𝐒𝐎𝐋𝐈𝐓𝐔𝐃𝐄 • Alucard T.

ılı﹑ৎ୭﹒𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀𝐃𝐎𝐍𝐍𝐀﹑ılı

Despertei em um lugar escuro e frio... Aos fundos pude ouvir a voz de Trantoul... Havia uma pequena janela naquele quarto úmido, não pude deixar de correr para observar o lado de fora de onde eu estava...

A visão que tive me deixou apavorada... Não tinha nada além de uma enorme floresta... Ao que meus olhos via, eu estava em um castelo.

Ainda desnorteada, me lembrava aos poucos da noite passada... Ou seja lá quantas noites e dias haviam se passado... Meu pescoço ainda doía, também sentia algo dentro de mim, algo maligno...

O lado de fora do quarto era tão silencioso que chegava a ser apavorante... A porta se mantinha fechada, enquanto tentei milhares de vezes abrir aquela porta que me aprisionava naquele cômodo estreito e molhado... Meu vestido estava todo sujo por ficar deitada no chão por muito tempo...

Eu podia ouvir a voz de Walter ecoar os corredores, o que me fez afastar da porta bruscamente.

— Ao que parece, nossa convidada está despertada... - Walter disse entrando no cômodo...

"Selada com magia, óbvio." Pensei enquanto observava o ruivo se aproximar aos poucos.

Walter olhou para mim e gargalhou, fazendo os guardas acompanharem ele na risada... Aquilo me fez começar a rezar incessantemente, mesmo mentalmente...

Os olhos vermelhos penetrantes dele, aprofundam em meu olhar como estacas no peito de alguém... Intimidante, mas esbelto.

— Onde está Sara?
— A noiva do Belmont?... Está em outro lugar.
— Você a matou?
— Não!... Ainda não.

Walter se ajoelhou na minha frente, segurando levemente meu queixo em sua mão, ele aproximou seu rosto e deixou um beijo suave em meus lábios, era gentil e doce também.

— Não tenha medo... Querida Anastasia, você não é meu alvo... Sinto muito que esteja aqui, mas era necessário... Você vai entender.
— Como poderei entender algo tão...
— Tão absurdo?... Eu sei que não vai entender, Anastasia... Mas tenha paciência, querida.

Ele passava gentilmente o polegar na minha bochecha, aqueles olhos carmesim era difíceis de resistir... Walter era um homem assustadoramente encantador... Isso me deixava horrorizada.

— Lady... Lady Anastasia... O que eu fiz por você...
— Você me transformou em uma de você...
— E agradeça-me, você estava com uma doença terminal, Anastasia...
— O que?...

Walter se levantou, me ajudando a levantar também, ele olhava no fundo dos meus olhos, seu semblante era sério e confiante, ele tinha um leve olhar triste no rosto.

— O cheiro do seu sangue... Estava corrompido, você é uma mulher muito vívida, cheia de vigor... E eu sabia que você não queria morrer.
— E me transformar em uma criatura da noite era a solução pra você?...
— Um dia você vai me agradecer...

Ele saiu do cômodo, me deixando sozinha ali, a porta estava entreaberta, Walter confiaria em mim nesse nível?...

Meu vestido longo, branco e com o tecido fino caíam sobre o chão, eu descia as escadas segurando a barra do vestido com uma mão, estava tudo escuro...

Ouvi uma voz familiar ao descer... Era a de Mathias... Senti meu estômago revirar...

— Sara Trantoul já é uma de nós? - Perguntou Mathias.
— Não, ainda não... Mas Anastasia sim...
— Qual é sua relação com a Brand?
— Não sei ao certo... Ela é uma mulher misteriosa e impressionante.
— Sei muito bem disso, senhor... Você a ama?
— Amar é muito forte, gosto da companhia dela.

Mathias permaneceu quieto, ele olhou na minha direção, fazendo Walter me olhar também, os olhos dele brilhou ao me ver.

— Mathias...
— Anastasia... Bom vê-la saudável.
— Obrigada...

Walter observava atentamente minha resposta fria e intensa, que fazia-me tentar aceitar-me agora da forma que eu sou, uma criatura da noite proibida de ver a luz do sol...

— Se sente bem, Lady Brand? - Perguntou Walter.
— Apenas faminta... Mas sim...

Walter sorriu, esticou seu braço em minha direção, indicando pra mim aproximar dele... Ele olhou intensamente pra mim, as unhas dele que foi para o pulso, percorreu levemente até o pescoço dele... Fazendo um corte um pouco fundo, o sangue que saiu foi tentador...

Lutei contra essa nova vontade, essa sedentaria que me deixaria insana um dia... Mas não pude... O olhar de Walter me permitia, ele até virou o rosto, fazendo-me focar naquele machucado sangrento do pescoço dele...

Mathias se retirou logo em seguida, deixando somente eu e Walter no hall daquele castelo imenso.

Me aproximei de Walter, ataquei o pescoço dele como uma besta selvagem, ouvi suspiros vindo daquele homem, meu vestido branco, logo se tornou vermelho-sangue... Walter possui um sangue extremamente poderoso, me enfeitiçava para o pecado.

O pouco de lucidez que me restou, empurrei Walter, que me olhou curioso, meus lábios estava sujo de sangue, minhas mãos, ensanguentadas... Sentia-me um monstro, meus suspiros era forte, eu estava em pânico... Olhei para Walter e me afastei aos poucos... E assim,  corri para o quarto.

Eu não sou assim, não sou uma sanguessuga.