Apology

Ato II-Uma rotina extravagante

ATO 2- Uma rotina extravagante---Algum tempo se passou após o ocorrido entre eu e ela, eu continuei morando em sua casa, mas ainda não achei emprego, então tudo que eu faço é apenas ficar deitado no chão e jogado de bruços na grade da varanda---"Mais um dia, mais um dia monótono, aonde não tem nada pra fazer, além de existir até o dia acabar, até sinto saudades de ser um empregado sem vida que o único propósito era virar hamburgueres e ficar com enjoo, de fritura", Me pego pensativo na varanda vendo as pessoas na calçada circulando de cá pra lá, meu momento de reflexão acaba com os passos de minha companheira de casa descendo as escadas."Ainda não sei se vou ou se fico, afinal... é seguro ficar debaixo do mesmo teto da pessoa que fez isso em mim?", puxo a gola da camisa pro lado encarando a cicatriz da mordida dela na minha clavicula, as marcas dos caninos ainda são bem fundos, eles quase atravessaram totalmente meu corpo, mas graças à minha temperatura corporal bem alta, o sangramento estancou rapidamente porque me cauterizei;"Mas também ao mesmo tempo isso é graças que eu fui rude com ela, então talvez se eu man..." meu monólogo interno é interrompido pq sinto um beliscão na minha orelha de leve.-Bom dia Hide, como se sente hoje?-A Cris me pergunta ainda meio sonolenta e com o cabelo bagunçado.-Bom dia Cris, cada dia mais miserável, obrigado por perguntar;-A não fica assim, vem aqui pra mim- ela abre os braços pra mim oferecendo um abraço, seria um babaca se recusasse né?.Ela me dá abraços bem, sufocantes eu diria, mesmo ela grogue de sono ainda, seu lado canino me aperta muito forte, to começando a suspeitar que ela tá mais pra parte leoa do que parte loba.Mas tem algo diferente no seu rosto, quer dizer, algo além dos chifres e das orelhas pontudas;-Aconteceu alguma coisa Cris?Por que do tapa-olho?.---Ela deixa o abraço mais frouxo e apoia a cabeça no meu peito, deve ta achando q sou seu travesseiro ainda, até esqueceu dos seus chifres que ficam escorando meu queixo----Isso é porque eu acordei com uma dor no olho hoje, e percebi que é por causa da luz, então quero descansar ele por hoje-ela balança a cabeça no meu peito procurando ficar mais comfortável e suspira;-Tem alguma coisa haver com a hipnose? já que seus olhos brilham quando você usa, se quiser posso tentar dar uma olhada pra ajudar;-Não, não tem haver... e não se preocupe com meu olho, logo passa.Concordo em silêncio tentando desgrudar ela de mim, mas mesmo não apertando forte e sonolenta, ela é mais forte fisicamente do que eu, eu acabo caindo no chão com ela encima das minhas costas."Mas que grude é esse? será que é porque ta frio e ela quer se aquecer?que pentelha" penso comigo mesmo, e sem escolhas eu me levanto com ela nas minhas costas, como se fosse um cavalinho, tento tombar ela mas ela continua encima como um carrapato;-Hmpft, okay, você venceu, eu te levo na minha costas até a cozinha pra tomar café, feliz?.Ela murmura algumas palavras que não entendo, deve tá sonhando com algo ainda, então vou em direção da cozinha com a Cris.---No caminho até a cozinha ela fica fazendo barulhos que não consigo distinguir bem, parece bocejos com rosnados, é até meio fofo---Quando eu menos noto ela ta mastigando o exato local que ela me mordeu antes, mas não são mordidas de dor, é mais um aperto mesmo;-Ei, eu não sou seu brinquedo de morder, eu hein, já faço seu café da manhã, se comporte, cadela- essa última palavra eu falo na maldade pra ver se ela acorda duma vez.A resposta dela após ouvir isso, ela bota mais pressão na mordida, mas não que nem aquela vez, agora é só pra causar desconforto mesmo, então ela solta as presas de mim e pula se sentando nos meus ombros, apertando minha nuca com as coxas e puxando meu cabelo;-QUEM VOCÊ TA CHAMANDO DE CADELA? TRASTE, MALDITO, EU VOU RASGAR SUA TRAQUÉIA COM MEUS DENTES;- Ta ta, se acalme ou não tem café pra você;Ela se acalma, ainda continua sentada nos meus ombros...chegando na bancada da cozinha ela desce e se senta, eu puxo um pote e começo a despejar umas pequenas bolinhas de fogo que deixo guardadas num compartimento embaixo da pia, também puxo um copo pra ela, porque ela me disse que até gostou de beber minhas chamas como um líquido, então eu também te dou um pouco dessa maneira(melhor do que a forma anterior).E essa é a imagem que fica na minha mente todas as manhãs, ela se saboreando com a comida, balançando as orelhas e assoprando bem para não se queimar, e eu a observando de bruços do outro lado da bancada, martelando na minha mente se é assim que é pra ser daqui pra frente mesmo.---Enquanto ela está se saboreando ali na dela, eu pego uma tigela e coloco um pouco de cereal para mim---Ambos tomando café e o seu celular apita, a "garota" que tava pestanejando até agora pouco desperta e dirige a palavra pra mim com certa urgência.-Termine logo seu café Hide, a gente vai para algum lugar agora-enquanto se levanta e pegando a roupa largada encima do sofá;-Por que? Vamos aonde agora em plena manhã?;-Nós vamos para o inferno...;Eu solto minha colher abismado com oque saiu da boca dela agora, e me levanto da bancada caminhando rápido pro lado dela eufórico;-Como assim pro inferno? Tu vai me matar? A minha alma foi vendida por você de alguma forma? Eu sei que eu não acho minha vida movimenta e legal ultimamente, mas eu ainda tenho apego à ela, quero ser mandando pra lá ag---ela tampa minha boca com as mãos;-Calma Hide, a gente vai e volta vivo, eu pelo menos sim, você...talvez;Eu ouço isso vindo dela e não sei como reagir além de ficar perplexo, mas se é pra ir então que seja.Eu coloco meu poncho e ela coloca sua regata com uma calça camuflada, e para irmos para tal reino, ela recita algumas palavras em alto e bom tom A P E R I - I A N U A M - P A T E R---Como a calmaria antes da tempestade, ela diz essas palavras e nada acontece, mas logo...o chão por debaixo de nós abre uma fissura em formato de boca que nos engole para dentro---Mal deu tempo de piscar, de repente eu estava em outro lugar, aonde eu não consigo enxergar o céu e com uma iluminação forte de tochas, e no epicentro desse cenário, um trono no meio desse espaço, com 2 entidades que não consigo identificar porque estão muito longe, no momento, porque elas levantam do trono e caminham em nossa direção.Um senhor de de uma longa barba azul e uma senhora que tinha as mesmas orelhas da Cris, então não demorou muito pra entender oque fazemos aqui;-Filhinha querida, minha cachorrinha, há quanto tempo, nem pensa mais em visitar seus pais-o senhor q tinha uma postura tão intimidadora derepente fica carinhoso e avançando na sua filha dando um abraço de urso e fazendo cócegas com a barba no rosto dela, e a Cris tentando se debater, mas sem sucesso;"Agora eu sei de quem ela puxou o grude"penso comigo mesmo, e quando eu viro para observar sua mãe, ela me olha diretamente na alma, com uma encarada tão penetrante, que a minha mente se inunda apenas com um pensamento "SE AJOELHE, SE AJOELHE, SE AJOELHE, SE AJOELHE, SE AJOELHE...".Agora ajoelhado e de cabeça baixa, eu apenas espero o momento família acabar, sinto medo genuíno de atrapalhar tal reencontro.---O abraço sufocante acaba e a Cris tira um tempo para recuperar o fôlego, depois que ela se recompõe ela me dá um tapinha na costa com um riso bobo----Pode se levantar já, eu acho que não é hoje que você vai morrer por eles, se fosse iria antes mesmo deles me cumprimentarem;-Haha... me sinto mais aliviado acho- me tremendo um pouco eu me levanto e evitando olhar para eles diretamente.Os dois senhores respiram fundo e começam a dialogar com a gente;-Então você é o "fornecedor" da nossa filha-a senhora diz de forma rispida;-Sim, senhora- indireito minha postura e falo em alto e bom tom como se estivesse no exército;-E você acha isso bonito?Fazer ela engolir algo que sai diretamente de tu?;-Perdão, senhora, eu não penso nesse lado, por favor não faça parecer estranho;-NÃO FAÇA PARECER ESTRANHO?-o senhor perde a postura e interrompe a sua mulher vindo à mim;Ele agarra minha mandibula e me levanta e a sua voz vira um estrondo como se parecesse um trovão;-APÓS ANOS A MINHA FILHA RECUPERA OS PODERES E UMA DAS MEMÓRIAS DELA QUE VIMOS É VOCÊ FORÇADAMENTE FAZENDO ELA DE REFÉM DE SUA RAIVA, ENTENDA SEU LUGAR, NÃO É TU QUE DECIDE OQUE SE PARECE OQUE NESSA CONVERSA, É A GENTE, AGORA, ESTEJA PRONTO PARA PAGAR O PERDÃO DELA COM A SUA VIDA;---Não tenho forças no momento, sem concentração para fazer qualquer coisa agora, é assim que acaba pra mim então?---A Cris interrompe o pai dela dando um golpe no seu pulso, fazendo ele me soltar, e ela me segura da queda com jeito para que não me machuque;-Se acalme pai, não precisa ser assim, eu trouxe ele aqui porque eu sei que você faria um pacto com ele, mas pelo menos explique para o pobre coitado;O clima muda de imensa ameaça para os 2 senhores rindo do meu desespero e a Cris me dando apoio até eu conseguir ficar de pé novamente;-hahahahahah, Kytara, a carinha de medo dele foi impagável;-Foi mesmo, Ragnar, me surpreende ele não ter se borrado todo, hahahhaha;-Fazem anos que não me divirto intimidando alguém, ultimamente poucas pessoas se aproximam da gente;-Perdoe meu marido, Hide, mas a gente pensou nisso desde antes mesmo da gente chamar vocês aqui;-Diboa, senhora Kytara, já passou sinceramente- disse isso querendo parecer bem, mas na verdade a sensação ainda continua em mim;-Mas oque eu disse no final é verdade- o ar caloroso de piada se cessa para um ar de seriedade- você pagará o perdão da minha filha com sua vida;-Ahnnnn, eu meio que já prometi minha vida à ela, mas se tiver sei lá, um jeito oficial de definir isso, eu topo...---Eles começam a caminhar até nós, e ela coloca a sua mão sobre o olho tampado da filha---Kytara tira o tapa-olho da Cris e revela que seu olho mostra um branco quase absoluto, como se mal tivesse cor a sua íris.-Entendo, dor de olho?-olho pra ela meio duvidoso;-Eu ia te contar cedo ou tarde, mas eles me chamaram muito rápido, achei que iam demorar para querer te conhecer;-Hide, esse olho especial de nossa filha, é uma ligação que ela tem com a gente, graças à ele, a gente consegue manter contato com ela independente da onde, e graças ao senhorito, ela voltou a despertar esse poder, somos devidamente gratos-o Ragnar bota as 2 mãos nos meus ombros e encarando a mordida no meu corpo-hmm, ela tem os mesmos impulsos agressivos da mãe, hahahah;Ele toma uma cotovelada da Kytara na costela que faz ele parar de rir;-Perdão amor, não me contive;-Só fica quieto seu velho, e faz logo o pacto...-ela vira o rosto claramente emburrada;Dito isso, a sua mão que antes, tinha me agarrado tão violentamente, estava sobre meu olho, e eu estava sentido algo...estranho?Era pontudo, causava desconforto e de repente, senti uma dor insuportável, o meu corpo reagiu impulsivamente sobre o contato dele, e sai uma alta chama do meu olho, tentando queimar e afastar a mão do Ragnar, mas ele continua me segurando como se fosse nada, nem com o calor ele se incomoda.Em meio aos meus gritos, a minha própria pele em volta do olho começa a queimar, e então, ele me solta e me fala uma ordem simples;-Agora, olhe diretamente para a Cris, Hide.---Metade da minha visão estava nublada, como se tivesse ficado cego, mas ao olhar a Cris, eu recebo uma onda de informações---Só consigo ficar em silêncio recebendo ela toda, e aos poucos a Cris vai se tornando uma imagem minha, então eu noto que, aquele olho tocado ficou totalmente preto, com apenas um ponto branco no meio, instintivamente eu estico meu braço ao "meu rosto" e me toco;-Ei, sou eu ainda, a Cris, logo logo tu vai perceber;Sai uma voz feminina daquela imagem minha que estava visualizando, e aos poucos ela vai desaparecendo também, voltando à Cris;-Então eu estava me enxergando pelos seus olhos, isso?- tiro minha mão da sua bochecha;-Exatamente isso, ainda bem que você entende rápido;-Caralho, eu to acabado e agora com uma queimadura feia que pega uma boa parte do rosto, to fudido...---De repente eu sinto meu corpo bambo e minha mente nublada, não sei como sair disso, então eu só caio no chão com os olhos serrados---A minha vista tava embaçada, o som abafado, eu só conseguia perceber que a Cris tava falando com seus pais, mas não sei oque nem o porque, então desisti de resistir e apaguei de vez....Após isso não sei quanto tempo se passou, nem aonde eu estou, então o melhor pra descobrir isso é abrindo os olhos...e eu não consigo enxergar nada além de, pelos?;-Que que é isso na minha cara?-falo meio fraco ainda;-Oi Hide, você finalmente acordou-era a Cris, e a sua, cauda?;-Por que você tava com o rabo na minha cara hein-eu noto que também to no colo dela e fico meio vermelho-eu morri pra ter uma Cris tão bondosa cuidando de mim?Ela se irrita e volta a abanar a cauda na minha cara e cutucar minha barriga com as garras;-Você me agradece por tirar você de lá me xingando? seu ingrato, eu tava coçando seu nariz pra ver se acordava mais fácil;-Aiaiaiaiai, calma lá, eu vou espirrar assim, pega leve, aiaiaiai;Isso continuou por um bom tempo ela pinicando minha cara e arranhando minha barriga, até que ela se cansou, mas não fiz questão de sair do seu colo;-Sai de cima de mim ow, ta dormente minhas pernas já;-Ah, eu não quero, tá bem confortável pra falar a real;Ela suspira pesadamente-Tabom, fique aí seu mala;-Mas afinal, agora que eu tenho isso-coloco a mão na frente do meu olho queimado-Isso muda algo em nossas vidas?-Talvez sim, Talvez não, nem eu sei, vamos descobrir no futuro;Assim como de forma inusitada, o nosso dia também acabou de forma inusitada, não sabemos dizer se isso vai ser bom ou ruim para a gente, mas isso só o tempo dirá...FIM DO ATO 2