Mobile Suit Gundam: Lies & Promises

capítulo 5

As portas do saguão do hospital se abriram automaticamente quando uma médica apareceu levantando imediatamente a mão para proteger os olhos da paciente com os documentos de alta. A temperatura estritamente controlada da colônia foi uma mudança bem-vinda em relação à sua fria sala de recuperação e, embora a luz parecesse forte depois de ter sido mantida dentro de casa durante muitas semanas, ela saboreou a sensação do sol na sua pele.

Jinsoul parou vários passos fora do hospital, sem saber para onde ir. ''E agora?'' parecia uma pergunta impossível que poderia ter sido feita sobre uma série de questões diferentes pelas quais o cérebro de Jinsoul vinha passando desde que ela recuperou a consciência. Mas depois de alguns momentos, ela suspirou para si mesma.

Jinsoul sabia exatamente o que fazer agora, mas antes ela precisava pegar um táxi.

A viagem até os bairros suburbanos do centro de Libot foi tranquila. O motorista deixou Jinsoul sozinha com seus pensamentos e ela observava atentamente os prédios passando pela janela. Quanto tempo levaria para se acostumar a esticar o pescoço assim para olhar para a direita? Uma coisa que já estava se tornando um hábito era afastar a franja das cicatrizes. Durante todo o tempo no hospital, seu cabelo aumentava a coceira do ferimento à medida que cicatrizava e, embora ela quisesse esconder o quão horrível era a extensão dos danos, ela não conseguia suportar a irritação extra.

E, assim como aconteceu com o ferimento, as semanas após a batalha pareciam ter dado tempo para a cidade se curar também. Jinsoul só teve os jornais de TV para lhe fazer companhia em seu quarto e assistiu a todas as consequências políticas entre a Federação e a República, com as colônias neutras do Setor 3 pegas no meio.

Entre as sanções e os embargos, os políticos de rosto vermelho gritando uns com os outros e as ameaças veladas de declarações de guerra, isso renovou a fé de Jinsoul nas decisões que ela tomou durante aquela luta. Ambos os lados estavam determinados a continuar a lutar, apesar dos tratados, apesar dos sacrifícios, apesar da repetição cíclica do seu jogo de soma zero. Ela não faria mais parte disso. A República provavelmente achava que ela estava morta de qualquer maneira. Mesmo no hospital, ela era apenas uma cidadã aleatória de Libot, com amnésia aguda depois de ser atingida no conflito.

A ironia de se tornar uma das estatísticas de danos colaterais que a levou a se juntar ao exército de Zeon lhe voltou náuseas.

Ela foi despertada de seu devaneio quando viu o táxi passar pelo deli naquele pequeno aglomerado de lojas para onde Jungeun a levara semanas atrás. Ela se sentou em seu assento, antecipando aquelas duas casas familiares aparecendo à medida que se aproximavam cada vez mais.

– P-pare aqui. – ela gaguejou. – Eu vou... andando daqui.

O táxi ficou parado enquanto ela saía, quase como se esperasse que ela mudasse de ideia. E de fato Jinsoul hesitou ao sair, com a mão na porta, antes de respirar fundo e fechá-la. Do que ela estava com tanto medo? Yerim ficaria brava com ela? E se os pais dela tivessem voltado? O que ela deveria dizer depois de ter sumido todo esse tempo?

Ela caminhava lentamente com as mãos nos bolsos, e abaixou a cabeça ao passar pela casa de Jungeun. Jinsoul pensaria nisso mais tarde, algo que ela não conseguia decifrar, mesmo depois de ficar deitada sozinha na cama do hospital por dias.

Mas quando ela respirou fundo e finalmente reuniu coragem para bater na porta de Yerim, a própria Jungeun atendeu.

– Oh. – foi tudo o que Jinsoul conseguiu dizer, sua mão ainda levantada como se fosse continuar batendo.

Jungeun olhou para ela sem palavras, seus olhos escuros arregalados em choque.

– Eu, uh, eu pensei que... eu só estava... – Jinsoul tentou novamente, seu cérebro falhando como o motor de partida de um carro morto.