Franca, boa e bela

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— Então, por onde nós vamos começar? — ouvi Sakura perguntar quando me sentei na escrivaninha da sala.

— Talvez pelas redes sociais — respondi, já abrindo a aba de pesquisa no meu notebook — Acho que será bem mais fácil se procurarmos por seu nome no Instagram ou Facebook.

— É uma boa ideia... — seu tom levemente desapontado me fez virar para encará-la.

— Qual é o problema? — perguntei e a vi passar as mãos de forma ansiosa pelo cabelo cor de rosa.

— Bom, é que eu não lembro o meu sobrenome — ela respondeu, e pela sua expressão assustada, percebi a espera por uma reação negativa da minha parte.

— Não tem problema — menti, contendo minha completa chateação. Afinal, eu queria resolver nossa situação o mais rápido possível. — Nós podemos procurar apenas pelo primeiro nome — voltando a atenção para a tela do computador, digitei o nome de Sakura e cliquei em pesquisar.

Para a minha infelicidade, apareceram várias Sakuras como resultado da minha pesquisa, e nenhuma delas era o ponto cor de rosa ao meu lado.

— Acho que isso não vai dar certo, porque meu nome é bem comum — quando sua voz ressoou colada ao meu ouvido, cada músculo do meu corpo ficou tenso.

Sakura estava tão próxima do meu rosto que alguns fios róseos poderiam tocar minha bochecha se fosse possível. Além disso, o cheiro dela alcançava tão fortemente o meu olfato que era como se eu não estivesse mais inspirando oxigênio e sim ela.

— Então... — pigarreei realmente desconcertado com essa aproximação repentina — É melhor tentarmos outra coisa.

Sakura ficou ereta e respirou profundamente antes de se jogar de forma desleixada no sofá. Com as mãos cobrindo o rosto, ela resmungou palavras desconexas, o que foi engraçado.

— Alguma ideia? — ela perguntou, jogando os braços ao lado do corpo ao me encarar.

— Você não lembra de nada? Família, amigos, emprego? — recebi uma negativa como resposta, o que me fez bufar. Me perguntei se valia a pena continuar com essa ideia — Qual é a última coisa que você lembra?

Sakura se sentou com as pernas cruzadas, adquirindo uma expressão que eu não conseguiria descreve mesmo se quisesse. À princípio, pensei que ela estava com raiva, mas quando seus olhos esmeraldinos me encararam, percebi a tristeza refletida neles.

Me afogar — ela respondeu e sustentou seu olhar no meu com dificuldade.

A resposta fez um calafrio percorrer minha espinha quando projetei a sensação de afogamento. Era terrível!

Me lembrava de ter me afogado uma vez na infância, e o desespero pela busca de oxigênio fez com que eu nunca entrasse em uma piscina novamente. Assim como, colocar afogamento na minha lista de possíveis causas de morte que eu deveria evitar, ficando abaixo apenas daquela onde eu morreria queimado.

— Eu sinto muito — consegui dizer quando Sakura desviou a atenção para as mãos juntas em seu colo.

— Tudo bem, já passou — ela forçou um sorriso que parecia uma tentativa de me confortar sobre a situação dela. Quanta empatia.

— Acho melhor tentarmos outra abordagem — mudei de assunto ao seguir para o sofá, sentando-me ao lado dela — Talvez, se nós conversarmos, você lembre de alguma coisa.

Se Sakura me conhecesse, ela saberia que eu realmente estava determinado a ajudá-la. Porque conversar era o último item da minha lista de coisas que eu costumava fazer e gostar.

Amor em outro plano - SASUSAKU Onde histórias criam vida. Descubra agora