II. Alma gêmea

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Violetas e Peônias

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Violetas e Peônias.

Ela as encarou nos lindos vasos em cima do aparador de metal e vidro. Era o melhor dia de sua vida, embora a ansiedade condenasse cada batida do coração e o suor frio lhe corresse à pele pálida.

Os dedos, que traziam além da aliança um anel da mãe, deslizaram nas flores num toque suave e macio, e ela os percebeu trêmulos, demasiadamente sem controle.

— Respire Elisabeth. É o melhor dia de sua vida, é o seu maior sonho tomando forma! Respire! — ela encarou a si mesma no grande espelho de bordas entalhadas em ouro na parede oposta. O vestido de casamento ficara perfeito em si, emoldurando sua cintura e busto como a deusa afrodite, como uma estátua grega.

O quarto possuía um lustre magnânimo com cinco mil cristais. O teto, imponente com pé direito alto, esculpido com boiserie dourado centralizando arandelas de ferro bronze, tal qual a parede limpa, cuja boa parte da decoração contava com obras de arte do século passado. O hotel luxuoso abrigava cento e setenta e dois quartos, e aquela suíte tinha o porte de que necessitavam para se embalar nas maravilhas das núpcias, encontrarem conforto um no outro no paraíso mais belo de todos e fomentar o amor que lhes explodiam na eternidade da vida que teriam.

Elisabeth não despiu-se. Deixaria que o marido o fizesse, tendo assim o prazer de tê-la só sua, arrancando peça por peça como pétalas de uma flor.

Ele está há um tempo no banheiro...
Esquecera de tirar a barba, talvez?

Últimos acertos antes de consumar o que queriam...

A joia que brilhava em seu colo – um fino colar de ouro com uma mini pedra de safira – ressaltava a delicadeza de seus olhos, e a lembrava de seus momentos quando menina, das primeiras paixões aterradoras, da primeira anotação no diário barato de capa de tecido, da inocência guardada na caixa com as bonecas que um dia lhe divertiram tanto e que agora a inspiravam estranhamente naquele momento. O homem da sua vida estava a um passo de deixá-la tornar-se ainda mais mulher, e os lábios secos, o arfar difícil, as mãos suadas... tudo corroborava para tornar aquele momento uma semente rica de seu grande jardim florido.

O som da maçaneta.
Frederick deu o primeiro passo para dentro do quarto novamente.
Era chegada a hora.

Elisabeth umedeceu os lábios com a própria língua, cutucou o dedo mindinho (coisa que fazia quando ficava nervosa), respirando fundo para encarar a face de seu amor.

— Perdoe-me, Elisabeth... perdoe-me...

Ele tinha lágrimas nos olhos e mais do que isso, um revólver na mão. A aliança brilhava na coronha.

— Fredie? — ela arfou, deu dois passos para trás, esbarrando na penteadeira decorada com pérolas. — O que você está fazendo? Abaixa isso... não tem graça, meu amor, por que trouxe isso?

O homem permanecia com os olhos fixados na mulher, os olhos derramando cada vez mais lágrimas. A mão fixa na mira, o dedo fechando no gatilho.

– Fredie... o que está fazendo...? Me dê isso! Me dê... isso... me...

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