Feliz natal, meu amor

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Ilha Quesadilha – 25 de Dezembro

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Embora Pac achasse que o dia 25 seria um caos total, na verdade foi, inicialmente, um dia bem parado – parecido com as comemorações de quando estava no Brasil, apenas um dia normal para comerem o que sobrou da ceia da noite anterior. Depois de 4 dias intensos, todos estavam bem cansados e até as crianças, mesmo tendo mais energia que os adultos, só queriam continuar dormindo enrolados no cobertor.

Os adultos serviram-se de café para afastar o sono, bem menos falantes do que na manhã anterior. Tubbo e Mike discutiam sobre possíveis novos projetos que queriam fazer a partir do próximo ano, novas farms para ajudar as pessoas da ilha e, principalmente, uma nova casa para Sunny poder morar em um lugar que não fosse um trailer. Mike queria voltar a trabalhar na arena do Murder Mystery e dar mais alguns toques na Favela, completamente animados para ver o que o próximo ano traria.

Alheios à conversa, Fit e Pac passavam por alguns dilemas internos.

Fit estava nervoso. Depois da conversa que teve com o brasileiro de cabelos coloridos enquanto observavam o nascer do sol, sabia que não poderia deixar o pedido de namoro para outra data. Nem queria deixar, pois sentia que já havia esperado demais. Mas, de repente, sentia-se tímido de fazer aquilo na frente das outras pessoas, mesmo sendo sua família, e não conseguia pensar em um jeito de levar Pac para outro lugar, onde poderiam ficar sozinhos. Tentava, ao mesmo tempo, pensar nas palavras que usaria, no que falaria, nos gestos, nas expressões...

Em outras palavras, estava um poço de ansiedade.

E claro, aquela atitude não passou despercebida. O brasileiro de cabelos compridos percebeu que algo estava errado, quase como um sexto sentido que gritava para ele. E, por ter uma mente ansiosa, Pac imediatamente assumiu ter feito algo errado; não podia evitar: mesmo sabendo que estava tudo bem entre eles, sabendo que estavam felizes, que dividiram um monte de momentos bons nos últimos dias, simplesmente não conseguia calar os pensamentos.

Orbitaram ao redor um do outro durante a manhã, sem interagir. Duas ou três vezes, Fit tentou chamar Pac para conversarem, mas o outro se esquivou, usando desculpas aleatórias e indo para longe dele; o veterano começou a se sentir mais e mais ansioso, Pac começou a ficar mais e mais retraído, ao ponto de Tubbo e Mike perceberem que havia algo errado.

— Ou, sobre o que você e o Fit conversaram ontem? Algo aconteceu entre eles dois... — O jovem perguntou baixinho para o de cabelos coloridos, fingindo olhar para as crianças que assistiam filmes e comiam doces.

— Como sabe que eu e o Fit conversamos? — Mike respondeu, franzindo as sobrancelhas.

— Ah cara, eu só acordei pra beber água e vi vocês dois no telhado, nada demais. Não ameaçou ele, ameaçou?

— Claro que ameacei, ele vai namorar meu irmão, era meu dever ameaçar — Mike brincou, e os dois riram. — Ele... ele disse que ia oficializar o namoro hoje. Talvez seja isso, os dois idiotas devem estar nervosos pra hoje.

— HOJE? — Tubbo gritou de repente, atraindo a atenção de todo mundo pra eles. Sunny sentou ereta e ergueu uma plaquinha:

"Pa, o que tem hoje?"

— É, Tubbo, o que tem hoje? — Fit também perguntou, caminhando para se sentar entre a filha e o filho, erguendo uma sobrancelha para Mike como se soubesse sobre o que estavam conversando. Pela primeira vez, Mike corou ao ser pego no flagra fofocando.

— Presentes! — Tubbo desconversou, caminhando até a árvore de natal e segurando uma caixinha embrulhada em papel roxo. — Sunny, princesa, esse é pra você.

In time for christmasOnde histórias criam vida. Descubra agora