𝚂𝚎𝚌𝚛𝚎𝚝 𝙱𝚞𝚝𝚝𝚎𝚛𝚏𝚕𝚒𝚎𝚜

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Lauren Jauregui: Me ensine o errado do certo e eu lhe mostrarei o que eu posso ser, diga por mim, diga para mim e eu deixarei essa vida para trás, diga se valerá a pena me salvar.

Três anos depois da tragédia de Cape May.

Olhos castanho-escuros, sem vida, estavam fixados no espelho, revelando uma expressão de dor e desespero. O rosto, marcado pelas lágrimas, apresentava bochechas que já foram rubras, especialmente quando ela proferia palavras que faziam seu coração vacilar. No entanto, naquele momento, estavam pálidas, desidratadas e cheias de frustração, irritação e tristeza. Desejava entender por que o destino havia sido tão implacável com ela, por que a havia afastado de si mesma.

em seco, ela fungou, a saliva escorrendo vagarosamente pela garganta. Apressou-se em secar as lágrimas que teimavam em cair ao recordar os beijos, lembrando-se de como Lauren sussurrava em seu ouvido que a protegeria antes de dormir, acariciando seus ombros e seus longos cabelos castanhos, envolvendo-a em seu calor. Com um sorriso nos lábios, a lembrança de sua natureza protetora a envolvia; ela sempre se aventurava, e talvez esse tenha sido seu maior erro... amar demais, proteger em excesso, arriscar-se por alguém que não compartilhava da mesma coragem e força que ela. Essa era a raiz do problema das expectativas: querer do outro o mesmo retorno por toda a dedicação oferecida.

- Droga! – lamentou, mordendo os lábios cheios e apertando os olhos com força numa tentativa desesperada de reter as lágrimas. – Sua idiota, Camila! Você é uma imbecil! Burra e estúpida!

Camila foi interrompida em seu momento ao ouvir um barulho vindo da porta; era a voz preocupada de sua mãe, chamando-a sem cessar. A refeição que ela segurava era a sua favorita: Ropa Vieja, um prato cubano típico que combina carne bovina ensopada, feijão, arroz e salada.

Talvez isso a encoraje a retomar a alimentação.

- O que você quer? – Camila resmungou com amargura, exalando profundamente para dissipar as lágrimas que ainda teimavam em ser visíveis, lutando para não deixar a raiva tomar conta dela. – Já disse que não quero.

- Mi hija, você precisa comer. – A latina soltou uma risada sem alegria nenhuma; ouvir aquelas palavras era o suficiente para que a tristeza a invadisse novamente.

- Eu não quero comer nada, me deixe sozinha. Por favor, vá embora.

- Não irei a lugar nenhum enquanto você não comer pelo menos um pouquinho. – A mulher insistiu, girando a maçaneta. – Posso entrar? Eu trouxe o seu prato favorito.

- Por favor pare... – Pediu tocando sua têmpora magoada.

– Estou tentando ajudar.

Aquelas palavras foram suficientes para chamar a atenção da jovem, que rapidamente se levantou do colchão e, ainda vestindo seu pijama, abriu a porta com brusquidão, revelando seus olhos avermelhados e pesados após noites horríveis. Sinuhe se assustou por um instante com o movimento repentino, deparando-se de frente com Camila.

- Você poderia me ajudar? Comece me explicando por que você se aliou a toda essa confusão. Por que você fez isso comigo? Posso até entender que ele agisse dessa forma, mas você? – a latina desabafou de uma vez, sem se importar com o prato bem disposto que tinha nas mãos.

Sinuhe fez uma respiração profunda ao enxergá-la em tamanha devastação diante dele..

- Você é uma adolescente e não irá entender isso... agora encare isso como uma nova oportunidade para seus estudos e sonhos, você não queria estudar e se especializar em lepidopterologia? Seu pai tem contatos de pessoas importantes e cientistas aqui em Nova York que vão te ajudar a se formar mais rápido.

TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora