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Pov Pamela

Cheguei em casa cansada, hoje a floricultura teve muitos clientes. Alguns bêbados também, mas isso é cotidiano.
Trabalho na floricultura da minha irmã adotiva há dois meses, mesmo período de tempo em que me mudei para Gotham novamente. Seatle estava uma bagunça.

Joguei minha jaqueta de qualquer jeito sobre o sofá e passei as mãos sobre meu cabelo, tentando entender o que a música que tocava na casa ao lado dizia. Harley não tem um dos melhores gostos pra música, se querem saber.

Junto com as música, consegui ouvir alguns gritos desesperados, e decidi que seria melhor apenas abafar o som e ir tomar banho, então fechei a janela rapidamente e fui para meu quarto.

Ajeitei meu pijama, peguei minha toalha e fui encher a banheira. Assim que entrei, pego meu celular em cima da pia e disco o número de Selina.

- Você não deveria estar dormindo? - Selina atendeu a ligação, com o bom humor rotineiro. Eu reviro os olhos.

- Boa noite pra você também, Selina.

- Que seja. - ela diz em um tom um pouco risonho. - Você só me liga quando precisa de algo, então diz o que precisa.

Eu franzo o cenho um pouco, começando a brincar com a espuma da banheira.

- Ei, isso não é verdade. - eu me defendo. - Só queria confirmar se você vai ficar com a floricultura amanhã mesmo ou...

- Ah, isso. Quase me esqueci, para falar a verdade. - reviro os olhos. - Vou.

- Está bem, obrigada. - Eu digo, prestes a desligar a chamar.

- Ei, Pam? - Selina me chama novamente, e volto a encostar o telefone no ouvido.

- Fala.

- Impressão minha ou você está ouvindo rock? - Eu suspiro. Preciso de janelas com isolamento acústico.

- É minha vizinha, aquela loira.

- A gostosa? - Selina perguntou em um tom mais animado, com certeza estava sorrindo.

Eu reviro os olhos novamente. Não estou muito acostumada a usar esse tipo de termo, e não é como se eu tivesse uma vida sexual agitada. Se eu transei três vezes foi muito.

Ainda sim, não é algo que eu goste de usar com naturalidade igual Selina usa.


- A que você achou bonita. - a corrigo de forma sutil.

- A gostosa, a que eu achei bonita, foda-se! - ela diz com o mesmo tom animado.

Palavrões também são coisas que não me agradam, mas já me acostumei com Selina falando eles.

- Deixe-me terminar meu banho, sim? - eu digo com um sorriso forçado, já distanciando o celular do ouvido. - Tchau, Selina!

- Pam, espera! Sua ca... - eu desligo a chamada, e solto um riso nazal.

Eu coloco o celular na pia novamente, e me afundo na banheira. Inclino minha cabeça para trás, enquanto ouço o ritmo desengonçado da música distante.

Depois de longos 30 minutos, saio do banheiro e começo a me preparar para dormir.

[...]

No outro dia, acordei sem o som o despertador. Sorri sozinha, adoro os dias que eu estou de folga.
Normalmente, duas vezes por semana.

Tomo um banho rápido e faço minhas higienes, e logo já desço para a cozinha e vou preparar meu café da manhã. Não estava com tanta fome, então apenas faço uma batida de banana e couve.

Vou para a sala e me sento no sofá, procurando algo na TV enquanto tomo um gole da batida, e meu olhar desvia para a janela novamente. Noto que Harley já havia acordado também, e estava se despedindo de uma mulher. Muito provavelmente, a dona do grito de ontem a noite.

Eu desvio o olhar para o chão, não gosto de observar a rotina dos outros, me faz parecer fofoqueira. Finalmente acho um documentário sobre animais e termino minha batida.

Demorei cerca de dois minutos para observar novamente se a mulher já havia ido embora, e me deparo com os olhos de Harley vidrados na direção da minha janela.

Eu me assusto um pouco, mas não desvio o olhar. Alguns segundos depois, consigo notar ela umedecendo os próprios lábios, e dando um sorriso.
Eu desvio o olhar, um pouco desconfortável, e me levanto, rumo até a cozinha.

Aquilo poderia ser um tipo de flerte? Ou ela só estava zoando com a minha cara?

Bem, ela não teria motivos para flertar comigo, certo? Nunca trocamos mais que um bom dia, e acho que flertes só se encaixam à casais com mais intimidade.

Balancei um pouco minha cabeça, tentando afastar o pensamento, e seco minhas mãos no pano de prato.

Suspiro, e decido ir até meu quintal. O sol não estava tão forte, perfeito para regar minhas mudinhas.
Sorrio ao ver o quanto elas já estão grandes, e vou ligar a mangueira.

Enquanto eu regava cuidadosamente minha roseira, sinto a presença de mais alguém. Olho para trás, e vejo Harley novamente. Dessa vez, ela estava sentada no chão, e estava tentando cortar uma folha seca da parreira que ela tinha.

Eu ergo uma sobrancelha, mas deixo quieto e volto a atenção para minhas plantas. Depois de alguns minutos, ouço um grito estressado vindo da casa ao lado e olho novamente.

Ela parecia estar estressada, e acaba cortando umas cinco folhas saudáveis da planta por pura raiva. Eu arregalo os olhos, e solto a mangueira no chão.

- Você provavelmente magoou o resto das folhas. - eu digo com a voz calma, colocando uma mão na minha cintura.

Harley me olhou com uma sobrancelha levantada, e revirou os olhos.

- Se eu quisesse conselhos, pesquisaria no Google. - ela diz de forma grosseira, com um sorriso sarcástico.

Eu ergo minhas sobrancelhas, e desvio o olhar, dando uma risada seca. Ela era estressada, como eu já imaginava, afinal ela claramente gastava todo esse estresse com alguma parceira, já que na maioria das vezes todas gritavam por algo. É nojento, confesso.

O tom que ela falou me estressou um pouco, e eu decido entrar para dentro de casa, antes que eu deixe esse estresse sair, mas caminho de forma calma, para disfarçar.

Eu rapidamente busco meu celular para ligar para Selina e falar sobre isso.

Gardening Guide (Harlivy)Onde histórias criam vida. Descubra agora