo da minha cabeça. Todos dizem que eu sou a cópia dele.

Minha mãe, Adriana Vasconcelos. Sua personalidade é um pouco fútil. É formada em medicina, mas desde que engravidou de mim que ela decidiu se afastar e nunca mais exerceu a profissão. Na realidade, ela nunca trabalhou de fato como médica, já que ela engravidou de mim no meio do curso de medicina. Ela fala que nunca sonhou em ser médica, e sim em ser arquiteta. Mas os pais dela, meus avós eram conservadores e queriam que a filha seguisse a profissão deles.

Minha vó, Ana Vasconcelos. É a pessoa mais amável do mundo. Ela era enfermeira e foi assim que conheçeu meu avô e logo depois engravidou do meu pai, seu único filho. Já meu avô, Antônio Vasconcelos, é um homem frio e observador. Ele sempre me tratou com indiferença e sempre me obrigou a fazer tudo que ele queria. Inclusive a faculdade de medicina, por mais que eu iria cursar medicina a qualquer custo, a pressão que ele pôs em cima de mim foi gigantesca, a ponto de eu desenvolver ansiedade para passar no vestibular e estudar na mesma faculdade que ele e meu pai estudaram.

Saio de casa e tranco a porta, e caminho em direção ao meu carro. Não entendo muito de carros, mas sei que o meu é um carro caro já que foi minha mãe que me deu.

Meu bairro é bem pacífico e calmo, algo que é difícil em uma cidade grande como o Rio. A única desvantagem é que é um pouco longe do hospital, o que me faz estar um pouco atrasado para o meu primeiro dia, por mais que eu seja o herdeiro do hospital, ninguém sabe e eu não quero que eles achem que eu tenho vantagem, até porque tendo o pai que tenho, vantagem é algo que eu não vou ter Sei que por mais cuidadoso e protetor que ele seja, ele não vai ter pena em pegar pesado comigo.

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