PRÓLOGO.

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Ele olhou para a multidão lá em baixo, em busca de apenas um rosto familiar, o dela. Seus cabelos volumosos, seus lábios rosados, dentes espaçados e olhos hipnotizantes.

Como ele poderia não buscar teu rosto em todos os lugares que entrava, em todas as esquinas que passava e em todas as livrarias que conhecia? Ele não conseguia sequer ousar em tentar esquecer sua risada escandalosa, seu estilo extravgante ou suas piadas estranhas. Ah, não, ele não poderia se esquecer de tal mulher; de sua mulher.

Olhou para cima com um leve suspiro saindo de sua boca, examinando o céu atráves das nuvens escuras. Seus dedos finos atravessaram seu couro cabeludo, sentindo os fios ressecados e agora tão fracos. Tua vaidade, antes tão forte, hoje já não se fazia presente. Seus pensamentos eram ocupados com a saudade em seu peito que doiá, o massacrando e o torturando todas as noites.

Ele planejava apenas embarcar em seu trem e deixar essa vida para trás, com esperança que com o tempo, as memorias não o tormentariam mais. Uma esperança boba, uma ilusão doce de ser criada mas impraticavél, e Louis sabia. Já havia tentado recomeçar, bem mais de cinco vezes, havia abandonada casas e pessoas, amizades e empregos, hobbies e distrações, e ainda assim, acreditava que sua próxima fuga seria melhor.

Sentia-se covarde, fraco e humilhado. Perdido.

Perderá seu desafio, sua própia regra moral. Havia visto o pior de Mina e havia se desesperado, deixando-a sozinha e à deriva da sorte. Foi covarde com seus sentimentos e deixou de ser sincero quando isso foi a unica coisa que ela o pediu. Deixou de ser honesto consigo durante tempo demais, tanto tempo, que acabou caindo em sua mentira cruel.

Como ele não via? Quando qualquer um ao redor dele sabia que, irreversivelmente, ele havia se apaixonado. Ele a amava e nem mesmo sabia de tal fato, e por tal besteira, ele a deixou partir, levando-o com ela em sua bagagem.

— Olhar para a janela pra sempre não a fará voltar, pelo menos não magicamente. Sabe disso né?

A voz de David era firme, com uma leve pitada de sarcasmo, quase imperceptivél para ouvidos normais.

— E tentar esquecer suas dores com a dor dos outros também não fará ele voltar, Dav.

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Talvez a única certeza em sua vida, era de quê ele, um dia, havia a amado. Era inegável até mesmo para os olhos que não desejavam ver e os corações que preferiam esquecer. Ela sabia. Ao menos acha que sim.

Ela tentará não pensar nele, trazendo a tona em sua mente seus momentos doloridos, suas brigas e cada sílaba de todas as coisas cruéis que ele havia lhe dito. No fundo de seu coração aquilo a confortava, imaginar que o ódio dele era verdadeiro não doiá mais do quê pensar que ele a amava mas era medroso o suficiente para não conseguir pedir que ela ficasse.

Seu peito ardía, tal sensação nem era existente para ela até aquela manhã. Quando os primeiros raios de sol entravam pela janela suja, iluminando a cama bagunçada e vazia, era que ela se lembrava. Seus lábios, tantas vezes maldosos, também eram doces e suaves, seus braços ao redor de sua cintura, o silêncio gritante de tantas palavras não ditas entre eles era enlouquecedor. Lágrimas caiam como uma cascata em sua bochecha avermelhada, suas pernas tremiam levemente enquanto sua respiração ficava presa em seus própios pulmões, sua garganta ardia e tal sentimento se tornava mais intenso a cada segundo sem ele que se passava.

Como poderia aquilo ser amor se doiá tanto?

Mina já havia sentido dores parecidas, a solidão, a mágoa, o sentimento de insuficiência. Mas a dor do amor era como o inferno. Nada como amar e perder alguém por não saber ama-ló direito chega perto de qualquer outra dor que a garota tenha sentido no passado.

Nada aliviaria, nada além dele. E isso não voltaria a acontecer. Ela prometeria a si que nunca mais deixaria alguém criar raízes tão profundas em seu coração. Não se permitiria sentir tal maldição novamente. Ninguém o substituiria em seus pensamentos.

O sino da igreja a disperta de sua mente tumultuada. 18 horas. Ultima saída do trem. Última chance de voltar para ele.

Seus olhos vasculharam o quarto quase vazio, sua mala no canto atrás da porta, seu casaco jogado no chão ao seu lado, seu celular desligado, tão silencioso quanto a cidade lá fora. Com um pulo, se levantou. Doeria, mas ela iria embora e não voltaria. Ela sabia que não voltaria. Porque nada estaria do jeito que estava no dia em que decidiu partir.

[ 📂 20/12/2023 ]

𝐀𝐒𝐇𝐄𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora