— Mas que merda! — Eu podia sentir a exaustão fervilhando meu sangue. — Não podem fazer isso!
— Draco, tenha um pouco de calma por favor. — A voz da minha mãe estava calma, mas parecia suplicante.
Bufei irritado, me sentando no banquinho de frente à Sra. Malfoy. Sua expressão não mostrava muito, porém sua máscara de frieza estava quebrada. Tão frágil quanto nossa situação atual. Apenas o orgulho Malfoy a mantinha em pé.
— A audiência será amanhã, você precisa se manter, Draco! — Ela parecia beirar as lágrimas. Seu rosto já estava tão cansado diante de tantos problemas.
Eu nunca vira minha mãe sem maquiagem no rosto, até durante a guerra ela ainda tinha alguma coisa. Agora era apenas sua pele, ainda jovem e bonita o bastante para não parecer flácida, mas, ainda assim, vê-la apenas com seus próprios traços parecia antinatural. Suas feições vacilantes, preocupação estampada no seu rosto... Mas o que mais denunciava suas angústias eram seus olhos. De um tom de azul tão vivo, mas com sentimentos tão melancólicos sendo traspassados por eles.
— Como vou esconder isso?! — Questionei, apontando para o meu braço. Minha mãe pareceu prestes a enlouquecer com tanta pressão.
— Isso é o menos importante, menino. — Senti o peso da sua voz. Por trás de tanta frieza, ela estava claramente tentando segurar os últimos fragmentos da sua máscara de orgulho.
Eu podia sentir todos os problemas pressionando meus ombros. Estava tão estressado e cansado, só queria dormir um pouco. Apenas conseguir esquecer um pouco dessa realidade tão horrível. Se eu pudesse apenas deitar por alguns instantes e desligar meu cérebro, somente para apreciar o vazio e a paz da ignorância, sem precisar dar atenção à todas as atrocidades que estão acontecendo na minha vida.
Suspirei pesadamente, segurando a cabeça nas mãos, buscando apoio nas minhas próprias pernas, sem sequer uma mesa para colocar os braços. Não havia mais nada, apenas dois bancos, algumas comidas, minha mãe e eu. Apenas nós na grande mansão Malfoy. Onde havia tanto motivo de orgulho pra a família agora estava aos pedaços.
Meu pai foi preso em Azkaban, acusado de se aliar ao lorde das trevas e lutar ao seu lado na guerra. Dessa vez eles não acreditaram no conto de fadas de "Ele me enfeitiçou", "Eu estava sob efeito da maldição imperio " e todas as outras besteiras que um dia as autoridades acreditaram, foi uma audiência bem rápida. Depois disso, toda nossa casa foi revistada e todos os móveis confiscados pelo Ministério da Magia , alegando que seriam inspecionados, em busca de qualquer resquício de atividade ou magia das trevas. Não demoraria muito para nos despacharem na rua à nossa própria sorte também.
Minha mãe não seria presa, ela não era marcada e nenhum comensal, que foi julgado até agora, a dedurou. Diferente de mim, é claro, que carrego a marca negra no meu pulso. Eu estava marcado. Amaldiçoado com aquela coisa no meu braço. Por causa dela minha mãe pode acabar sozinha, e logo não tardaria de pegarem ela também e a arrastarem para aquele buraco de prisão.
Não há provas ao nosso favor, contudo. Mesmo que a Marca Negra fosse desconsiderada no meu julgamento, ainda sou o filho herdeiro do braço direito do Lorde. Diferente de minha mãe, as suspeitas sobre mim são mil vezes maiores. Sem uma testemunha ao nosso favor, estaríamos perdidos antes mesmo de pisar no tribunal.
Minha mãe suspirou, parecendo se decidir de algo.
— Filho, me ouça. — Sua expressão estava mais séria, mais determinada. — Eu sei como podemos sair do meio desse furacão.
E começou a falar seu plano.
***
Ouvi batidas na porta do quarto, logo em seguida uma figura alta e ruiva entra quase saltitando, com um grande sorriso esperançoso enfeitando seu rosto.
— E aí, cara! — Ele veio sorrindo até minha cama, muito feliz quando viu que eu estava usando meus óculos e me movi para me levantar.
No fim, eu decidi ir com ele. Não sei como vou lidar com os Weasleys, mas eu com certeza dou conta. Eu não posso fazer exigências sobre nada. Além disso, é o único lugar que eu posso ficar, não quero ficar sozinho na casa que meu padrinho passou para mim, eu enlouqueceria.
Ron ficou com uma expressão pensativa quando me olhou em pé.
— Vai com a roupa do hospital?
Me senti envergonhado, eu tinha pedido para o enfermeiro jogar aquelas roupas fora, estavam cheias de sangue e parecia que eu tinha tirado elas de um cadáver de tão sujas que estavam. Mas eu não pensei em pedir para Rony um par.
Dei de ombros.
— Só tenho essa. — Minha voz pareceu estranha, de novo. Hoje, quando Ron ainda estava n'A Toca, eu pratiquei falar um pouco, porque tinha me assustado com minha voz de mais cedo e achei ridículo chegar falando daquele jeito na casa dos Weasleys, como se estivesse na posição de sofrer.
— Cara! Por que não me pediu antes? — Ele colocou a mão na cabeça, me encolhi um pouco. — Espere um pouco aqui, vou conseguir alguma coisa para você. — E saiu decidido pela porta.
E eu apenas fiquei ali, parado, com os olhos na porta. Parando para pensar, eu não tinha nada para levar comigo, nem sequer alguns trapos para chamar de roupa. Não tinha varinha, não tinha uma coruja, nem ao menos uma escova de dentes.
Sentei na cama, me sentindo apenas um grãozinho de poeira insignificante, que apenas é levado pelo vento sem um lugar fixo e para chamar de seu.
Por alguns segundos eu fiquei encarando meus pés descalços sobre o carpete cinza, segundos que pareceram horas longas e tortuosas.
Até o silêncio ser quebrado pela porta abrindo e batendo na parede ao lado com uma força considerável. Achei estranho Ron ter voltado tão rápido. Me virei para a porta e senti como se tivesse sido nocauteado pelo vento.
Na minha frente, fechando a porta agilmente, estava um homem que eu achei que nunca mais veria, ou ao menos não tão cedo. Com roupas abarrotadas e com manchas, de algo que parecia café, estava o meu não tão querido e agradável ex-colega de classe.
— Potter, quero conversar. — Suas palavras arrastadas e sotaque perfeito não combinavam muito com sua aparência desleixada e o desespero aparente. — Por favor.
Draco Malfoy parecia prestes a colapsar, meu corpo apenas agiu sozinho e assentiu.
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Oi, amores!
Cheguei com o terceiro capítulo e, com ele, uma grande aparição! Nosso querido Draquinho apareceu🥳🥳
Como eu já vinha avisado, essa é uma fic Drarry, mesmo que o romance não seja o foco da história. E, como vocês perceberam, a fic terá alguns momentos que o Draco vai narrar, não vai ser sempre mas vai acontecer uma vez ou outra.
Espero que estejam curtindo a história!
Não se esqueçam de me avisar se qualquer erro informativo ou ortográfico, também podem tirar dúvidas à vontade!
Um beijo, se quiserem, boas festas a todos e até o próximo!<3
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Buquê de dores
FanficUma história que se passa depois da Guerra de Hogwarts. O grande Lorde das Trevas foi derrotado, viva! Mas... a que custo? "O luto dói, Harry. Mas ele não pode te dominar"