Liberdade

Capítulo 8

TRÊS SEMANAS ATRÁS.

- Eu não queria ter que te dizer isso... –comecei sem saber como iria continuar.

Erick estava sentado na minha frente, seu semblante transbordava preocupação. Eu sabia que estava transformando tudo em algo maior do que realmente era. Mas eu não queria contar para ele o que meus pais haviam decidido.

- Por favor, Aaron, conta logo. –pediu ele mais uma vez.

- Meus pais decidiram que eu vou morar com meu pai. –disparei.

O rosto de Erick fechou em um misto de confusão e tristeza.

Depois que minha mãe descobriu que eu sou gay eu passei mais um ano e três meses namorando o Victor, até ele ter a brilhante ideia de me trair, tirar fotos e ficar bêbado, ou seja, eu recebi as fotos dele mesmo. Eu fiquei arrasado, mas não ia ficar me torturando e continuar com ele sem poder confiar nele novamente. Chorei por alguns meses, até o Erick aparecer e trazer a luz novamente para a minha vida, estávamos namorando há cinco meses.

- Eu não sei o que dizer. –disse ele quando uma lágrima se formou em seu olho.

- Não diga nada. –disse olhando em seus olhos.

- Eu volto antes do período letivo do próximo ano começar. –disse como uma promessa de que ficaríamos bem.

- Aaron, -ele sussurrou meu nome ainda segurando a lágrima em seu olho. – nós sabemos porque seus pais decidiram isso e também sabemos que você não volta ano que vem.

Eu me recusava a acreditar que aquilo seria verdade. Por que coisas assim precisavam acontecer quando tudo estava tão bem? Mas minha mãe havia deixado os motivos dela bem claros quando gritou comigo quando eu voltei para casa hoje pela manhã. Não sei como ela não havia me trancado no meu quarto até o dia que meu pai viria me buscar.

- Você não está sugerindo... –deixei a frase morrer quando me dei conta de onde aquela conversar iria acabar. – Não, não, por favor. –disse entre lágrimas.

- Você sabe que eu não vou conseguir. –disse ele deixando a lágrima escapar.

- Nós... Você... Ainda podemos tentar. –disse entre mais lágrimas e soluços.

Ele me abraçou forte, não era um abraço como todos os outros que trocamos no tempo que estávamos juntos, não era um abraço caloroso, não era o abraço que eu estava habituado a receber daqueles braços que um dia me tiraram da escuridão. Era um abraço com um toque de despedida, era uma abraço relutante, era o último abraço.

- Não faça isso com a gente. –pedi olhando em seus olhos quando ele me soltou de seus braços.

- Eu não estou pronto para esse tipo de relacionamento. –disse ele. – Eu te amo, Aaron, mas um relacionamento a distância ia me ferir demais.

- Tente. –pedi segurando suas mãos e olhando em seus olhos.

Ele apenas olhou para mim em silêncio enquanto as lágrimas rolavam por seu rosto. Meu coração voltou para o mesmo lugar no qual um dia ele esteve, um lugar frio, escuro, sem esperança.

Senti suas mãos segurando meu rosto e sua testa tocar na minha.

- Eu te amo, Aaron. –disse ele plantando um beijo rápido em meus lábios. – Mas eu não posso te pedir para esperar por mim, talvez eu nunca fique pronto para um relacionamento à distância. –ele voltou a plantar um beijo em meus lábios.

Era um beijo diferente, um beijo de promessa, um beijo de esperança. Ele saiu algum tempo depois e me deixou sozinho sem saber o que pensar, sem saber se ele tentaria ou se estava desistindo, mas eu descobri que ele estava desistindo alguns dias depois quando ele começou a me evitar.

Era comum eu derramar lágrimas todos os dias antes de dormir até o dia que meu pai veio me buscar, o dia amanheceu como outro qualquer, levantei da cama, as malas estavam empilhadas em um canto do quarto.

- Aaron, hoje as coisas vão mudar para você. –disse me olhando no espelho do banheiro. – Essa noite foi o último dia que você chorou por ele

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Mais um pessoal. Eu sei que está curto, mas eles vão começar a ficar maiores.

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O próximo capítulo sai na sexta.

See ya! XX