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Pov Narradora

Enquanto Pamela e Harley iam para o Robinson Park, Harley fazia questão de falar para não fazer o clima pesado quando as duas ficavam em silêncio. O parque não era longe do bairro que moravam, então o caminho não foi cansativo.

Assim que as duas entraram na estufa, Harley observou o olhar de Pamela mudar. Ela sorria quando via qualquer tipo de planta que não tinha em seu canteiro, e isso esquentou o coração de Harley de alguma maneira.

- Você deve gostar muito de plantas, né? - ela quebrou o silêncio enquanto observava Pamela. A ruiva estava focada em umas flores roxas, e desviou sua atenção para Harley concordando.

- Eu... - Pamela hesitou por um momento, mas depois não se importou mais em contar. - Passei por umas coisas em casa, e pode parecer esquisito mas quando não tinha com quem conversar eu falava com elas. - mencionou as plantas. Harley sorriu de canto, assentindo levemente.

- Não é. - Harley falou desviando um olhar, Pamela também desviou para disfarçar um sorriso bobo.

Dessa vez, o silêncio ficou confortável. Não era algo que nem Harley, nem Pamela queriam mudar.

Ambas podiam sentir seus corações demonstrando algo diferente, especial. Pamela acabou se assustando com o sentimento, tendo que desviar o olhar e começar outro assunto.

- Bem, e por que me trouxe aqui? – a ruiva perguntou sentindo suas bochechas quentes, e Harley se divertiu com toda a situação.

- Significado de flores. Quero aprender mais! – a loira ganhou uma atenção especial da mulher ao seu lado.

- Oh, está bem. – Isley disse, um pouco confusa.

As duas andaram um pouco mais, até entrarem na parte onde as flores ficavam. Havia canteiros de todos os tipos, pequenos, grandes, suspensos ou no chão. Harley sentiu seu coração esquentar quando viu as orbes verdes brilhando ansiosos para começar.

- Qual o nome dessas? – Harley apontou para flores brancas com alguns detalhes em rosa, esperando que Pamela soubesse a resposta.

- Astromélias, são símbolos da amizade e de um forte vínculo. – a ruiva prontamente respondeu, ganhando um sorriso sugestivo da Quinzel.

- Tem um vínculo forte com alguém, Pam?

Isley franziu o cenho, não deixando de notar o apelido que Harley pronunciou. Preferiu apenas deixar passar, afinal não era algo que ela se sentiu incomodada.

- Bom, tenho isso com minha irmã. – ela assume, sorrindo de canto. – Nem sempre fomos assim, mas agora estamos bem.

- Antes vocês brigavam muito? – Harley perguntou genuinamente curiosa, e Pamela soltou uma risadinha.

- Eu taquei terra na cama dela por que ela pegou meu sorvete quando ela ainda estava no período de adaptação. – Harley arregalou os olhos incrédula, arrancando outra risada da mais alta. – Fiquei de castigo por duas semanas!

- Isso é sério? – assim que Pamela concordou, Harley soltou uma risada alta.

Algumas pessoas que estavam na estufa se sentiram incomodadas, mas não Pamela. A risada de Harley a fazia querer rir, e aquilo era no mínimo esquisito.

As duas se distraíram enquanto Pamela falava um pouco mais sobre cada flor dali, e Quinzel podia se dizer no mínimo encantada, prestava atenção em cada fala que saía daquela mulher. Elas então pararam em frente à variações de orquídeas.

- Ah, essas aqui são as...

- Orquídeas. Eu não sou tão desatualizada assim, Pam. – novamente aquele apelido, Isley não conseguiu conter um sorriso abobalhado que ela se forçou a desfazer. – Eu só não sei o significado delas.

- Beleza feminina, amor e desejo.

Quinzel olha para Pamela com um sorriso leve, e alguns segundos se passam em silêncio. A ruiva podia sentir o olhar da loira percorrendo seu rosto, parecendo tentar o memorizar e analisar. Isley se arrepiou, e desviou o olhar timidamente.

- Te deixei sem jeito? – os olhos verdes se arregalam, voltando a se encontrar com os azuis.

- Não, eu só... – Pamela tentou arranjar desculpas, mas falhou. – Talvez.

Um sorriso divertido fica aparente nos lábios da loira, e Pamela apenas revirou o olhar, começando a andar novamente.

(...)

As duas passaram o resto da tarde ali, desfrutando da companhia e de alguns olhares que logo eram disfarçados. Era começo de noite quando Harley e Pamela voltavam para o bairro onde moravam, lado a lado.

- Você é quase igual a uma orquídea.

Harley soltou de repente, fazendo Pamela ficar confusa. A ruiva olhou para a mais baixa com uma das sobrancelhas levantadas.

- Por que acha isso?

- Beleza, eu nem preciso me explicar. – Quinzel começou, e a mais alta sentiu seu rosto voltar a arder. – Amor, por plantas e sua irmã. E...bom, a terceira parte acho que pertence mais a mim.

Pamela engoliu em seco, sentindo um nervosismo tomar conta. Ela desviou o olhar para o chão, e elas pararam em frente a casa de Harley. Junto com o nervosismo, surgiu uma surpresa pela naturalidade em que Quinzel assumiu aquilo.

- O-Oh... minha nossa, Harley. – a ruiva gaguejou, arrancando uma risada baixa da loira.

- Ei, não precisa ficar nervosa. – assegurou, se aproximando com cuidado.

Pamela sentiu uma mão macia tocando em sua bochecha, e seu olhar se encontrou com o de Harley. Uma sensação estranha preenche seu peito, e seu corpo se esquentou.

Ela odiava palavrões, mas... porra, Harley estava mexendo com ela de um jeito que ela não estava acostumada.

- Só queria que você soubesse, não gosto de deixar meus desejos nas sombras. – a loira murmurou, sua voz rouca ecoando pelos ouvidos de Isley.

Para a infelicidade de Pamela, Harley se afastou. A ruiva seguiu a silhueta atraente caminhando para a casa, e deixando Pamela ali parada no meio da calçada com uma cara idiota.

Isley suspirou pesadamente, unindo neurônios para se virar e seguir para sua casa. E assim que entrou em casa, correu para buscar seu celular e discar o número da irmã.

- Espero que tenha um bom motivo para empatar minha foda, Pamela! – Selina soava irritada, mas seu tom se suavizou ao perceber a respiração de Pamela acelerada. – O que aconteceu?

- O que você faz quando alguém diz que te deseja?

Selina ficou sem falar por alguns segundos, e então deu uma risada alta.

- Harley te disse isso?

- O que- como você sabe?!

- Qual é, Pamela! A mulher estava quase babando quando bateu na sua porta, e você ainda tinha dúvidas?

Pamela torceu os lábios em um bico, suspirando e se sentando no sofá.

- Eu.. eu nem reparei.

- É claro, você nunca repara. Por isso não pega ninguém. – ela deu uma pausa, Pamela conseguiu ouvir um suspiro cansado. – Mas respondendo sua pergunta, eu provoco até a pessoa dar o primeiro passo.

Pamela mordeu o lábio nervosamente, pensando em como Harley agiu. Segundo as descrições de Selina, era exatamente isso o que ela fez. Uma leve provocação para Pamela, para ela dar o primeiro passo.

- Oh, de jeito nenhum! – a ruiva disse cruzando os braços, e escutou mais uma risada vindo do outro lado da chamada.

Pamela já sabia como Harley funcionava nesse quesito, apenas uma noite e automaticamente descartava a pessoa com quem havia dividido uma cama. Ela não era aquele tipo de pessoa, mas isso não significava que ela tiraria Harley de sua vida tão cedo.

Gardening Guide (Harlivy)Onde histórias criam vida. Descubra agora