1- O pub

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"O que eu estou fazendo?" O homem negro se pergunta olhando para o espelho sujo da casa de festa. Era comum para Pedro Gabriel, sociável e genuinamente gentil com tudo e todos. Várias vezes essa gentileza gratuita o colocou em problemas. Um belo exemplo é neste exato momento. Encontrava-se procurando ar, prendendo os dreads em um coque bagunçado e balançando a gola da camisa, uma tentativa de acalmar a excitação avassaladora que estava sentindo.

01:00h antes Pedro estava em seu apartamento. Nada luxuoso, já havia atrasado o aluguel pela segunda vez no mês, por sorte a proprietária era uma senhorinha gentil e calma. Deixava ele atrasar o aluguel até o salário cair. O dia foi cansativo, o professor era um saco e seus colegas pareciam sanguessugas, desesperados para tomavar sua energia e não o devolver mais. José Carlos, ou "Zé" para os apaixonados, está mais para irmão do que melhor amigo. Homem de 1,71 de altura, moreno com aquele cabelo praiano que ele mal cuida, mas está sempre impecável. Um namorador nato, que só vive para a farra.

Era costume ambos os homens terem o local, chave de casa um do outro. Se conheciam a anos, uma amizade forte e verdadeira, algo raro que o prório Pe estimava como algo precioso a se zelar. Estar deitado em sua cama e torcendo para o salário cair na conta, já era algo que estava acostumado. Entretanto, algo diferente aconteceu. O dinheiro apareceu em sua conta bancária, seu salário havia sido entregue em dia.

— É um milagre? – O homem fala se sentando na cama, tirando um print da tela ele envia para seu amigo.

*WhatsApp ON*

"Ei cara"
"Responde!!!"
"Ei"
"Ei"
"O dinheiro caiu!!"

"Finalmente!"
"Pprt já tava na hora"
"Para comemorar!"
"Abriu um pub novo aqui perto de casa.."
"Que tal.. comemorar?"

"Cara.. eu tenho Facul amanhã
não vai rolar.."

"É por minha conta!"

"Manda o endereço"

*WhatsApp OFF*

Não era como se beber fosse um crime. Estaria aproveitando, era quita-feira! Merecia uma bebida, assim poderia curar a ressaca com mais bebida no dia seginte. Como era perto da casa do Zé, teria seus colegas e velhos amigos alí. O que seria uma festa sem o Zé convidando metade do mundo?

Não demorou muito para chegar no local, não morava muito longe do amigo. Vivia perto da faculdade e do Zé, uma vida simples e monótona. Não que estivesse reclamando, mas as vezes desejava algo para dar uma certa adrenalina na sua rotina repetitiva.

Ao entrar no estabelecimento procurou por um grupo grande e que rissem bastante, tinha certeza absoluta que era alí onde seu amigo se encontrava. Dito e feito, era alí que ele estava. Sendo o poço do socialismo e caráter que elr sempre foi. Desde a época da escola Zé nunca sentou sozinho no refeitório, sempre rodeado de pessoas que acabava de conhecer.

— Zé! – Bastou Pe chamá-lo um vez. O mesmo soltou um sorriso e abrindo caminho entre as pessoas com quem anteriormente conversava foi até se amigo.

— Pe! Por que demorou tanto? Quase morri de tédio! – O homem menor fala passando o braço ao redor do hombro do Pe. O puxando para perto, soltou uma risada – Obrigado por me resgatar! – Zé sussurra rente ao ouvido do Pe.

— Sem problemas cara – O negro responde com um sorriso brincalhão.

Para não deixar detalhes de fora, a amizado de ambos estava repleta de brotheragem. Chegando ao ponto de ambos se beijarem, para descobrir se sentiam algo um pelo outro. Nada aconteceu, acharam que algo ia mudar, mas não mudou nada. Tudo permaneceu igual, a amizade não mudou e concordaram que aquilo era algo para rirem no futuro.

No bar ambos os amigos beberam, conversaram e se divertiram. Na pista de dança conversaram mais ainda, as pessoas ao redor os convidavam para dançar ao ritmo da música. Estava ficando enjoado, a bebida estava querendo sair pelo mesmo lugar que ela entrou.

Na direção do banheiro alguem se esbarrou com ele. Uma figura mais baixa que ele colodiu contra seu ombro, cabelos um pouco longos, puxados perfeitamentepara trás, piercings na orelhas, um homem branco. Corpo esguio coberto pela jaqueta de couro preta. A calça era larga, mas caia perfeitamente nos quadris. Ele virou de forma lenta, acariciando a região que colidiu com o homem negro. Revelando ser um mestiço, meio asiático. Fazendo uma cara feia para o Pe.

Ele o olhava de cima a baixo, franzia o cenho e depois revirou os olhos. Aquela ação deixou o homem irritado "Qual o problema desse cara?". Ele o fuzilou de volta com o olhar. O meio asiático ia sair de cena, se não fosse o caso do outro o seguir para onde ele quer que fosse.

— 'Coé filho da puta? – O mais alto esbaravejou irritado o seguindo pelo corredor o impedimento de chegar a festa.

— Tá me seguindo por quê, amor? – O menor perguntou em um tom de deboche, o que apenas ser viu para aumentar a raiva do outro homem.

— 'Cé não viu o jeito que me olhou não? – Pe estava ficando irritado com a atitude do outro. Entretanto, o que mais o irritava era que estava se sentindo atraído pelo homem desconhecido bem na sua frente. O jeito que ele o olhava, estava o enlouquecendo.

— Quem tava olhando era vc mano, como eu ia ME ver!? – O mestiço esbravejou, estava bêbado e irritado. Agarrou o cabelo com força o bagunçado, tirando do penteado perfeito com gel que antes tinha.

— O jeito que você tava me olhando.. o que foi? Tá querendo o pai aqui? – Pedro perguntou irritado, aproximando-se do mais baixo ficando colado na frente dele.

— O pai aí não tem pensão para pagar? Ou você foi comprar cigarro? – Ele perguntou com um riso debochado, recostando seu ombro na parede.

— Nenhum dos dois, mas se vc quiser que eu cuide de você.. – O mais alto falou aproximando o rosto. Deixando os rostos perto o suficiente para sentir a respiração um do outro. Pedro olhava para a boca daquele desconhecido, tão beijavel e rosada, um contraste com a sua pele clara quase pálida. – O papo é outro..

— Atá, sonha meu amor.. – O mestiço riu revirando os olhos. Empurrando com uma das mãos ele procurou a saída para ir a festa.

Pe estava surpreso. Não que seja o caso dele nunca ter sido rejeitado, ele já foi dispensado algumas vezes. Só não esperava que mesmo após rejeitado ele ainda queira esse desconhecido. Contudo, quando foi afastado sentiu algo contra seu peito. Um post-it amarelo neon, com um número de celular escrito com uma caligrafia rápida, como se escrevesse com pressa.

— Tá de sacanagem.. – Pe sorria de ponta a ponta, não podia acreditar no que estava acontecendo. Estava achando que finalmente a sorte estava ao seu favor. Virando-se, procurou o desconhecido com os olhos antes de segui-lo com o corpo.

Próximo capítulo: 21/12/2023

S.O.S Deu merda..Onde histórias criam vida. Descubra agora