prologo;

27 6 30
                                    

Luka Madows

— Todos de pé. — ordenou o senhor Kayled, o promotor. — Estamos aqui hoje para julgamento do caso 4587, artigo 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. — quando ele fechou a maldita boca, o juiz entrou na sala.

— Todos sentados. — seus olhos recaíram sobre mim. - Angelo Luka Madows. Onde você se meteu, hein rapaz?! — balançou a cabeça negativamente. — Vamos começar. — bateu o martelo.

Podia sentir o olhar da mãe de May sobre mim. Ela me odeia. E tudo bem, no seu lugar eu também me odiaria, porém seu ódio não era por eu ter causado o acidente de seu marido, e sim por sua filha não ter morrido junto a ele. Ela é uma vadia.

— Meritíssimo, o réu planejou o assasinato de Robert Snow no dia 21 de maio de 2020. O próprio confessou e afirmou que causou o acidente propositalmente. A filha do falecido quase morreu junto a sua vingança patética. — cuspiu rudemente, me encarando. — Eu proponho pena máxima junto a indenização e serviço comunitário. Além de ser julgado pela tentativa de homicídio a Beatrice Snow. — seu rosto continha um sorriso vitorioso nos lábios. Era isso que ela queria; me ver no fundo do poço.

— Objeção, meritíssimo. — meu advogado contestou.

— Objeção aceita.

— A Senhora Snow nem deveria estar nessa audiência como advogada. O seu envolvimento com o caso é muito pessoal. — o rosto da víbora estava vermelho de raiva. — Continuando, meu cliente confessou ter planejado o acidente de Robert Snow, mas em momento algum planejou matar a filha dele. Então a acusação feita de forma equivocada pela Senhora Snow é totalmente nula. Meu cliente salientou que, no dia do atentado, não planejava em momento algum matar Robert Snow, então meu cliente deve ser julgado por homicídio culposo.

— Objeção! — a vaca louca praticamente gritou. O juiz fez um gesto para ela continuar. — Tenho uma testemunha. — falou de repente. — Ela estava lá no momento do acidente e passou tempo suficiente com o réu para comprovar que ele é uma pessoa instável e violenta. — meus olhos arregalaram. Ela não faria isso comigo. Faria? — Posso chamá-la? — droga.

— Prossiga. — foi tudo que ele disse.

— Chamo a júri Mary Beatrice Snow. — a desgraçada disse isso olhando em meus olhos. O choque de todo tribunal era evidente. Todo mundo sabia da nossa relação. Era praticamente impossível May depor contra mim. Ao menos eu achava que era.

Quando ela entrou, meu corpo inteiro se enrijeceu. O efeito que ela causa em mim ainda é o mesmo. Seus olhos azuis me encararam por alguns segundos, mas logo desviaram sua atenção. Ela estava linda, como sempre. Usava uma calça preta, blazer da mesma cor e camiseta branca. Nos pés usava um salto, também preto. Seus cabelos estavam soltos ao redor dos ombros e colo.

— Senhorita Snow, jura por sua honra dizer a verdade e nada além da verdade? — falou o promotor, virando-se para ela.

— Juro por minha honra proferir a verdade e nada além da verdade. — sua voz era fraca, doída. Como se fosse um sacrifício falar. Seus lindos olhos estavam cheios de lágrimas e me evitavam a todo custo. Era óbvio que ela não queria estar ali.

— Senhorita Snow, qual é, ou era, a sua relação com o réu? — a mãe dela perguntou. Seus olhos recaíram sobre mim por alguns segundos e só consegui ver dor neles.

— Namoramos por alguns meses. — sua voz saiu baixa, incerta.

— Antes ou depois de saber que ele foi o responsável pela morte de seu pai? — uma lágrima solitária desceu sob seu rosto, que ela logo limpou.

Caso 4587: Uma História De SobreviventesOnde histórias criam vida. Descubra agora