Capítulo Único

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 Era Natal. Todo mundo estava bastante ocupado, exceto os filhos de Dioniso, que estavam apenas instruindo os outros sem realmente fazer alguma coisa. Os filhos de Hermes roubavam quase todos os enfeites, dificultando as coisas para os de Hefesto, que estavam fazendo mais da metade das tarefas natalinas.

 Nico tinha ficado com a tarefa de não assustar os demais campistas e ficar longe das flores de enfeite, para que não murchassem com o poder de Hades que emana dele. Will riu muito enquanto ele relia a carta que Quíron tinha lhe mandado com as coisas que queria que ele não fizesse durante as vésperas.

 Obviamente, os outros viram vantagem em cima das ordens de Quíron. Agora o filho de Hades estava preso em casa, entendiado. Will ficou muito bravo pela pegadinha maligna que tinham feito com ele e decidiu passar mais tempo com ele, já que a enfermaria estava bem vazia nessas festas de fim de ano.

 O moreno ficou meio ofendido com a pegadinha. Sabia que a maioria dos semideuses ainda não se sentiam confortáveis com sua presença, mas só queria poder andar pelo acampamento sem se preocupar com os milhares de flores que decidiram espalhar pelo lugar para prender Nico dentro de seu chalé.

 Em geral, o casal ficou vendo filmes, jogando alguns quebra-cabeças e se pegando. Foi durante um desses amassos intensos que o sinal para o jantar soou. O filho de Apolo e Nico vestiram suéteres na cor que eles mais gostava, Nico preto e Will amarelo, e seguiram para o refeitório.

 Quíron fez um discurso sobre como a decoração estava perfeita e que todos trabalharam bem antes de dar início a ceia de Natal antecipada. Na mesa de Apolo, estava Austin, Kayla, William e, claro, Nico. O garoto tinha se acostumado a ficar com eles todo dia e em pleno Natal não seria diferente.

 Depois que a refeição acabou, todos foram saindo devagar, cumprimentando uns aos outros, desejando "Feliz Natal" e se abraçando. Duas filhas de Démeter tinham acabado de se despedir de um filho de Hécate quando viram Will e moreno quase saindo do refeitório, com o braço do loiro por cima dos ombros do menor.

 Uma delas deu uma risadinha e se virou para a irmã.


一 Olha isso.


 Com um leve sacudir de seus dedos, um visco brotou da tenda sobre o casal, que sentiu um pouco de pó mágico em cima deles e olharam para o teto sem entender. Ao ver a plantinha ali, Will sorriu e passou seu cachecol ao redor do pescoço de Nico também.


一 Se ignorar, dá azar 一 Sussurrou o médico.


 O moreno suspirou e teve a iniciativa de beijá-lo, tomando os lábios do namorado com cuidado. O louro aprofundou o beijo, adentrando a boca do filho de Hades com a língua, explorando-a com avidez.

 Nico abraçou a cintura de Andrew (segundo nome de Will) e correspondeu a altura.

 Aqueles toques eram incríveis. As mãos do loiro contornavam suas curvas e as apertava gentilmente enquanto enrolava uma língua na outra, brincando, duelando, dançando, tudo ao mesmo tempo. Por alguns poucos minutos, esqueceram da exigência específica para casais serem discretos no acampamento, mas aquilo já não tinha mais tanta importância.

 O filho de Apolo se separou apenas por um segundo, inclinando um pouco o rosto para o outro lado e voltando a atacar os lábios rosados do mais baixo com veemência. Aqueles pequenos momentos em que o mundo poderia explodir que eles não iam se importar eram tão bons, mas custavam muito oxigênio.

 Nenhum dos dois queria parar agora, mas o fôlego os forçou a isso. Ficaram ali, a poucos centímetros do rosto um do outro, respirando com dificuldade. Will fixou seus olhos irritantemente azuis nos castanho-escuros de Nico. Um calor no peito e um sorriso puro de alegria nos lábios. Deuses, como amava aquele sorriso.

 O loiro se aproximou de novo e beijou sua bochecha. Aquele tinha sido o melhor beijo debaixo do visco que as filhas de Deméter tinham presenciado. Afrodite tinha feito bem o seu trabalho. No fim das contas, ela nunca errava. Apesar de os outros campistas terem, a maioria, ignorado aquilo, estaria gravado na memória de Nico como um dos melhores beijos de Natal que tinha ganhado na sua "longa" vida.



Debaixo do Visco - SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora