03. É Um Recomeço

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Lee Know

  

  

Dei uma boa olhada nos cômodos enquanto Lee Minho conversava com o filho dos nossos vizinhos. Encontrei um violão antigo e bem empoeirado que eu sabia ter pertencido ao nosso pai e fiquei uns bons minutos encarando o intrumento antes de decidir limpar a camada grossa de poeira.


— De onde você tirou esse violão? — Não consegui evitar revirar os olhos ao ouvir a voz do meu irmão.


— Eu achei no antigo escritório, parece estar bom, só está um pouco empoeirado. — Dei de ombros, voltando a passar o pano no instrumento.


— Por que está limpando se você nem ao menos toca? — Arqueou uma sobrancelha e eu franzi o nariz, sentindo a enxaqueca aumentar assim como o incômodo por não conseguir ficar sozinho.


— Eu sei tocar guitarra, tocar violão não é muito diferente. — Sorri grandiosamente, pensando na melodia suave que poderia arrancar do velho instrumento.


— Bem que você poderia me ensinar, hum? — Se sentou na beira da cama.


— Para ajudar na sua bad todas as vezes que zombarem de você no colégio? — Ri e neguei com a cabeça. — Acho melhor não. Não quero alguém triste e melancólico tocando música de sofrência. Não esquece que estamos dividindo o mesmo quarto. — O provoquei um pouco, sabendo que sua vontade aumentaria.


— Por pouco tempo! Logo a mamãe vai reformar o seu e estarei livre de sua presença e frieza. — Revirou os olhos e se jogou de costas na cama, fazendo uma careta quando a poeira impregnada o envolveu.


— Eu prefiro ser assim do que ser um bebê chorão. — Sorri falso e apoiei o violão na parede.


— Vai me ensinar a tocar ou não? — Bufou e e voltou a se sentar.


— Eu posso tentar te ensinar se você melhorar um pouco na aparência. Veja isso como uma caridade, um ato de bondade da minha parte.


— Isso é uma condição?


— Eu não faço nada de graça, você sabe. — Deu de ombros. — Quero parar de passar vergonha por conta do meu gêmeo deslocado.


"E parar de ter que correr atrás para evitar o pior." Completei em minha própria mente.


— Para a sua informação, eu já prometi a Jeongin que o faria. — Deu de ombros e suspirou frustrado. — Só não sei quando e nem como começar.


— Okay, então eu te ensino a tocar violão. — Me aproximei com o violão em mãos e ele me puxou pelo pescoço, me obrigando a me inclinar.


— Valeu, Eddie! — Sorriu e beijou minha bochecha com força.


— Sem sentimentalismo, por favor. — Revirei os olhos apesar de sentir que precisava desse mínimo contato com alguém. — Sabe muito bem que eu não gosto desse seu lado emocionado. Não gosto dos seus toques, não me toque.


— Sabe, eu queria ser como você... — Comentou enquanto eu me deitava na cama.


— E vai querer que eu te ensine também? — Revirei os olhos. — Você está muito longe de mim, vai ser muito difícil, muito trabalhoso.


— Não seria uma idéia ruim...


— Sério mesmo? Minho, você chora com filmes de romance e pede desculpas se pisa na pata de um cachorro.


— Mas isso é porque eu tenho sentimentos. Eu quero ser que nem você, só que melhor. — Sorriu falso e cutucou minha costela. — Eu quero aprender a não me importar com a opinião dos outros e ter a facilidade que você tem para fazer amigos. Você nem ao menos se esforça. 


Tentei engolir minha surpresa e mantive uma expressão neutra. — Então é aí que você está errando.


— Como assim? — Suspendeu uma sobrancelha.


— Você se esforça muito para agradar as pessoas e se esforça muito para fazer amizades. Deve parar imediatamente com isso. Viu? Estou te ajudando, sou um ótimo irmão.


— Você praticamente explora as pessoas para conseguir o que quer e essas pessoas continuam ao seu redor aplaudindo tudo o que você faz. — Tirou o óculos por alguns segundos para coçar os olhos. Senti minha cabeça latejar e suspirei frustrado. — Quer dizer que quanto mais eu for do bem, mais eu vou me foder na vida?


— É exatamente isso que eu quis dizer.


— Então todo mundo merece se foder! — Cruzou os braços e formou um bico com os lábios. — Não acredito em você, não é assim que a vida funciona. Eu posso até estar errado em alguns pontos mas você também está.


— É a lei da vida, se você for bom, você se fode e é isso aí. Quanto mais cedo você entender, menos sofrerá. — Bati em sua coxa com força, fazendo um grunhido escapar por seus lábios. — Vai na cozinha?


— Não.


— Ótimo, me traz um copo de suco? — Coloquei os braços atrás da cabeça, em uma pose completamente relaxada.


— Não, estou tentando ser como você. — Sorriu falso. — Pelo menos, com você.


— Nossa, você é tão ruim! Acabou de me negar um copo de suco! Mamãe está criando um monstro dentro de casa! — Fingi surpresa e ele me deu um tapa leve. — Vai precisar de mais do que isso para vencer na vida, garotão.


— O que seria "vencer na vida"?


— Não passar os seus dias choramingando porque quer ser como eu. — Apertei suas bochechas com força. — Quando começar a ser o Minho esperto e bom o suficiente que eu sei que tem dentro de você, aí sim vai ter vencido na vida, por enquanto... — Bati em sua testa. — Perdedor! — Gritei e pulei para fora da cama.


"É um recomeço, Lee Know, devagar e sempre" Pensei.


...

Heey, espero que estejam gostando! :)

+20 Comentários para eu voltar com mais um? :) 💙

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