Parte-1

9 1 0
                                    


Era uma vez.

Eu sei um pouco clichê, ainda sim! Era uma vez! Uma rainha pouco tolerante, que usava maquiagem pesada, uma coroa em sua cabeça e tudo ao seu redor era da cor vermelha, é claro, você a conhece, ela é a rainha de copas!

Mas não estamos também falando da mais conhecida protagonista, Alice, não isso nem chegou acontecer, bem, aqui não chegou a acontecer, ainda. Ora, não me venha com este pensamento bidimensional, você realmente acha que há apenas dois lados do espelho?

Bem, creio ser verdade, mas há mais de um espelho no mundo!

Mas Catherine não teve tempo para entender nada disso.

Em pouco tempo se viu contra a parede por seus pais para se casar com o rei de copas ainda que seu sonho fosse de tornar confeiteira e, quem sabe, se casar com Jast, o bobo da corte mais divertido que já havia visto e o último por quem poderia ter se apaixonado.

Nada disso, todos seus sonhos foram abandonados para que o desejo de seus pais fosse realizado!

Já havia alguns anos desde que Jast se foi, anos este que teve que passar do lado do rei de copas e, neste tempo, governando, assim como seus pais queriam, todo aquele lado do espelho. O que eles não planejavam era que retirando da sua dócil e obediente Catherine completamente sua alegria, amor e sonhos, ela se tornaria a tirana mais incontestável que eles conheceriam, e possivelmente a mais marcante de todos os livros de história clássicos! Fica de ensinamento, nunca retire os sonhos de uma possível tirana.

Catherine desde a morte de Jast sentiu que seu coração se despedaçava todos os dias, apesar de nem tê-lo mais, ao se levantar tinha a ilusão de ainda era a primeira vez que viu Jast, que foi em seus sonhos, com um galho de limão sobre sua cabeça.

Mas era ilusório e durava pouco, sentindo novamente o coração pesar o suficiente para fazê-la perder o equilíbrio ao se levantar;

Cath desde então passou a ser conhecida como a rainha louca, sanguinária e, talvez pouco citada, mas solitária. Apesar de ter escolhido uma dama de companhia, poucas vezes solicitava sua companhia, ou de qualquer outra pessoa. Só falava quando se fazia necessário, e só dividia o mesmo espaço que o rei quando era inevitável.

Era mais uma das noites de insônia de Catherine quando ela andava pelos corredores imensos do castelo, ela não fazia ideia como, mas era guiada para onde queria, por seus pés mesmo com a mente totalmente nublada e com os olhos vazios. Na maioria das vezes eles estavam perdidos entre o presente de grego que era sua vida, casada com um rei que nada manda, e sendo a rainha atormentada pela própria mente. Que presente!

Seus pés geralmente faziam bem o trabalho de guiá-la até desgastá-la o suficiente para que no fim pudesse deitar-se sem problemas. Mas desta vez se enganaram, quando olhou ao redor, não fazia ideia de onde havia ido parar, era frio o suficiente para fazê-la bater o queixo. Olhou ao redor, então refez seus passos mentalmente.

Passou pelo jardim, subiu no coreto, mas de onde haveria saído a escada que acabou de descer? Não soube responder. Esfregou a testa com raiva e tentou voltar, mas as paredes eram tão confusas quanto ela mesma era.

Havia espelhos por todo lado, apesar disso pouca luz, não se preocupou com nada disso e continuou a seguir caminho para onde acreditava ser por onde havia vindo. Adentrou um corredor escuro e logo após este sentiu ter saído em algum lugar, ainda que não tivesse certeza, olhou para si mesma, a parede ainda tinha um espelho estranho, já que ele a refletia sem seus adornos de rainha, ela estava com uma camisola antiga de quando era mais nova, não a chique e vermelha camisola que usava.

Através do Espelho - Sem CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora