Imagine Diversos 1

Ar frio- Cristiano Ronaldo

As luzes da cidade passaram pelo seu carro enquanto você se dirigia para o clube. O Mundial estava a todo vapor e, hoje, Portugal venceu a Suíça por cinco gols. Você torceu o nariz. Portugal. Por melhor que fossem um time, qualquer menção ao seu time, e principalmente a um determinado jogador, deixava um gosto ruim na língua.

Não era como se você não amasse Ronaldo. Você fez... bem, você o amou em algum momento. Meses atrás você tinha certeza de que seu relacionamento duraria para sempre; vocês moravam juntos, iam com ele aos eventos dele e até tinham certeza de que uma vez viram um anel de noivado na bolsa dele. Tudo isso foi resolvido em segundos graças ao telefone desbloqueado de Ronaldo e a alguns DMs do Instagram.

Em poucos dias, você saiu da casa que compartilhava e foi para um apartamento longe de Manchester. Ronaldo concordou em pagar o primeiro ano de seu aluguel em troca de você não divulgar publicamente sua infidelidade, mas você seguiu o caminho certo. Você não precisava da ajuda dele e, depois do que ele fez com você, decidiu que não queria mais ter nenhuma ligação com ele. Já basta.

Mas aqui estava você, no Catar, no dia em que o time dele derrotou os suíços.

Seu telefone vibrou e você o tirou da bolsa.

Vou ter que sair um pouco mais cedo esta noite, Emi mandou uma mensagem para você.

O que? Por que?

O treinador quer que durmamos pelo menos oito horas antes de algum treino extra pela manhã. Ele explicou: Estou livre para fazer o que você quiser amanhã à noite.

Você gemeu e caiu de volta no banco do carro. Ótimo. Simplesmente ótimo. A única razão pela qual você foi a este clube foi para comemorar o aniversário da amiga da Emi, que você nunca conheceu. Na verdade, você quase não conhecia ninguém da equipe dele. Você passou tanto tempo em Portugal e no Manchester United que não conheceu nenhum dos outros times. Além disso, você só estava saindo com Emi há alguns meses.

"É isso?" seu motorista perguntou.

"Sim, é isso", você suspirou. O ar frio da noite causou arrepios em sua pele assim que você abriu a porta. Foi revigorante e distraiu brevemente sua mente do constrangimento que o esperava lá dentro.

O segurança abriu a corda quando você se aproximou. O exterior do clube era iluminado por luzes LED, convidando as pessoas a se aventurarem lá dentro. Uma grande multidão se reuniu do lado de fora, atraída pela possibilidade de ver pessoalmente um jogador de futebol de classe mundial. Eles observaram você quando você entrou no prédio. Quem você era? E por que você estava aqui?

O interior do bar era tão exuberante e luminoso quanto o exterior. A única diferença era o número de pessoas amontoadas dentro de suas paredes. Os corpos estavam pressionados uns contra os outros, movendo-se ao som da música que saía dos alto-falantes. Dois bartenders preparavam bebidas apressadamente para a multidão crescente. Eles foram instruídos a priorizar os jogadores de futebol e atendê-los primeiro, mas estavam lutando para atender a essa demanda.

Você examinou a multidão de pessoas. Um ou dois homens próximos a você pareciam familiares, mas as luzes estavam fracas o suficiente para que você não conseguisse distinguir as pessoas à distância. Suas formas se fundiram em uma massa oscilante.

Pessoa após pessoa esbarrou e empurrou você (seja por acidente ou de propósito, você não sabia) enquanto você se dirigia ao bar. Certamente havia muitas pessoas no clube para estar seguro, mas ninguém prestou atenção. Eles estavam todos se divertindo. Você era a personificação ambulante do pavor.

Você puxou a ponta do seu vestido. Não era seu - a namorada de um dos jogadores te emprestou - e também não era exatamente do seu gosto. A cor estava errada e caía desajeitadamente em suas coxas. Qualquer pessoa que conhecesse você saberia que o vestido não foi sua primeira escolha.