o palácio de inverno

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28 de outubro de 1922, Alexander Pallace.

Quando havia membros políticos no palácio, a tensão da minha mãe era extremamente visível e perturbadora. Alexander voltou para nós a poucas horas, tudo o que foi dito a minha mãe foi que pessoas importantes já tem conhecimento das condições de Alex, mas que acreditam que isso não seja uma limitação para que ele seja um bom imperador.

Ainda assim, recomendaram que o meu pai atendesse as cobranças populares e não as suprimisse, algo que ele novamente negou.

Eu ainda acreditava que expor o ponto fraco do meu pai enquanto éramos ameaçados de revoltas foi um erro da minha mãe, mas enquanto ela me explicava, busquei acreditar que seria apenas uma das coisas boas que ela, como a nossa imperatriz, faria para contornar uma situação dessas.

Assim que nos sentamos para almoçar em família, eu soube que aquele não seria um almoço comum.

- Acho que devemos tornar público sobre a doença do nosso filho. - Minha mãe disse de repente sem tirar os olhos do próprio prato. Anastasia e eu nos encaramos e meu pai aguardando uma resposta dele, sabíamos que no fundo isso significava que no mínimo não haveria mais a necessidade da gente se esconder.

- Creio que talvez isso não ajude em nada, Alice.

- Mostraria um pouco mais de humanidade da nossa parte, Nico.

- Não me sinto nem um pouco seguro de expor Alexei para o mundo, e estou ocupado demais negociando com Dagmar.

- Mas que eu me lembre, as negociações com Dagmar incluem a apresentação oficial de Alexander.

- Você também se lembra que nosso combinado foi que eu manteria as coisas em ordem no Império e você garantiria o bem-estar e a saúde das crianças aqui dentro?

Minha mãe olhou para mim, parecia estar procurando em meu rosto algo para rebater a colocação do meu pai.

- Nico, esse combinado não está mais fazendo efeito. Nós corremos riscos.

- Eu estou cuidando de tudo, Alice. Alexander ficará em segurança e tentaremos negociar o casamento de Regine com William. Estou cuidando das questões políticas, não se preocupe com nada.

- Você não está cuidando, está agindo com uma imprudência terrível! Deus tenha misericórdia para que esse povo não cultive mais ódio de você!

- O que você acha, Regine? - Meu pai olhou para mim e perguntou algo que nem em um milhão de anos eu pensei que perguntaria. - Levei para a Igreja a ideia de retirar as leis que priorizam a primogenitura masculina para a linha de sucessão, mas não fui atendido.

- Eles são tradicionais demais. - Minha mãe abaixou a cabeça.

O meu pai realmente havia tentado me tornar uma imperatriz.

- Alice, eles querem que eu renuncie, deixe Alexei na Rússia e saia daqui com vocês.

De todas as oportunidades que eu achei que o meu pai finalmente diria isso a minha mãe, eu não imaginei que fosse na frente de todas nós.

- Renunciar o Império? E abandonar a Rússia? E por que Alexei ficaria?

- Por que ele é tudo o que nós temos. - Ele havia perdido a compostura.

O meu pai, o imperador da Rússia e o homem mais corajoso que eu conheci, era um homem sensível e prestes a se debulhar em lágrimas em nossa mesa de almoço.

Olhei para Anastasia e indiquei a saída.

Minha irmã entendeu o recado, mas hesitou.

- Vá. - Sussurrei o que felizmente foi o suficiente para que ela se levantasse, fizesse uma reverência e fosse embora.

Os Diários de Regine May - PrequelOnde histórias criam vida. Descubra agora