Capítulo único.

61 5 1
                                    

"Cadê vocês?" Digitou a garota de cabelos negros em seu celular.

A japonesa estava sentada na calçada em frente a uma velha loja de conveniência, balançando os pés de um lado para o outro enquanto esperava que suas amigas aparecessem.

Um tapa foi deferido contra a parte de trás de sua cabeça.

"Anda, levanta logo!" Bufou Jeongyeon.

Mina ficou de pé e passou as mãos pela camisa amassada com um bico do tamanho do mundo.

A expressão de rancor falso foi substituída por bochechas vermelhas rapidamente.

"Quem é?" Mina apontou para uma garota que estava dentro da loja de conveniência, conversando com a senhora que estava no caixa.

"Ah, Dahyun. Ela é do terceiro C, conheci mês passado." Respondeu a coreana dando de ombros.

"Ah, claro." A morena engoliu seco quando a menina saiu da butique e andou em sua direção com um sorriso, balançando a sacola que estava em suas mãos.

"Comprou minha cerveja?" Isso fez Mina franzir o cenho.

"Temos 17 anos, Jeong." Zombou como se fosse óbvio.

"Nós temos dezessete, Dahyun tem 18." Mostrou a língua tal qual uma criança antes de tomar a sacola das mãos de sua amiga.

Mina travou quando o olhar da garota pousou em si.

"Mina, não é?" Questionou Dahyun se aproximando da garota e deixando que Jeongyeon vasculhasse a sacola que antes estava em sua posse.

A japonesa travou por dois segundos antes de voltar a realidade.

"Uh, sim! Myoui Mina. Dahyun, não é?" Só Deus sabe o quanto Mina lutou para não gaguejar falando essas 7 palavras.

Dahyun riu baixo. A coreana estendeu o braço.

"Kim Dahyun."

Mina travou novamente antes de passar seu braço sobre o da coreana e as duas se apressarem para seguir Jeongyeon, que já tinha as largado na calçada e andava para o outro lado com uma garrafa de cerveja entre os dedos.

"Então, o que você gosta de fazer?" Dahyun a encarava com interesse.

Mina queria se enfiar num buraco.

Elas estavam sentadas sobre uma toalha de piquenique. O Sol ainda estava alto quando elas chegaram na praça.

Jeongyeon pareceu esquecer da existência de ambas quando correu para abraçar Nayeon, que já esperava as três sentada em um banco.

"Uh, eu danço. Gosto de quebra-cabeças também." Murmurou baixo, pegando um morango do pote aberto em suas mãos e encarando o chão.

A coreana não tirou os olhos da japonesa em nenhum momento.

"Eu imaginei. Fui assistir sua apresentação no início do ano." Mina engasgou com o morango.

Dahyun deu pequenos tapas em sua costa. A japonesa começou a tossir mais ainda quando a mão da coreana entrou em contato com sua pele pela abertura da camisa.

Mina se recuperou lentamente.

"Foi mesmo?" Engoliu seco. Dahyun riu assentindo.

"Na verdade, eu só fui assistir porque ouvi algumas pessoas comentando que a garota bonita do Terceiro A ia se apresentar no teatro do colégio."

Mina estava tão vermelha que poderia ser confundida com o morango que estava entre seus dedos.

Um silêncio se instalou quando a japonesa abaixou a cabeça e encarou as próprias mãos.

Dahyun não se importou muito, apenas continuou observando Mina pelo canto dos olhos.

Ao longe, podiam ouvir Nayeon rindo alto de algo que Jeongyeon disse. Definitivamente uma piada sem graça, mas ela parecia contente o suficiente com a cabeça encostada no ombro da mais nova.

Dahyun mordeu o interior da bochecha antes de se virar para Mina.

"Quer sair daqui?" Questionou em um sussurro.

"C-Como?" A japonesa quase se engasgou novamente.

"Elas não vão nem perceber, anda." Dahyun se levantou e Mina fez o mesmo.

A coreana recolheu a toalha da grama e ambas andaram abaixadas, deixando-a no banco perto do casal.

"Pra onde a gente vai?" Mina perguntou enquanto seguia a coreana pela calçada.

Dahyun sorriu como uma criança.

"Você vai ver."

"Uau."

Dahyun sorriu largo ao lado da japonesa.

O Sol já havia se posto, elas fizeram uma longa caminhada, mas era a exata intenção da coreana.

Estavam em uma pequena colina, ligada a cidade por uma trilha de terra. Lá de cima podiam ver quase tudo, até a praça em que estavam mais cedo.

"Como descobriu esse lugar?" Mina perguntou com um sorriso pequeno.

"Me perdi uma vez quando era mais nova e vim parar aqui." Dahyun respondeu sentando na grama e dando tapinhas no chão ao seu lado para que Mina fizesse o mesmo.

Mina se acomodou ao lado da coreana, observando a cidade e as luzes pequenas em uma tentativa de ignorar os olhos de Dahyun fixados em seu rosto.

Mina não conhecia Dahyun. Elas trocaram poucas palavras. Não sabia nem por qual motivo havia aceitado sair da praça com ela. Era estranho.

"A Lua tá linda hoje." Dahyun murmurou baixo, olhos agora fixados no céu. Era Lua cheia.

Mina suspirou elevando a vista para cima.

"As estrelas também."

"Meu Deus, vocês duas são o puro clichê, que nojo!" A voz de Tzuyu soou dentro do carro em movimento.

Mina, que estava dirigindo, riu baixo. "Ei, se chama romantismo, tá."

"Você que pediu pra contarmos a história, calada." Dahyun disse do banco do passageiro.

"Minha prima é uma baitola, vou tweetar isso agora." Tzuyu exprimiu com o celular em mãos.

"E sua prima também pode te deixar no meio da estrada." Dahyun falou ironicamente.

A mais nova bufou com um bico e guardou o celular no bolso do casaco.

Mina deixou uma mão no volante e entrelaçou os dedos da outra nos de Dahyun.

"Deixa ela, amor, tá naquela idade." Mina sussurrou.

"Eu continuo ouvindo, tá?" Tzuyu sussurrou de volta.

Dahyun sorriu.

"Tem razão, vida." A coreana se inclinou e deixou um beijo estalado na bochecha de sua noiva.

Tzuyu fez barulho de vômito no banco de trás.

Dahyun bufou.

"Quando tivermos filhos, não podemos deixar conviverem muito com a Tzuyu."

Mina riu alto e a mais nova no carro abriu a boca em indignação.

"Ei, também não é pra tanto né."

Dahyun riu junto.

Morangos e conversasOnde histórias criam vida. Descubra agora