O Último Natal
Sinopse: Myrna Lewis tinha um grande problema em mãos, precisa fazer uma prova de concerto solo da faculdade de música, mas seu aparelho auditivo foi quebrado depois de um mal entendido
Hunter Russell, o quebrador do aparelho, o aluno de engenharia se vê agora com uma missão, ser os ouvidos de Myrna.Hunter observou com as mãos no bolso do sobretudo de cor clara, a figura feminina o encarava de cima a baixo, em uma das mãos os aparelhos, na outra a bola de basquete, e de baixo do braço a segunda bola de basquete.
--Parabéns Hunter—Um dos seus amigos disse atrás dele—Quebrar um aparelho auditivo com uma bolada ok, mas acertar outra bola de basquete no outro aparelho auditivo aí já e sacanagem com a garota.
Revirei meus olhos e observei a garota de cabelos castanhos, seu rosto redondo estava vermelho, e pude ver levemente seus olhos cor de mel com a pálpebra tremendo por causa da possível raiva que ela estar sentindo.
– Me desculpe, eu não queria te machucar – eu disse, me aproximando dela com cuidado. – Eu posso te levar ao hospital, ou a sua sala da faculdade qual é o seu curso? ou... onde você quiser.
Ela me olhou com uma mistura de raiva e tristeza, e balançou a cabeça. Ela abriu a boca, e acho que escutei um "Droga que azar" como se fosse um sussurro. Ela apontou para os aparelhos quebrados, e depois para os lábios. Ela estar tentando me dizer algo, mas eu não conseguia entender.
– Você sabe ler lábios? – eu perguntei, tentando articular bem as palavras.
Ela assentiu, então largou as bolas, e com os braços cruzados me encarou como se estivesse pensando em uma forma de me matar.
-- Você sabe o que fez? -- Ela começou a falar em um tom tão baixo que tive que me abaixar para escutá-la-- Esses aparelhos são personalizados, levaram meses para ficarem prontos. E eu não tenho dinheiro para comprar outros. E mesmo que eu tivesse, não daria tempo de me adaptar a eles. Eu preciso deles para ouvir as notas, os acordes, os ritmos, eu tenho um concerto solo na véspera de Natal, como você acha que vou fazer essa prova hein? —Ela me pegou pelo colarinho e começou a me balançar para frente e para trás.
Eu a ouvi, e senti um nó na garganta. Eu tinha estragado tudo. Eu tinha que fazer alguma coisa para consertar. O meu subconsciente exigia isso.
– Meu Deus, eu sinto muito – eu disse, sinceramente. – Eu não sabia que você era uma musicista. Você toca o quê?
—Piano. E você, joga o quê? Além de tiro ao alvo com bolas na cabeça das pessoas?—A mesma falou e arqueou uma sobrancelha.
Eu sorri, sem graça.
– Eu estudo engenharia. E eu não jogo nada, eu só estava brincando com os meus amigos.
Ela me olhou inclinando a cabeça. E como se um gato branco me olhasse com aquela cara de julgamento que eles tem.
—Engenharia. Que original. E você acha que isso te dá o direito de destruir os aparelhos dos outros?"
– Claro que não – eu disse, me defendendo. – Foi um acidente, eu juro. Eu não vi você ali, eu estava distraído. E eu tenho uma ideia. — Abri um sorriso no canto da boca esperando que isso melhore o humor dela.
– Que ideia? – ela perguntou, com a suave voz baixa.
– Eu posso te ajudar a ensaiar para o concerto – eu disse, sem pensar muito. – Eu posso ser os seus ouvidos.
– Como assim? – ela perguntou com as sobrancelhas franzidas
– Eu posso te acompanhar ao piano, e te dar os sinais para você tocar, te avisar quando você passou o tempo ou errou uma nota – eu expliquei. – Eu sei um pouco de música, eu aprendi quando era criança.
Ela me olhou com incredulidade. Mas desviou o olhar e suspirou quando acenou com a cabeça de maneira positiva.
Sorri de maneira aliviada, com o sentimento de culpa sumindo levemente do meu consciente.
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O Natal Em Nossas Asas
Short Story"Cansado das velhas estórias de Natal comuns onde a moral é amor à família e gratidão pelo que tem? Então está no lugar correto! A Sociedade das Harpias trás para você uma coletânea de contos de Natal cheios de drama, suspense e diferente de tudo o...