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O som estridente do sinal ecoou pelo pavilhão de entrada.

De um minuto ao outro podia-se sentir o cheiro de poeira que os alunos levantavam ao correr pelo chão de pedregulhos.

No entando foram todos parados pelo coordenador que se encontrava no último degrau da escada de entrada.

Pôs então a fazer um discurso, para ser sincera, não prestei atenção em uma sequer palavra, estava nervosa demais para compreender qualquer coisa que saía da boca do coordenador.

Ao término do discurso olhei para Michele e Simone que já sinalizavam para que entrássemos, o frio na barriga ainda tornava a aparecer, estava ali alojado, quase querendo tomar controle novamente.

Passei as mãos ligeiramente no vestido, livrando-as do suor de nervosismo.
Sorri suavemente para Michele engolindo o medo a seco, e finalmente assentindo para que caminhassemos até a sala.

Já no hall de entrada os tons horrorosos tomavam conta do local, tudo era tão bege, sem cor, trazia mais peso à atmosfera, caindo sobre os ombros, chegava a sufocar!

Os corredores se enchiam de estudantes, seguimos então até as salas no primeiro andar, no qual os corredores se estreitavam ainda mais, levando em conta que nem todos se encontravam em suas salas no momento.

Era fácil se perder, digo, para alguém novo na escola, assim, Simone agarrou meu braço ao ver que ficava aos poucos para trás, até que enfim chegamos na porta.

Bisbilhotei de fora da sala, a bochecha colada ao batente exterior da porta, Simone me olhou e sinalizou um
'Vamos entrar' com os olhos, e assim fizemos.

Impossível era que não notássemos os olhares atentos direcionados a nós, já que éramos as primeiras meninas a entrar na sala, Simone e Michele andaram até a mesa em dupla, não no fundo da classe e ao mesmo tempo não nas primeiras carteiras.

Já eu havia ficado paralisada na frente da sala, e por ventura sentei na primeira carteira sozinha para que não tivesse que andar pela sala, ou ter de dividir a mesa com um garoto.

Olhei ligeiramente para trás, buscando Simone e Michele que conversavam entre si, observei então o resto da sala.

Os olhos deles vidrados nas garotas, suas bocas cochichavam entre si, alguns piscavam e até mandavam beijos suaves no ar em provocação, rapidamente ela voltou seu olhar a um ponto fixo no quadro.

Subitamente sentiu uma pressão atrás de sua cabeça, passou a mão pelo local e não havia nada, olhou ao redor e viu um pequeno aviãozinho de papel no chão, voltou seu olhar ao quadro novamente, não se atreveria a olhar para trás, nem se sua vida dependesse disso.

Novamente sentiu aquela pontada atras de sua cabeça, por que tinha que ser tão infantis em tudo?

E novamente, e novamente e novamente, para ela bastava.

Se virou para trás de forma brusca e disse a um garoto que já preparava outro avião para jogar de novo.

"Se fizer isso denovo farei você engolir um por um, capiche?"

Disse isso sem uma irregularidade na voz, porém por dentro de encontrava com o sangue gelado, a pressão quase por cair, e ainda finalizando com a expressão em italiano para dar mais ênfase ao recado, mas afinal, oque ela deveria ter feito? Deixar passar?

Ele olhou pra ela com olhos arregalados, o colega ao lado dele, usava um óculos e batia de leve no ombro do garoto enquanto segurava uma risada.

Cochichou para ele tirando sarro:

"Continue assim Dupan."

"Ah, vê se cala a boca Descamps"

Repentinamente alguns garotos já riam da situação do menino, alguns assovios foram ouvidos também referente ao aviso feito anteriormente pela garota, e logo se cessaram quando a porta foi aberta por uma senhora.

A garota voltou os olhos atentamente a senhora, ela tinha um olhar amargo no rosto, poderia vê-lo à mil jardas, certamente, Barba-Azul.

Colocou as coisas na mesa e pôs se a falar enquanto ajeitava o óculos.

"Classe, bem vindos a mais um ano, me chamo Sra. Giraud..."

Enquanto escrevia seu nome do quadro, foi interrompida por uma batida na porta seguida pela entrada de uma garota loira.

"Perdoe meu atraso professora."

Ela olhou para Sra. Giraud e rapidamente se dirigiu ao lugar vago em minha mesa.

"E a senhorita é?"

A mulher mais velha questionou.

"Annick, me chamo Annick Sabiani."

Barba-Azul já parecia irritada, concluiu sua sútil tentativa de provocação, tornou-se para o quadro, o som do giz em contato com a lousa se tornava mais rígido, e quebrava em pedaços raivosos quando ela o apertava demais.

A garota ao meu lado arrumou seus pertences sob a mesa, por agora não se apresentaria devidamente, mas sim ao final da aula, no momento toda sua atenção estaria na matéria.

Ao fim dos cinquenta minutos mais entediantes então vistos, a garota se virou para mim.

"Desculpe não me apresentar antes..."

"Sou Annick..."

Ela parou no meio da frase.

"Mas acho que isso você já sabe."

Estendeu a mão para mim, a qual eu gentilmente apertei.

"Dominique Moline."

Tornei um meio sorriso no momento do aperto de mão. Logo outra aula já se iniciava, extremamente humilhante devido ao desprezo que o professor de Latim mantinha pelas meninas recém chegadas no colégio, nos ignorando sempre que possível.

Annick levantou a mão ao ouvir a questão, praticamente estava na cara do professor. Estava incrédula com o quão descarado ele conseguia ser, até que ele fala:

"Sim Sr. Descamps?"

Ele atende a mão levantada do garoto.
Me viro para observar, encontrando os olhos do garoto que logo desviou o olhar para o professor novamente.

"Acredito que a senhorita alí na frente esteja com a mão levantada."

O garoto diz ao professor, estava claramente brincando com a situação, porém ajudou de qualquer maneira...

Digo, talvez alguns sejam até que úteis às vezes.

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GENTE DESCULPA PELA DEMORAKSJSSKS

demoro dmais pra escrever mas tento fzr o melhor q posso pra vcs<33

espero q gostem, erros, dicas, ideias, podem me falar aq ->>


𝗠𝗲𝗻𝗶𝗻𝗮 𝗩𝗲𝗻𝗲𝗻𝗼 - Joseph DescampsOnde histórias criam vida. Descubra agora