Capítulo 13: Noitada

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Julie ON:

Depois da briga com Charlotte, as semanas foram tranquilas, mesmo tendo que vê-la na quarta-feira. Porém, com Jeon por perto, eu tinha certeza de que, dessa vez, elas não tentariam nada, pois o fofoqueiro, vulgo J-Hope, contou que JK foi intimida-las depois das aulas, mandando-as não virem mais atrás de mim. E, por enquanto, elas parecem obedecer ao "tatuado gostoso".

Durante essas semanas, eu e Jungkook estamos nos dando bem, o que faz com que eu lute contra as borboletas no meu estômago. Ele parece ser um aluno bem focado, apesar de ser um "Bad boy"; ama ler os livros que nos são passados e até me explicou algumas coisas das matérias em que eu tinha dúvida. Acho que eu poderia resumir essas semanas em simples palavras: jogos de provocação. Sim! Tudo o que eu e Jeon fazíamos era nos provocar. É bem simples, vou dar alguns exemplos: "ele faz questão de andar pelo quarto sem camisa o tempo todo enquanto olha descaradamente para mim", "eu uso meus pijamas mais 'quentes' depois do banho", "as encaradas no modo flerte". Enfim, esses "jogos" viraram rotina entre nós dois.

Inclusive, ouso dizer que criamos um tipo de amizade composta por tensão atrativa e piadas sarcásticas. Durante essas semanas, eu e Jeon estabelecemos a sexta-feira JJ (Julie + Jungkook), que consiste em assistirmos a um filme escolhido por um de nós e comermos besteiras. Tudo estava indo muito bem até a terceira semana, quando recebi uma ligação da razão pela qual saí dos E.U.A.: minha mãe. Confesso que a conversa não foi das melhores; ela falava, eu apenas escutava e baixava a cabeça.

Ligação:

Ju: "Oi mãe, como a senhora está?" - perguntei simplesmente.

Rose: "Oi Julie, eu estou ótima e você?" - ela parecia normal.

Ju: "Eu estou bem, mãe. A senhora não costuma ligar. Aconteceu alguma coisa?" - perguntei meio receosa com sua repentina ligação.

Rose: "Como assim 'aconteceu alguma coisa'? Eu não posso mais te ligar? Tenho que avisar com antecedência, por acaso?" - ela falou eufórica. Sem deixar eu explicar, ela continuou - "Ah já sei! Você está aprontando! Está indo pra farra, não é mesmo? Não consegue focar na escola nem aí? Não sei como conseguiu essa bolsa sendo uma completa incompetente e burra! Deveria ter vergonha de estar roubando a vaga de alguém que a usaria de verdade!" - ela falou alto, em tom de desprezo e decepção, o que fez meu peito se apertar de tanta angústia. Em um ato de coragem, desliguei o telefone na cara dela, pois não queria dar a ela o prazer de me ver chorar; rapidamente, liguei para minha psicóloga.

Sra. Kiro (psicóloga de Julie): "Oi Julie, como você está? Como está sendo seu intercâmbio? Faz tempo que você não fala comigo." - ela fala alegre e espontânea como de costume.

Ju: "Sra. Kiro... A senhora acha que eu sou incompetente e burra?" - eu falo já chorando, tentando entender por que aquelas palavras me machucaram tanto.

Sra. Kiro: "Julie... Você não é incompetente e, muito menos, burra. Quem disse isso a você?" - ela pergunta com um olhar preocupado, mas não consigo responder. Continuo tentando segurar o choro. - "Foi sua mãe? Faz muito tempo que não fala com ela?" - apenas assinto com a cabeça, confirmando sua última pergunta. Então ela continua - "Quer conversar sobre 'ela' dessa vez?" - a doutora enfatiza o "ela", pois era o único tópico de conversa sobre o qual nunca conseguiu me fazer falar. Balanço a cabeça negativamente, não queria falar sobre ela. Não hoje. Sra. Kiro sorri tristemente e suspira, prosseguindo - "Assim que estiver pronta, fale comigo, está bem? Por enquanto, me conte como está sendo sua adaptação aí. Já faz quase um mês que você está aí, não é?"

Quando a psicóloga fez essa pergunta, automaticamente lembrei da aposta que tinha feito com Jeon, então falei em voz alta:

Ju: "Merda! A aposta com o Jeon!" - a psicóloga me encarou pela tela do celular de forma surpresa e perguntou:

Eu odeio te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora