Quem é o garoto na neve?

Te achei !

Minhas botas estavam recheadas com uma meia quentinha,específica para invernos rigorosos como o que tem vindo. Estou errada em estar dando essa volta nesse horário, mas estar distante da minha família, no momento, era necessário. Em cinco minutos, será meia noite. A hora tão esperada no Natal. A virada do dia vinte e quatro para o dia vinte e cinco.

Minhas pegadas eram evidentes quando minhas pisadas firmes esmagavam a neve de baixo dos meus pés. Minha boca tremia, e sentia parte dos meus cílios congelarem. Mesmo com luvas e um casaco fofinho, minhas mãos estavam gélidas. Porra, o que eu estou fazendo?

Pensei em dar meia volta, mas logo à minha frente estava algumas árvores grandes e altas, que me causaram uma memória visual incrível. Todos os momentos que precisei sair e respirar um ar fresco, é pra cá que eu vinha. Um pouco depois delas estava uma floresta conhecida aqui na área pelas lendas.
Elfos,gnomos,lobos, vampiros... Tudo isso fazia parte.
E mesmo que eu não acredite, estava escuro demais para arriscar dar uma volta. Por isso, me sentei em um dos troncos caídos, não muito perto de casa,mas longe o suficiente do lado obscuro da floresta.

Mas não nego,algo me atrai nesse monte de árvores. O cheiro é delicioso, ainda mais pela manhã, quando a neve derrete um pouco e vai molhando as árvores.

Distraída, observei as casas enfeitadas com luzes coloridas e logo ouvi os gritos de comemoração. Era Natal.

Pensei em voltar para a minha residência, imaginando que estariam me procurando para comermos a tão esperada ceia. Mas antes, olhei para trás, encantada com todo o mistério por trás daquele aglomerado de natureza. Ao andar um pouco à diante, meus pés quebram um pedaço de galho seco em meio a tanta neve, assustando a mim e qualquer um que estivesse por perto. E para piorar o meu susto,um corpo se retira de trás de uma das árvores e direciona um grito em minha direção.

- Te achei! - O que era aquilo? Não sei dizer, se parece comigo. Era um garoto. Mas diferente do comum, ele tinha orelhinhas pontudas que pareciam se mexer enquanto ele sorria e olhava para mim. Esses jovens de hoje em dia tem inventado cada acessório... Por parecer muito novo,me aproximo minimante, preocupada com ele, imaginando que seus pais poderiam estar o procurando. -

- Ei, você me deu um susto, sabia? - Ele permanecia com um sorriso no rosto, e saiu de perto da árvore em que estava, se aproximando de mim, parecendo muito animado em me ver. Mas por que ? - Não me ouviu,garoto? O que faz aqui sozinho? Essa área é perigosa!

- Nossa,você é linda mesmo... - Seus dedos tentaram tocar a pele do meu rosto, e ainda paralisada, eu deixei que ele fizesse. As pontas estavam geladas e vermelhas, mas ele não demonstrava incômodo. - Que maneiro! Eu não achei que eles realmente me deixariam namorar agora!

- Mas do que é que você tá falando,em? - Percebo que ele tentou me abraçar, mas aí já é demais. Me impressiono ao ver que ele usava apenas uma blusa de frio fina, junto à uma calça jeans escura e um tênis all star amarelo. - Está frio aqui. Vem comigo, vou te esquentar um pouco. - O puxo com cuidado pelo braço, em direção ao banco que eu estava antes.

Ao colocar o garoto sentado, me posiciono ao lado dele,ainda em pé, e retiro meu casaco grosso e pesado. Ele engole seco no momento em que faço isso. Não estendo nada, mas ignoro e continuo o ajudando.

- Anda, responda a minha pergunta. - Não estava tentando ser grossa, apenas tenho um jeito naturalmente autoritário, isso é coisa minha. Estava preocupada com seu estado. -

- Eu... Estou falando do meu desejo de Natal, não é obvio? - Ele parecia falar sério, sem ironia, e me olhava com os olhos bem abertos e curiosos. -

- Pra mim não é nada óbvio. O que um garoto tão novo faz aqui sozinho,sem roupas adequadas para o frio? - Ponho meu casaco em seus ombros, consequentemente me aproximando de seu rosto. Me sento ao seu lado e o abraço numa tentativa de esquentar sua temperatura corporal -