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Quando pensamos que podemos superar nossas vidas, somos abordados por novas pessoas, questionadores natos.

Confesso não esperar voltar a este mundo e conhecer os filhos do homem que prendeu no vazio, mais sabia que não iria voltar atrás na decisão de viver minha vida com liberdade.

Passando por eles, essa foi a última vez que os vi depois de alguns longos anos.

Havia se passado cerca de trinta anos, a sociedade havia mudado, a ciência avançado, e os demônios pareciam haver entrado em extinção, e por isso eu construí meu império no mundo dos vivos, no mundo real.

Fugindo de qualquer chance de voltar para o vazio ou o inferno.
Minha nova aparência também ajudava, estava em frente ao espelho admirando meu rosto que não parecia envelhecer nunca.

_ Você é incrível. Quem diria que eu conseguiria um rosto tão jovial, em um homem de trinta anos.

- Senhor Kim?
Tem visita. A Senhorita Nádia.

_ Diga que a verei em minutos.

Voltei ao meu reflexo, não foi fácil conseguir esse corpo impecável e este rosto.
Não voltei com essa aparência, quando vim aqui anos atrás, vim com uma aparência mais simples.

Mais logo com os anos se passando, percebi que aquela aparência não era boa o suficiente para meus desejos aqui.

E então o achei, Kim Seok Jin, trinta anos e solteiro. Sem filhos, amigos, sem família.
Apenas deitado em uma cama de hospital, em estado vegetativo.

Ele iria morrer, e por isso assumi o seu lugar.
Confesso apenas não saber lidar com seus sentimentos, seu coração pulsando rápido, como se sua alma ainda estivesse comigo.

Eramos quase como se estivéssemos ligados um ao outro, como se ele vivesse dentro de mim e eu nele. Como sua sombra ruim, e ele um pouco de sua bondade despertada.

Me retirei do cômodo, indo para a sala.
Nádia era minha noiva, mais confesso que nunca senti nada por ela, obviamente creio que seja normal.

Nunca tive sentimentos por ninguém durante décadas, não seria agora que sentiria algo romântico por alguém.

_ Oi meu bem - A beijei de relance e sorri - O que veio fazer aqui?

- Vim te buscar para almoçarmos juntos, espero que não esteja ocupado hoje.

Ela segurou meu braço com um sorriso fofo, eu apenas ri e beijei sua testa.

_ Desculpe docinho, mais tenho uma reunião de última hora.

Ela se afastou, e eu a toquei no queixo.

_ Mais não se preocupe, está noite te darei um presente especial.

- Quero muito saber qual!

_ É o que mais quer, não duvide.

Ela me beijou, e de fato me retirei a deixando com meus empregados em minha casa.

Durante meu caminho para o escritório, paramos no sinal a espera.

_ Podemos apenas ir mais rápido?

_ Desculpe senhor.

Relevei mais uma vez, olhando para a tela do meu celular, foi de imediato quando vi uma moça com seus pais, o que me chamou atenção de fato era que as tatuagens que eu não havia visto a muitos anos.

Apareceram na minha frente novamente.
Porém logo seguimos caminho, os deixando para trás.

Logo pude ter minha reunião com os acionistas da Kalvin Clain, uma marca cujo eu era embaixador.
Minha vida era bem agitada, por isso as vezes me pegava pensando, se ser apenas um humano comum.

Não era bem melhor do quê ser um demônio, perseguido e odiado.
Viver com esse disfarce para sempre, mesmo que eu não controlasse meus impulsos do inferno.

Havia um hobby que me ajudava com isso.

_ Senhor, vai para a base agora?

_ Sim, quero me desestressar.

Logo dirigimos até lá, o local que eu liberava meus demônios internos.
O meu mundo, e o meu reino neste mundo.

- Príncipe Fagá?

_ Sim?

- As meninas estão o esperando para o sacrifício.

_ O que é desta vez? E o que me pediram novamente?

Ela se afastou, trazendo uma garrafa pequena com um bilhete dentro.
A peguei, abri e verifiquei o que estava escrito.

_ Outro querendo riquezas? O que me trouxeram?

- Um porco.

_ Antigamente me davam crianças, humanos, dinheiro e suas almas. Agora me trazem porcos, e querem dinheiro em troca. Apenas façam o sacrifício sem mim, e o peça para trazer algo novo, algo fresco e puro.
Pode ser o sangue de alguém importante para ele, mais não precisa matar a pessoa.

Meus negócios decairam muito, afinal neste século, as pessoas não acreditam mais em nenhuma divindade como antes.

_ Não estou mais trabalhando com mortes.

Me afastei, e fui para outro cômodo aonde realmente eu poderia me aliviar.
Usando armas e tiro ao alvo, confesso não ser meu predileto, mais era melhor do que não me divertir com nada.

Pois este corpo tinha seus contras, como o cheiro de sangue.
Cadáveres, o que eu não poderia ver pois inconscientemente desmaiava como uma mariquinha.

Além de outras coisas, que não entendia sobre esse corpo humano ainda.
Mais não buscava entender de fato.

_ Senhor, a Senhorita Nádia está ligando?

Revirei os olhos e suspirei cansado.
Horas depois, no anoitecer eu voltei para casa.
Sendo recepcionado por ela.

- Aonde esteve Kim?!

_ Me deixe tomar um banho antes.

- Esqueceu do meu presente?

_ Liz, traga o presente da Senhorita Nádia. Preciso tomar um banho agora.

Subi, deixando meu aviso e Liz com essa responsabilidade extra.
Entrando em meu quarto, me despi e fui ao banheiro, entrando em baixo do chuveiro em sua temperatura média.

Me sentia aliviado por tomar um banho longo, meu corpo se sentia tão relaxado, que novamente reparei entre minhas pernas.

Este era outro problema deste cara de boa aparência, havia algo nele que em pequenos momentos, como esse.
Parecia o excitar, o que me deixava de mau humor.

E era por isso que tinha uma noiva, mesmo que a função dela seja apenas carnal, eu deveria a agradar por isso.
Logo ouvi sua voz, e passos vindo até o banheiro.

- Docinho, é lindo.

_ Que bom que gostou.

Ela abriu a porta e me mostrou o colar, logo me olhando de cima a baixo.

- Mais não sei se posso o molhar agora.
Devo?

_ Faça como quiser querida.

Então ela sorriu, tirando seu presente e o deixando de lado, entrando no banheiro em seguida, a vi começar a se despir, e eu foquei em voltar ao meu banho.

Dinastia Dos Sonhos 2Onde histórias criam vida. Descubra agora