O Pirata e o Cadete - Parte 1

75 9 1
                                    

Desde o banimento dos Piratas de Roger, a vida de Buggy se despedaçou.

A tripulação que chamava de família simplesmente evaporou em sua frente, seu Capitão foi embora, prometendo que se reencontrariam e dando a ordem de que deveriam manter distância por um tempo até que a poeira baixasse após terem descoberto os segredos do mundo.

Todos os adultos acharam que seria uma boa ideia deixar os garotos de cabine, de 14 anos, numa ilha no meio do Novo Mundo, com apenas seus pertencentes e uma quantia de Berries para voltarem para o Paraíso ou os Blues.

Mas o que não imaginaram era que ao deixar os meninos sozinhos na ilha, eles seriam perseguidos pelos inimigos de Roger, que buscavam vingança nos membros mais fracos da tripulação. O pior de tudo foi que nenhum dos adultos deixou algo para contatá-los em uma emergência, nem um único vivre card ou um número de DenDen. O único membro da tripulação que possuía os Vivres card de todos os membros era Crocus, o médico, mas o mesmo nunca veio ao auxílio de ambos.

O primeiro ano foi suportável, pois Shanks estava com Buggy, pois ele era seu porto seguro, sei melhor amigo, seu irmão. Enquanto havia Buggy e Shanks tudo se resolveria, eles conseguiriam escapar de qualquer situação que Enel os enviava. Mas tudo isso mudou no maldito dia que souberam da execução de Gol D. Roger, seu capitão, sua figura paterna.

Correndo contra o tempo, Shanks e Buggy cruzaram o Paraíso para chegar em Loguetown. Ambos não conseguiam acreditar  que seu capitão havia mentido, eles acreditavam ainda que eles se reencontrariam e novamente explorariam os mares. Mas com seu capitão morto, não haveria mais Piratas de Roger.

Os dias antes da execução se confundiam. Passaram-se dois dias? Três? Buggy não saberia dizer. O dia da execução não passava de uma névoa turva que misturava-se com as últimas palavras de seu capitão.
"O meu tesouro? Se vocês o querem procurem, eu deixei tudo naquele lugar!"
E ele riu, em frente a multidão e em frente a sua morte. A última coisa que Buggy ouviu de seu capitão e de seu pai, foi sua risada, debochando o governo, iniciando uma nova era.
E quando sua cabeça bateu no chão, o mundo de Buggy se despedaçou pela segunda vez em um ano.

Ele pensou que pelo menos ao ter Shanks ao seu lado tudo se resolveria,  mas como Enel gosta brincar com seu destino, Shanks e Buggy se separaram, logo após a execução de Roger. O motivo? Shanks desistiu de seu sonho, desistiu de seguir o legado de Roger e ser o próximo Rei dos Piratas, e com isso o sonho de Buggy terminou, que era ser as asas de Shanks, para ele alcançar o topo.

E pela terceira vez em um ano, Buggy se viu sem chão e sozinho. Primeiro sua tripulação, depois seu capitão e agora seu melhor amigo. Sozinho Buggy vagou pelos  Blue, tentando sobreviver do único jeito que sabia: roubando, enganando pessoas e se escondendo como o covarde que era e ao mesmo tempo tentando esquecer a dor da perda de seu capitão e de seu melhor amigo.

Os dias se passaram em um borrão, Buggy vivia no automático, roubava, fugia, comia, mal dormia, roubava e se escondia, pegava carona em um navio para a próxima ilha e o ciclo repetia, as semanas se misturavam, e semanas viraram meses, e meses viraram anos. Aos dezessetes anos, Buggy atingiu o fundo do poço.

Já fazia mais de um mês que Buggy havia dormido mais que três horas, fazia quatro dias que não comia algo, pois a segurança da ilha que estava era muito forte e isso dificultava suas tentativas de roubos ou de gaiato em navios. Em meio desse desespero, ele tentou roubar uma pessoa, a primeira que parecia distraída suficiente para ser sua vítima.

O que Buggy não sabia era que sua vítima era ninguém menos que o Vice-Almirante Sengoku, o Buddha. Ao ser pego em flagrante a única coisa que Buggy pensou foi usar a Bara Bara no mi para se despedaçar e fazer o que sabia fazer de melhor: fugir. Mas o seu erro motivado pela fome e cansaço, levou a uma perseguição comandada por um Vice Almirante seguido de um esquadrão de marinheiros.

Ele correu o que pareceu horas, e ao virar uma esquina em uma tentativa fútil de fugir ele esbarrou em algo sólido, fazendo o cair de bunda no chão. Ao olhar para cima Buggy viu um jovem alto e loiro usando uniforme da marinha. Sua franja escondia seus olhos, mas nada apagava o sorriso em seu rosto que competia com o sol.

"Desculpe por isso" disse o marinheiro que agarrou Buggy sem delicadeza alguma e escondeu atrás de algumas caixas. "Se esconda atrás dessas caixas que depois te explico!"

E com isso ele estalou os dedos e uma redoma azul se formou ao redor de Buggy. Segundos depois outro marinheiro seguido por um esquadrão entrou na rua em que Buggy e o marinheiro se encontravam.

"Cadete Rocinante! Você viu para onde foi o jovem maltrapilho de cabelos azuis?"

E para a surpresa de Buggy, o marinheiro, Rocinante, apontou para a direção oposta e disse:

"Capitão Montir tentei capturar ele mas ele fugiu e seguiu naquela direção!"

Sem delongas o esquadrão seguiu na direção apontada pelo cadete. Rocinante esperou alguns minutos se passarem e estalou novamente os dedos. E a bolha azul que cobria Buggy envolveu ambos.

Rocinante se aproximou se Buggy e sentou-se ao lado do pirata.

"Agora que eles se foram, peço desculpas pelas minha grosseria. Meu nome é Rocinante"

Ele estendeu a mão para Buggy e seu sorriso que era tão brilhante quanto o sol, impossivelmente aumentou. Sem pensar duas vezes envolto com o calor do sorriso Buggy segurou a mão e perguntou o que estava incomodando:

"Por que você me ajudou?"

Rocinante riu, e seu belo sorriso pareceu forçado e disse:

"Seu olhar faz me lembrar de meu irmão, e qual o seu nome?"

Após soltar a mão de Buggy, Rocinante acendeu um cigarro e inexplicavelmente ateou fogo em si mesmo. Sem pensar duas vezes, Buggy desatou sua mão e apagou o fogo.

"COMO VOCÊ SE ATEOU EM FOGO!"

Rocinante não falou nada, apenas riu e seus bochechas ficaram rodadas. Buggy respirou fundo, fechou seus olhos tentando se acalmar do susto. E após alguns segundos complementou

"Meu nome é Buggy"

Não me deixe só Onde histórias criam vida. Descubra agora