𝗦𝗨𝗘𝗥𝗧𝗘 ✵ Lionel Messi

TRECE | você escolhe seu sonho.

Sete da matina, Vitoria abria a porta da varanda do seu quarto, ela se sentou á mesa, abriu seu estojo com canetas, lápis, tintas e seu caderno, logo começou a desenhar.

— Madre, por qué hace esto cuando no estás bien? — seu filho mais velho perguntou aparecendo na porta.

— No lo sé, pero sana mi aflicción... — Vitoria responde, tira o olhar do papel e o leva ao seu filho.

— Como descobriu isso? — ele voltou a indagar, cruzou os braços e sorriu sem mostrar os dentes.

— Vem aqui! — a morena pediu, puxou uma cadeira e a pos em sua frente.

Assistiu o filho se sentar a sua frente, suspirou duas vezes e umedeceu os lábios.

— Antes de embarcar nessa aventura com seu pai, eu queria ser artista... — ela revelou curvando os lábios em um sorriso fraco. — Desde que me entendo por gente a arte é uma parte de mim, sua avó tem algumas fitas onde eu danço, interpreto e ainda tem quadros que eu pintei na sua idade.

— Nossa, eu não imaginava... — Thiago desatou em estado de choque. — Mas desistiu por conta do papai?

— Não! Eu desisti antes, Thiago, em certo período da minha vida, minha família fazia parte da alta sociedade, vivíamos em uma grande casa, eu estudava no melhor colégio, fazia aulas de balé. Mas como o Brasil, é Brasil desde sempre...uma crise chegou, os negócios do meu pai foram por água a baixo, fui arrancada da minha casa, da minha escola, da minha vida boa, eu só não passei fome pois minha tia que vivia na Argentina me levou para lá durante as minhas férias, onde eu fiquei até as coisas se estabilizarem com os seus avós. — a gaúcha contou fazendo um caminho com os dedos pela cocha.

— Mas não fez depois que conheceu papai, por quê? — o mais velho mantinha seu olhar sobre a mãe, curioso, sedento por uma resposta.

— Meu amor, quando eu conheci seu pai passei de uma jovem pobre, para uma jovem pobre com um namorado pobre... — Vitoria declarou soltando uma risada nasal.

— E depois que ficaram ricos? — Thiago questionava mais uma vez, inclinando seu tronco para conter a ansiedade.

— Eu resolvi fazer nutrição, não me pergunte o motivo. Tanto que quando fui escolher meu curso, Leo achou que eu gostaria de me matricular na faculdade de teatro e até levou os coordenadores e professores da melhor universidade voltada as artes de Barcelona para me conhecerem. — a brasileira exprimiu com uma expressão indecifrável. — O pai de vocês carrega uma culpa gigantesca sobre a minha carreira artística não ter acontecido, mas já cansei de explicar a situação a ele.

— O papai é um homem bom! — o menino declara, orgulhoso.

— Se dependesse do pai de vocês, todos os jovens sonhadores realizariam seus sonhos e seguiriam aquilo que realmente os fazem felizes. — Vitória é quem inclina seu tronco dessa vez.

Thiago não diz mais uma palavra, deixa somente um beijo na bochecha da mãe, desce da cadeira e volta para a sua cama.

A brasileira que permaneceu na mesma posição, correu os olhos pelo braço até encontrar a tatuagem que fez para o teatro. Ela desliza a ponta dos indicadores pelos traços, curva os lábios em um sorriso fascinante, consigo mesma, reflete sobre a possibilidade de futuramente seguir seu sonho. Provavelmente após a aposentadoria do esposo e seus filhos mais crescidos.