capítulo 1

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– Quer saber um segredo?

– Claro?

– Eu vou me alisar quando me formar.

– Você o que? – O eco da exclamação de Yeojin cortou a sala vazia.

– Eu quero pilotar. – Yerim continuou calmamente.

– Vivemos no espaço. Estamos praticamente no ponto mais alto possível.

Pilotar um mobile suit, Yeojin.

O sorriso desdenhoso de Yeojin desapareceu.

– Não se pode simplesmente pilotar um. Vão fazer você lutar. – ela soava preocupada enquanto agarrava as bordas da mesa de Yerim.

Yerim sorriu, destemida diante do óbvio descontentamento de Yeojin.

– A guerra acabou, lembra? Eu só quero estar em uma. – disse Yerim, com a voz ficando melancólica.

Yeojin esperava que quando elas se formassem, a paz entre a Federação Terrestre e a República de Zeon não se transformasse em outra guerra, como vinha acontecendo desde que elas começaram o ensino médio.

– Quer saber outro segredo? – Yerim perguntou, olhando ao redor da sala de aula ainda vazia antes de continuar. – Acho que a Federação tem uma base aqui. – Diante da expressão severa de Yeojin, Yerim fez uma careta. – Não me olha assim! Eu não fiz nada perigoso!

– Então como você sabe? Tem certeza? – Yeojin perguntou acusadoramente.

Tudo na conversa a deixava nervosa, desde o tom de Yerim até o olhar plácido em seus olhos. Era como se estivesse planejando algo, mas não da maneira que Yeojin esperava da encrenqueira habitual. Não houve nenhum brilho malicioso, nenhum sussurro conspiratório ou vibração nervosa. Havia algo nela que Yeojin achava ainda mais preocupante: uma paixão silenciosa. Yerim realmente queria se tornar uma pilota.

– É meio óbvio se você pensar bem. – explicou Yerim. – Lembra quando eu fui com a Jungeun para o porto espacial?

– Sim. – Yeojin assentiu vagamente. Isso foi há meses, antes das aulas recomeçarem.

– Então, lá eu vi grandes caminhões com enormes contêineres, todos dirigindo em fila em direção aos grandes hangares na extremidade da colônia.

– Caminhões? Onde? – Yeojin estava tendo problemas para acompanhar. – Como você sabe de tudo isso?

Yerim suspirou, um pouco irritada por ter que pausar sua história.

– Andando por aí. O que mais devo fazer aqui nessa bolha de sabão que é essa colônia? Tudo isso tem apenas uma dúzia de quilômetros de ponta a ponta. Como você ainda não conhece esse lugar de trás para frente?

– Alguns de nós estão na escola, sabe. Tipo, fazer o dever de casa e aparecer às reuniões do clube? – Yeojin disse incisivamente.

– Eu não faltei essa semana! – Yerim respondeu defensivamente. – Enfim, você quer saber o que eu vi ou não? Tirei algumas fotos.

– Na verdade, não quero saber. Não acredito que você estava tão entediada que decidiu seguir alguns caminhões até um armazém-

– Um galpão. – Yerim corrigiu.

– Não importa! Um galpão, então.

– Por que você está ficando tão brava? – Yerim perguntou de repente.

– Porque! – Yeojin gritou, então parou para respirar. – Yerim, por favor, não se aliste. Eles assinaram um tratado de paz, mas você viu as notícias! Todos os resistentes ainda estão causando problemas. Lá em baixo. – Yeojin gesticulou vagamente para o ar, indicando a terra que elas orbitavam. – Lá ainda está uma bagunça, e se você for mandada de volta, eu-

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