Lost Souls - Kurama

Capítulo 3

"Meu irmão fantasma e o mundo espiritual!"

Cai de joelhos, o policial havia me soltado, ele estava de pé ao meu lado. Yusuke caminha até o próprio corpo e se agacha, analisando, eu acompanho o seu movimento com o olhar.

- O quê que está acontecendo aqui, hein? - ele se questiona.

- YUSUKE! - escuto a voz da Keiko, ainda estou no chão. - Akiko! - ela me chama e fica de joelhos ao meu lado.

Eu me levanto e caminho até a ambulância, Keiko me solta e coloca a mão na boca.

- Yusuke! - ela chama ele, ficando do lado da maca. - Yusuke! - ela chama.

Olho sobre o ombro, para o fantasma do Yusuke, Keiko me abraça.

- Não é seguro! Para trás! - um dos paramédicos começa a nos empurrar, volto minha atenção para ele.

Tiro as mãos dele sobre mim.

- Ele é meu irmão! - falo com confiança.

- Eu estou aqui! - Yusuke gritava.

Fecho os olhos, Keiko me segura contra ela.

- Ele é meu amigo! - Keiko diz.

- Só pode ir uma com ele. - ouso um dos paramédicos dizer.

- Alô! - ele continua gritando. - Eu estou aqui!

- Elas conhecem a vítima. - outro paramédico diz.

- Entendi, mas ainda sim só pode uma. - o outro fala.

Abro os olhos, viro meu corpo para Keiko.

- Vai com ele. - seguro os ombros dela. - Eu vou avisar a minha mãe. - minto.

Ela concorda com a cabeça, se solta das minhas mãos e entra na ambulância, me afasto da ambulância e fico de lado, olho para o fantasma do meu irmão, ele se aproxima da ambulância e tenta chama a atenção da Keiko, que está de costas para ele e não está o ouvindo.

A porta da ambulância desse, passando pelo corpo do meu irmão, me assusto e arregalo os olhos, Yusuke também se assusta quando a porta passa pelo seu corpo, ele vira o corpo para o homem que fechou a porta e que passa pelo corpo do Yusuke.

- Tá doido? - ele se questiona, ele olha para o chão, erguendo a cabeça lentamente. - É serio isso? Eu morri? - Yusuke se questiona.

- Morreu! - respondo com os lábios entre abertos.

Yusuke me olha e se aproxima.

- Você está me vendo? - me questiona.

Meu corpo se arrepia, confirmo com a cabeça, a ambulância começa sair, Yusuke acompanha com o olhar e eu faço o mesmo, olhando para a ambulância.

- Ah, então quer dizer que eu virei um fantasma? - Yusuke se questiona.

- Virou! - respondo.

Olho para ele, ele me olha.

- Até que os garotos de hoje em dia estão entendendo bem rápido! - alguém fala.

Yusuke e eu viramos para trás, não havia ninguém ali, de repente, uma moça de cabelo azul e kimono rosa surgi do nada. Ela sorri para o meu irmão e logo depois vira o olhar para mim.

- Já você, consegue ver fantasmas, isso é interessante. - ela ainda sorri.

- Não é não. - comento horrorizada.

- Muitos que morrer em acidentes súbitos como esse... - ela ignora meu comentário, aponta para a ambulância. - Se recusam a acreditar que morreram. - ela comenta com alegria. - E isso... - ela aponta para o meu irmão. - Facilita muito as coisas, sabia? - termina de falar.

Eu a olho de cima a baixo, joga a cabeça um pouco de lado, olho para Yusuke que olha para mim, ele não sabe quem ela é, e eu também não, olhamos para ela ao mesmo tempo.

- E você é a famosa... - Yusuke e eu falamos em uníssono.

Ela se surpreende com o tom da nossa voz.

- Eu sou a guia do mundo espiritual. - ela coloca as mãos na frente do corpo. - Meu nome é Botan. - ela se apresentou, olhando para algo além de mim. - Eu sou a deusa da morte, como dizem os ocidentais. Prazer! - ela estica a mão para o meu irmão.

- Que mané prazer, o quê? - meu irmão fala indo para cima dela.

Botan se encolhe.

- Ai, você tá de mau-humor, né? - ela o questiona, vindo até mim, ficando atrás de mim.

Reviro os olhos.

- Ele é assim mesmo! - comento, olhando por cima do ombro.

- É claro que eu estou. - meu irmão fala alto. - Eu acabei de ser atropelado! - ele diminui o tom de voz.

- Como se você se importasse com isso! - comento baixinho.

Ele me olha desconfiado.

- Queria o quê? Que estivesse rindo para você, mostrando as canjicas? - meu irmão questiona para Botan, me ignorando que eu ainda estou na frente dela.

Ela fica do meu lado pegando uma ficha, ela olha para as anotações.

- Já vi aqui. - ela fala, olha para mim. - A personalidade dele bate com o arquivo. - ela diz.

Olho para o arquivo, lendo a mesma coisa que ela, concordo com a cabeça olhando para o meu irmão com um sorriso nos lábios.

- Mas... - ela olha para mim e aponta. - Isso não explica o fato de você conseguir ver ele e a mim.

Olho para ela como se aquilo fosse obvio demais para mim, cruzo os braços, ela volta a atenção para meu irmão.

- Yusuke Urameshi, 17 anos, garoto rude, violento, impaciente e imprudente. Péssimo comportamento, e é muito burro. - ela começa a dizer. - Briga, fuma, bebe e curte jogatinas e tem uma irmã gêmea. - seu sorriso se amplia. - Deve ser você, Akiko Urameshi. - a ficha muda. - Não morta, garota simples, amigável, carinhosa e boa de briga, ótima aluna e muito inteligente. - ela lê a minha ficha. - o oposto do irmão, pode se ver.

- Quê? - meu irmão fala.

- É verdade? - ela coloca a mão na boca como se estivesse em choque. - Caramba, você é mau mesmo, né, garoto? Talvez tenha sido melhor você ter morrido.

Seus lábios estão entre abertos, ele olha para a minha ficha e para mim.

- Hum! Mesmo assim, não fala como você consegue nos ver. - ela olha para mim. - Independente, vamos ver o que acontece.

- Cala a boca e me deixa em paz! - meu irmão dá as costas para nos duas e caminha para longe da gente.

- Aonde você vai? - ela olha para mim. - Aonde ele vai? - ela olha para ele, começando a segui-lo. - A nossa conversa ainda não acabou, não! - ela fala para ele.

Olho em volta e percebo que ninguém notou que eu estava falando "sozinha" praticamente, olho para os homens dos primeiros socorros, nenhum deles parece perceber a minha presença. Olho para onde Botan e meu irmão estavam, nenhum dos dois estão ali mais.

Dou as costas para eles e começo a correr, corro na direção do hospital o mais rápido possível, aperto o passo, sinto um arrepio e paro de correr, com a respiração ofegante e meu corpo começando a suar, olho em volta, nada fora do normal, nego com a cabeça e volto a correr.