Recomeço

1.6K 131 15
                                    

Gabriela Davies

– Bom dia, você está toda descabelada – Blake sorriu e alinhou a bolsa no ombro, caminhando lentamente pelo cômodo – Porque ainda veste pijama?

– Não vou à universidade hoje – Levei os dedos nos fios de cabelo e os apertei fraco.

– Não? – Caminhou pela cozinha. Uma de suas sobrancelhas permaneceu franzida, com um sorriso fraco curvando seu lábio – Bom, parece que não é só você – Mirou a janela e em seguida, meus olhos.

Confusa, caminhei em sua direção e mirei o vitral. Nathaniel estava travado na garagem de moletom e sem camisa, enquanto Joy se dirigia ao carro, alinhando a bolsa nos ombros, com um sorriso curvando seu lábio.

– Ah, acontece – Um sorriso fraco curvou meu lábio. Estava chateada mas não iria demonstrar, mesmo que se tratasse de Blake. Era algo meu.

– Acontece? – Em passos lentos, caminhou em minha direção. Blake me conhecia melhor do que eu mesma, sabia o que eu estava sentindo, obviamente – Descanse – Abaixou o olhar e trouxe os lábios em minha testa, deixando um selar carinhoso – E se precisar – Se virou e pausou dramático – Chame Nathaniel, não eu. Não gosto de você.

Me tirou um sorriso sincero e fraco – Vai a merda – Lhe dei o dedo médio, mostrando a frustração em ato, poupando as palavras.

Mirei seu caminhar lento até a porta principal, que foi batida rapidamente. Suspirei fundo puxando todo o oxigênio que conseguia pelas narinas, fechei forte os olhos. Caminhei lentamente até a cozinha e posicionei as palmas sobre balcão, refletindo sobre o acontecimento na noite passada, que rodeou minha mente a noite toda.

Umedeci os lábios e mirei a pia embebida, cercada de copos decorados. Caminhei até o mármore e tomei um dos tantos copos nos dedos, encucada com Nathaniel, mirei a janela novamente. Estava ali. Junto a Melina.

Todas as janelas laterais do sobrado estavam cortinadas, escondendo a decoração neutra. Menos a da cozinha. O vitral estava nítido, ao ponto de mirar Nathaniel selando brutalmente os lábios da loira. Pude mirar suas costas desnudas com manchas roxeadas. Meu coração palpitou mais rápido, senti uma imensa pressão no peito. Minha garganta pareceu esgotar, meus dentes rangeram fortemente antes de os prender no lábio inferior, descontando a angústia.

Mirá-lo com outra mulher soava como tortura.

Apertei os dedos no mármore e quase a travar, levei os dedos na cortina clara e a abaixei, deixando o vitral opaco, sem visão da casa vizinha. Engoli em seco e caminhei até o bebedouro, posicionei o copo delicado no espaço baixo e o enchi d'água. O trouxe nos lábios e ansiei, o líquido gélido pareceu rasgar minha garganta.

– Que merda – Sussurrei para mim. Devolvi o copo sobre o mármore e subi o olhar na cortina, molhei os lábios e caminhei para fora da cozinha, com a angústia cercando meu corpo.

Em passos lentos, caminhei pela sala a procura do telefone. Rolei os olhos pelo cômodo e ouvi o soar de notificação, facilitando meu achar. Caminhei até a poltrona e levei os dedos no telefone. Duas notificações.

"Não fique mal, bonequinha"

"Livrei seu encosto. Podemos ser apenas nós agora"

Filho da puta.

Leo.

Tinha bloqueado seu contato na noite passada, mas de um jeito surpreendente me contactou com outro número. Eu supus que o fosse, e era. Não tinha como ser outro alguém. Meu coração palpitou ainda mais ligeiro.

Window Onde histórias criam vida. Descubra agora