Prólogo

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Entrei naquela boate que fedia a todo tipo droga.
As luzes coloridas piscavam de forma frenética, ao ponto de poder matar um epilético, a fumaça produzida pelas máquinas em algum momento se misturava com a fumaça dos fumos usados ali dentro.

Duas das minhas meninas me acompanhavam, ambas líderes de diferentes divisões da minha gangue, me causando tranquilidade.

Subimos para o primeiro andar pela escada principal, que estava fechada para o público geral. Um segurança que estava próximo não olhou para nós, não mexeu um dedo para nos impedir, apenas levou um rádio a boca.

— Elas chegaram.

Ele esperavam por nossa visita.
Assim que chegamos no andar de cima, seguimos a direção da maior porta.

Abri a mesma e fui em direção a única cadeira vazia, as duas ficaram em pé atrás de mim, uma a direita e outra a esquerda.

A sala era um exagero de tão grande, com obras da era renascentista pintadas a mão no teto e em apenas uma parede, no centro uma enorme mesa redonda, com muitas cadeiras ao redor, todas sendo ocupadas pelos atuais maiores chefões de Tóquio.

— Quanto tempo, Tina Helmers — Mikey falou meu novo nome com deboche - eu realmente achei que você não viria mais.

— Eu não poderia deixar de vir aproveitar essa... — procurei por uma boa palavra para descrever aquele lugar deplorável — festa adorável.

— Isso soa tão irônico saindo de sua boca, já que a festa começou faz quatro horas — Hanma falou com um sorriso venenoso.

-—Acho que me perdi no horário — olhei para cima e dei de ombros.

— Sempre com o senso de humor impecável — Kokonoi comentou com o olhar sério.

— Obrigada! — agradeci sorridente.

— Já deu — a voz de Mikey cortou a conversa como um trovão — você só está aqui por causa de uma coisa: a resposta. Qual é ela?

— Parece que você não mudou nadinha — balancei minha cabeça de forma negativa - continua chato, como sempre... E eu pensando que isso fosse melhorar com o tempo — sorri de lado e o Sano ficou mais sério — De qualquer forma, dar essa resposta não é tão simples quanto você imagina, não envolve só a mim ou você, envolve também o passado de todos os fundadores, tanto da antiga Toman quanto da Jaxy Onheama. Essa resposta eu vou dar em nome deles, principalmente por aqueles que morreram no meio do caminho — esperei por algum comentário, como não teve, eu continuei — a minha resposta é a mesma de doze anos atrás: não, eu me recuso a fundir nossas empresas... Que a propósito você nem empresa tem, isso aqui só serve pra lavagem de dinheiro, ao contrário de mim, que realmente tenho uma marca e um nome a zelar.

Mikey segurava uma taça, quebrou a mesma e o líquido escuro do vinho manchou sua mão.

— Espero que não se arrependa de sua escolha — respondeu entre dentes.

— Eu nunca me arrependo de minha escolhas — apoiei meus cotovelos na mesa e coloquei meu rosto entre minhas mãos — mas, obrigada pelo aviso!

— Aproveite a festa — continuou a fala no mesmo tom.

— Mas você já está me expulsando? — com uma falsa decepção me levantei — eu realmente estava querendo ficar mais um pouco para conversar, mas tudo bem eu não fazia questão — soltei uma risada e caminhei em direção a saída.

As meninas me acompanharam, mas assim que abri a porta vi uma sombra correndo em minha direção.

—Quem?... - sussurrei estreitando os olhos para enxergar melhor quem era — Takemichi?

Ele arregalou os olhos e tentou parar, mas não conseguiu e nos trombamos.
Milhares de raios invadiram minha visão, o chão escapou de meus pés e por um momento eu imaginei estar voando em algum tipo de limbo.
Fiquei assim por longos segundos, até minha consciência voltar.

Eu me encontrava deitada.
Me sentei rapidamente e observei o local que acordei: um quarto relativamente pequeno, com pôsteres de cantoras e coisas aleatórias, uma janela, um armário com espelho e uma mesa de estudos.

— Tina? — uma voz feminina me chamou.

Eu conhecia esse quarto e essa voz, mas de onde ela estava vindo?

— Responde Tina, caralho — a voz pareceu se irritar.

— Sim? — respondi lentamente tentando descobrir a fonte da voz.

— Aparece aí na janela!

Me levantei rápido demais, o cobertor se enrolou no meu pé e acabei caindo com força no chão.

—Que barulho foi esse? Você tá bem? — não respondi, apenas praguejei baixo de dor — Eu tô subindo aí.

Suspirei irritada e fiquei ali, sentada no chão esperando pela voz.
Nada fazia sentido. Onde eu estava? Quem é que estava falando comigo?

— Tina, tô entrando — falou abrindo minha porta e então finalmente entendi o porquê eu reconhecia aquela voz: era Yuzuha, só que muito mais nova — que porra você tá fazendo no chão? Vai me dizer que esqueceu de novo a festa do Mikey? Geral tá esperando você — a menina suspirou irritada - Bora, levanta.

A Shiba me puxou pelos braços e me colocou de pé, em seguida abriu meu armário, começando a remexe-lo.

— Yuzuha? — perguntei ainda incrédula.

—Sim? —sua voz saiu abafada por ela estar quase entrando no armário, faltava pouco para encontrar Nárnia.

— O que... — fui interrompida.

— Achei! — gritou finalmente saindo do armário com um vestido preto em mãos — veste isso, coloca um tênis ou um salto e vai pra sala — me jogou a roupa e saiu do quarto — Não demora!

Pisquei algumas vezes tentando raciocinar, olhei ao meu redor novamente e lembrei de onde eu conhecia aquele quarto: foi onde eu vivi durante toda minha adolescência.
Coloquei a roupa com agilidade, peguei o primeiro tênis que vi e passei um batom que estava me cima da mesa, saí correndo do cômodo e dei de cara com Yuzuha.

- Seu cabelo tá um horror - ela passou a mão em meus fios tentando ajeitar - melhor que nada.

A Menina pegou minha mão e me puxou para fora do apartamento, descemos com agilidade todos as escadas e fomos ao estacionamento.

— Você realmente anda me decepcionando, Tina — a Shiba comentou colocando seu capacete e me entregando o meu — cadê aquela líder pontual e responsável do começo?

Não respondi e apenas subi na moto — para onde estávamos indo?

— Não arranja encrenca — Yuzuha falou como se lesse meus pensamentos — eu, nem a Emma estaremos lá para apaziguar as coisas... Aproveita a festa do Mikey como se fosse algo de amigos, porquê vocês são amigos, independente das gangues.

Assenti com a cabeça, mesmo sendo provável que a menina não tivesse visto.

Após longos minutos finalmente chegamos na frente de uma casa que não era desconhecida por mim.
A casa dos Sano's, eu vivi minha infância naquele lugar.


(Capítulo teste, se não der bom, apago tudo e fingo demência)

O Acordo - Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora