Capítulo 1 - Flores Secas

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As folhas secas do outono já estavam formando grandes tapetes de tons terrosos pelo jardim. A brisa gelada tingia minhas bochechas de vermelho, deixando alguns fios de cabelo voarem sem um sentido único.

Já não estou sentindo mais a agitação de antes, aquela alegria genuína que invade seu coração e que faz você ver o mundo de uma forma mais agradável, morreu sem nenhuma despedida, ou alguma lembrança de que algum dia esteve presente.

Hoje é um dia bonito. Tranquilo. Mais um dia com emoções moldadas por aqueles que governam este país, aqueles que nos dizem o que fazer e quando fazer.

Olho aquela pobre senhora no andar de baixo carregando o cesto de cortinas limpas e branquinhas, que provavelmente foi forçada a lavar uma por uma. O vento não ajuda, parece que quanto mais tenta caminhar mais distante a entrada da casa fica. Logo, vários empregados correm para todos os lados com tecidos Chenille, alguns arranjos de flores e alguns papéis que insistem em voar.

Suspiro apertando o parapeito de metal. Estou cansado, cansado de insistir neste jogo de bonecas de porcelana, mas não há nada que mude o destino de alguém como eu.

一 Senhor Warner, a peruca chegou 一 Soou do empregado que estava dentro do quarto

Me virei na intenção de olhar aquela coisa horrenda que meu pai faz questão que eu use em eventos importantes. E lá estava ela, aquela peruca branca, com cachos mais definidos que qualquer cilindro e um belo rabo de cavalo. Revirei os olhos e entrei no quarto, deixando a porta da sacada entreaberta.

Sentado na poltrona, o homem velho com seus dedos gordinhos, começava a escovar meu cabelo. Meus belos fios de cor amadeirada que serão escondidos por algo fútil e teatral. Com o cabelo preso em um tipo de coque, a peruca foi colocada em minha cabeça. Ela apertava até meu cérebro começar a doer de enxaqueca, mas lá estava ela, os fios brancos ornando com minha camisa cheia de babados.

Era a última coisa que faltava para eu finalmente descer e cumprir aquele cronograma extenso e disciplinado. Como eu disse antes, todos na casa estavam apressados e atarefados. O casamento se aproximava e não havia um segundo sequer para descanso, tudo tinha que estar perfeito, o mais deslumbrante possível. Minha mãe insistia para que este casamento fosse melhor do que o dos O'Brien na temporada passada. Amigos de longa data da minha família.

一 Qual é o cronograma de hoje? 一 perguntei colocando meu colete azul marinho de detalhes dourados.

一 10h30 - Experimentação do bolo

11h40 - Passeio com Violette pelo jardim

12h00 - Almoço no Jardim

16h00 - Prova do Terno

19h00 - Jantar no salão térreo

21h00 - Apresentação de Violette

Só de ouvir todo o cronograma, já percebi como seria cansativo e extremamente incômodo.

Algumas batidinhas na porta e uma empregada cochicha algo no ouvido de Rufos, meu governante desde os 6 anos de idade, ele era o empregado mais fiel e mais antigo que já conheci. Todos os outros antes dele, não chegaram a durar nem uma semana.

Ele era aquele tipo de governante que dedurava tudo o que acontecia, mas me encobria quando sabia que meu pai me puniria com algo mais severo do que algumas palavras de ódio. Graças a ele, aprendi como esconder qualquer sentimento de desgosto ou revolta, aprendia ser o modelo mais perfeito e desejado de meu pai. Aprendi a ser a minha própria farsa.

一 Ela já chegou Sr.Warner, está o aguardando no salão das rosas. 一 comentou abrindo a porta e apontando para que eu saísse do quarto.

Enquanto descia as escadas, o barulho estalante dos saltos do sapato escoavam aquele lugar vazio e pouco iluminado.

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⏰ Última atualização: Dec 17, 2023 ⏰

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