Eu conheço meu parceiro de missão.

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Tudo tem um fim.
Era isso que eu pensava enquanto corria com meu cavalo pelas estradas de terra. Eu não conseguia conter o choro. Sentia tanta falta de minha mãe e de meu pai que a tristeza se transformou em ódio. Jurei que mataria cada um da família real, assim como fez o Rei Archie com minha família. Então, com minha adaga e com meu cavalo, Miles, corria até o Palácio Real, buscando vingança.
      Não demorou muito para que Miles ficasse cansado, então nós dois paramos num bar, onde havia vários homens bêbados caídos. Tirei meu chapéu e prendi meus cabelos negros, que estavam bagunçados por causa do vento. O deserto era realmente tenebroso. Quente de dia, frio de noite.
      -Fique aqui, amigão. - Falei para Miles, enquanto o acariciava. - Eu já volto.
      Eu entrei no bar. Alguns homens velhos me olhavam com repreensão, e outros me olhavam com maldade. Comecei a me sentir desconfortável, então só os ignorei e me sentei numa mesa, que estava bem distante da saída. Chamei o garçom e pedi apenas um copo de café.
        -Olá! - Levantei o rosto e vi uma figura com olhos azuis. Seu cabelo era ruivo e estava despenteado, mesmo assim aquela criatura era bonita. Quando olhei para seus dentes, meus olhos iluminaram-se.  - Ouvi dizer que está indo para o Palácio Real.
       - Primeiramente, quem é você? – Perguntei, tentando não dar tanta atenção. 
       - Ah, desculpa, não me apresentei. Meu nome é Cole Barclay.
        O nome era muito familiar para mim. Tentei buscar no fundo de minha mente, mas não obtive sucesso.
       - E como sabe que eu estou indo para o Palácio Real? 
        Cole deu um sorriso, e eu pude notar que seus dentes eram brancos como neve. Minha mente me levou quando tinha 8 anos, e amava ver a neve cair em seu jardim.
      - Eu só tenho uma intuição boa, querida.
     Me afastei um pouco dele, colocando a mão sobre a adaga. Meus dedos estavam frios e trêmulos.
      - Tá, por que veio aqui falar comigo? – Com medo, dei um sorriso sem graça para não parecer grossa. Cole, aproximando-se, esboçou um sorriso grande.
      - Eu sei que quer matar o Rei Archie, Alex Lopez.
      Imediatamente tirei a adaga de minha bainha, e avancei para Cole, colocando-a em seu pescoço.
      - COMO SABE MEU NOME? – A gritaria fez o local ficar em silêncio. Os homens bêbados pararam de tomar suas cervejas e olharam diretamente para mim.
      - Meu Deus, caramba, como não se lembra? Eu sou Cole Barclay, seu amigo imaginário de quando você era criança.
      Tirei a adaga do pescoço de Cole. Nada mais fazia sentido, Cole fora só um amigo imaginário quando eu tinha 8 anos. Como ele poderia estar ali, agora, vivo?
      - C-Como isso... como você existe?
     Cole esboçou outro sorriso.
      - O problema é esse, eu NÃO existo. Eu sou uma projeção da sua imaginação. Um conforto, entende? 
      - O quê? – Levantei-me da cadeira, ficando quase na altura de Cole.
      - É complicado, Lopez. Digamos que eu sou seu "protetor", mas não se apaixone, querida. Você não faz meu tipo.
      Executei uma expressão confusa. Minha mente estava um turbilhão. A magia ou feitiçaria realmente existia?
      - Olha, - continuou Cole - Não fique assustada, Lopez. Você tem potencial.
       Não esbocei nenhuma reação. Já estava tão morta por dentro que sorrir era impossível. Então, me levantei e sai do bar. Lá fora estava frio e escuro, mas eu não queria voltar para dentro do bar e conversar com aquele fantasma bonitão.
- Você sabe que eu posso me teletransportar, né? – Cole apareceu do meu lado, me assustando e deixando cair minha adaga de ouro.
- Caramba. – Cole estava impressionando com a adaga. – Eu lembro que sua mãe te deu essa espada quando você era criança.
- É. – Limpei a terra que estava na arma, e então meu rosto refletiu na adaga como se fosse um espelho. Eu era jovem, mas ao mesmo tempo tão cansada e velha. – E, só para você saber, essa espada é uma adaga.
Cole apenas deu de ombros.
- Você vai continuar sua caminhada em busca de vingança?
Arrumei a sela em Miles e subi em cima dele.
- Sim. Mas primeiro preciso entender um pouco sobre você. Vamos, preciso encontrar uma bruxa.
O fantasma não gostou da ideia.
- Uma bruxa? Você ficou maluca?
Produzi uma feição brava.
- Cara, você é um fantasma. Eu não sei como posso ter produzido você na minha imaginação depois de tantos anos, por isso, preciso de uma bruxa para me guiar. Bruxas são pessoas que mexem com a magia e o místico, o sobrenatural e o mistério. E você é tudo o que eu descrevi, portanto, você vai comigo.
Cole ficou em choque. Ficou alguns segundos olhando diretamente para meus olhos e, por fim, desapareceu. Revirei os olhos e segui a estrada. Mais à frente, o fantasma retornou a aparecer, e com boas notícias.
- Já sei em qual bruxa nós vamos!! Ouvi por aí que Helena Lenz é uma ótima bruxa, e não do mal.
- Nenhuma bruxa é do mal, bobinho. – Cole fez uma careta, e eu retribui. – Aliás, também já ouvi falar dessa Helena.
- Então finalmente é a hora de descobrir esses segredos.
- Cole. -  Eu o chamo. 
- Oi.
- Obrigada.
- Pelo o quê?
- Por existir.
O fantasma deu uma risada bem alta.
- Eu não existo. Não por enquanto.
Revirei os olhos novamente, e dei de ombros. Minha caminhada tinha apenas começado.

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