Capítulo 5 - NANON

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Eu não consigo levantar, não consigo abrir os olhos. Escuto barulhos de máquinas de hospital, sabe aquelas que monitoram o coração do paciente. De vez em quando eu escuto alguém falar, escuto minha mãe e meu pai chorarem, pedirem pra eu acordar, e eu tento, tento mesmo, mas a escuridão sempre volta. Porém, tem alguém estranho que vem me ver, um toque que nunca senti, mas o cheiro me é familiar, chocolate e almíscar. A mão é grande, então sei que é um homem, ele nunca fala nada, só vem segura minha por um tempo, chora e vai embora.

Eu entendi que estou em um hospital, sei que algo grave aconteceu, porém, não consigo lembrar o que. Meus pais saíram e o homem está aqui agora, ele segura minha mão, escuto o seu fugado e sei que está chorando. Ele fala dessa vez, começa dizendo meu nome de forma tão doce com a voz chorosa:

- Nanon, meu amor, eu demorei demais não foi? Eu queria que você vivesse, conhecesse pessoas, que visse o mundo. Eu não te protegi como deveria e agora você está aqui, preso nessa cama de hospital, lutando pra sobreviver.

Ele começa a chorar ainda mais, escuto seus soluços. Não é culpa dele, não sei quem ele é, mas ninguém que fosse ruim o suficiente pra me colocar aqui, choraria desse jeito.

- 16 dias de dor e angustia, 16 dias esperando você acordar. Eu ainda não tinha falado com você, eu tô aqui pra te implorar hoje, hoje é 18 de dezembro, é seu aniversário, você está fazendo 23 anos, e tudo o que eu queria é ter você acordado pra comemorar. Tenho medo de você acordar e por não me conhecer ficar assustado ou não lembrar de mim, mas só acorda, Nanon.

Sinto ele encostar a cabeça na minha mão, sinto as lágrimas dele em contato com a minha pele. Eu quero muito acordar, mas não consigo.

- Sua mãe me mostrou o desenho meu que você fez. Ela me disse que você me viu na feira da faculdade e se apaixonou por mim, mas não teve coragem de falar comigo. Se você soubesse que eu te vi naquele dia e me apaixonei por você à primeira vista. Se você tivesse vindo falar comigo, acho que teria me ajoelhado aos seus pés.

Ele ri, mas não tem humor. Eu sou apaixonado por ele e ele é apaixonado por mim, mas não nos conhecemos? De repente uma imagem me vem à cabeça, o homem mais lindo do universo inteiro, com o sorriso mais devastador que já existiu, meu amor sem nome. É ele que está aqui?

- Eu te amo, passei os últimos 4 anos te amando de longe, sem sequer imaginar que você me ama também. Amor, eu te imploro, volta pra mim, por favor, bebê, eu não sei o que fazer se você não acordar. Como vou continuar vivendo sabendo que você está aqui, desse jeito? Como vou viver sem o seu sorriso cheio de covinhas? Como vou viver sem você?

Ele chora ainda mais, sinto seu corpo balançando com os soluços. Ele parece estar sofrendo muito, eu não posso deixa-lo sofrer assim. Reúno todas as minhas forças, eu preciso acordar, eu preciso dizer pra ele que vai ficar tudo bem. Eu abro os olhos, mas está muito claro, eu os fecho de novo, consigo mover a cabeça devagar e abro os olhos novamente, a claridade ainda incomoda, olho para baixo, é então que vejo uma cabeça de fartos cabelos negros encostada na minha mão, eu sinto as lágrimas escorrendo por entre meus dedos, ele está chorando muito, inclino mais um pouco a cabeça para o lado e vejo seu corpo sacodir. Eu tento abrir a boca pra falar, mas minha garganta está muito seca e não sai nenhum som. Eu tento mover minha mão direita que está entre as dele, eu fecho os dedos em voltados dos seus e aperto. Ele levanta a cabeça e olha pra mim, seu rosto está molhado e seus olhos inchados de chorar, a surpresa parece fazer ele parar de chorar.

- Nanon? Você acordou?

Ele volta a chorar, solta uma das mãos e aperta um botão ligado a um fio que está próximo a minha cabeça. Em questão de instantes várias pessoas de branco entram no quarto e vem correndo pra mim, ele solta minha mão, vai pra frente da cama, a porta de abre mais uma vez e então vejo meus pais entrando e abraçando o homem, os três choram abraçados. Parece que foram tempos de difíceis pra eles, e isso os fez se aproximar. Eu tento falar, mas não sai nada.

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