Danger Bear!

00 - bear's past

— Mãe? Onde o papai está?

— Estou aqui ursinha! - Escuto a voz de meu pai no andar de cima de nossa casa e subo as escadas correndo - Gosta da cor? - Meu pai me pergunta quando passo pela porta de meu quarto

— UAU PAI! Eu amei! - Falava animada vendo as paredes do quarto pintadas de azul bebê

— Não vão comer? O almoço está na mesa, venha minha ursa - Mamãe fala logo me pegando nos braços - E você venha também papai urso - Minha mãe dizia apontando o dedo indicador ao meu pai que levanta as mãos e logo se levanta descendo as escadas conosco

— Kim-Ho! Pode descer aqui? Chegaram os novos ingredientes e não consigo levar tudo até os fundos - A voz da minha mãe me faz despertar das memórias do meu pai

Ele não havia morrido, tinha se divorciado da minha mãe e se assumiu gay, descobri através de uma de nossas ligações que ele estava namorando com um dos meus professores

Eu sentia falta do meu pai em casa, mas ficava feliz que o mesmo estivesse vivendo uma nova vida alegre

— Kai Kim-Ho! Você ouviu algo do que eu disse? - Minha mãe perguntava claramente irritada

Desço as escadas o mais rápido possível e começo a levar as caixas até a área da lanchonete da minha mãe

Aquele lugar era maravilhoso, lembro de muitas vezes que jantamos aqui juntas, só eu e minha mãe, imaginava o que meu pai diria ao ver que eu havia me aproximado tanto da minha mãe

Quando eu era mais nova sempre fui a ursinha do papai, e não achava que aquilo tinha mudado, eu sabia que meu pai me amava, mas com a distância acabei virando a gatinha da mamãe

— Mãe! O que é isso? - Pergunto entregando um envelope que estava em cima do balcão da lanchonete

— Era só o que me faltava, aquele idiota do Dae-Jin está me cobrando o aluguel três vezes mais caro - Minha mãe falava frustrada

— Mãe... quer que eu peça ajuda pro papai?

— Não! Seu pai já paga a sua escola não quero cobrar mais dinheiro dele... se não posso manter a lanchonete é um problema que eu tenho que resolver

— Quer que eu faça os bolinhos de porco? Eles sempre vendem muito...

— Não precisa me ajudar gatinha... vá para o seu quarto descansar, amanhã você tem aula - Apenas assinto e dou um beijo na bochecha da minha mãe que beija minha testa

Subo até meu quarto tentando não pensar no que o dia seguinte guarda...

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Enquanto andava no corredor da escola olhava pra todos aqueles grupinhos e me sentia deslocada. Com todas aquelas vozes e risadas altas parecia que era impossível não ouvir meus pensamentos negativos tentarem soar mais alto que qualquer som que meu ouvido pudesse captar

Me questionava todo dia o porquê meu pai não ter me levado com ele até a sua nova casa, se ele me amasse tanto quanto me amava quando eu tinha apenas dez anos porque não me manter perto de si, eu era realmente tão dramática e chorona ao ponto do meu próprio pai não querer que eu more com ele?

Entro no banheiro ainda presa no que pensava, dando de cara com a Se-Mi, ou a cuca como eu costumo chama-la na minha mente

— Olha só se não é a chorona, pelo que vai chorar dessa vez hein? Nota baixa? Má noite de sono? Ou por que seu pai não te ama?