Pesadelo

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A dor atravessava seu peito de uma forma excruciante. Enquanto sua consciência se esvaia, Bobby escultava os gritos de seu pai desesperado. A culpa o preenchia junto do seu sangue, manchando as suas roupas, como se fosse culpa sua toda aquela situação. Os "e se..." pairava por sua mente.

"E se tivesse ouvido se pai..."

"E se fosse melhor se defendendo..."

Quando a dor foi demais e sua mente não tinha mais forças, Bobby acordou na sua cama.

Ele estava suado, e sua respiração ofegante. Bobby analisou o ambiente que estava. As sombras se projetavam mais escuros no quarto, Richas dormia na cama ao lado lembrado que estava tudo bem. Aos poucos a respiração de Bobby se estabilizava.

Tinha sido só um pesadelo e estava tudo bem agora, ele estava em casa e bem. A dor tinha sumido.

Bobby levantou e foi para cozinha buscar um copo d'água em busca de se acalmar.

Ele estava vivo, ele estava bem, não era culpa dele.

Ele saiu correndo quando ouviu um apito que não tinha deduzido na hora que era do filtro. Bobby correu para a cama com medo do que tenha pegado no sonho ainda estivesse ali. Ele fechou os olhos para poder dormir novamente. Mas a batida na janela o assustou o impedindo de dormir.

Sua respiração acelerou novamente, era real demais, a dor era real demais, a culpa era real de mais. Bobby estava com medo.

—Richas, Richas!¿Estás despierto?- ele jogou o travesseiro no irmão.

— To não...-disse despertando ainda.

— Então como ta falando?

Richas levando a cabela com um olhar mortal a Bobby que não conseguia levar a ameça a sério com aquele toca de cetim na cabela do irmão.

— O que você quer?-ele bocejou.

—¿Quieres hacer algo genial? Bora virar anoite juntos, só você e eu como antigamente- Bobby sorriu torto com esperanças do irmão fazer companhia para ele e o distrair da sua mente.

Richarlyson parou por alguns segundo antes de voltar a deitar.

— Você me acordou pra isso? Vai dormir.

— No!no! ¡Quedate conmigo!.

O desespero de Bobby foi o suficiente para alertar Richas. Seu irmão não era assim. A contra gosto ele sentou na cama.

— Não consegue dormir, né? Teve um pesadelo por acaso?

—¿Yo?! Nunca! Eu só queria fazer algo legal com meu irmão, não pode mais isso não?

Richarlyson pegou o travesseiro e jogou na cama ao lado, acertando Bobby na cara.

— Se ta com medo de alguma coisa por que não vai dormir com nossos pais?

Ele começou o olhar para a cerâmica branca do piso envergonhado. Como poderia explicar que não queria dormir com seus pais por vergonha? Ele era o mais velho, não poderia fazer mais isso com 12 anos. Ele precisava ser forte. Irmãos mais velhos não acreditam em bichos debaixo da cama, eles são os heróis que derrotam esses monstros para os mais novos.

Com um suspiro de Richas ele levanta e puxa Bobby para o quarto dos irmãos mais novos entre pulos, ele tava com preguiça demais e sono para pegar as muletas debaixo da cama.

Sem entender nada, Bobby segue o irmão que acordava Pepito e Hope.

"Quem quer dormir na cama do nossos pais?", perguntou em libras.

Ambas as crianças concordaram despertando do sono.

"Então tem que seguir o que eu falar, ok?"

Pepito tinha problemas de audição, então não era incomum eles se comunicarem pela língua de sinais, porque o garoto estava ainda sendo introduzindo o aparelho auditivo e por isso muitas vezes não usava. Seus pais tinham entrado em consenso de ensinar apenas libras por enquanto por morarem no Brasil e ser mais fácil de achar que a LSM, língua de sinais mexicanas.

Cellbit se encolhia no peito do marido como um pequeno gato quando acordou com 4 pares de olhos o fitando às três da manhã. Ele levantou em sobre salto.

— Vocês estão bem?! Quem se machucou!?

Roier se levantou devagar com sono ainda.

—¿Que pasó?

Pepito foi mais rápido e subiu na cama do casal, abraçando Cellbit ainda alerta.

"Posso dormir aqui? Tive um pesadelo" sinalizou.

—Es sólo un sueño, ve a dormir a tu cama. No morirás por esto- era normal eles falaram ao mesmo tempo que sinalizaram para se acostumarem ainda com as palavras.

Cellbit ignorou o marido.

"Claro, amor", ajeitou Pepito com eles. Que deitou nos braços de Roier que apesar de a contra gosto tinha arredado para o filho ficar mais confortável.

Hope foi o próxime.

— Eu posso também? O Richas contou uma história de terror pra gente e não consigo dormir-Cellbit ajudou ê pequeno a se ajeitar também.

— Pai, a culpa não foi minha! Eles perguntarem quem era o El Marina! Ai eu tive que falar historia. Você não pode me culpar por espalhar as informações! É direito deles, você não pode me reprender por falar a verdade! O povo precisa saber.

Cellbit suspirou abrindo mais espaço.

— E você ta com medo também?- hesitante Richas concordou indo para o cantinho na cama. - Por que você tá parado aí Bobby?

O garoto ainda estava no pé da porta, ele suspirou e saiu se jogando na cama dos pais, no meio dos todos.

—¡No es justo que ellos puedan dormir aquí y yo no!- disse indignado, o máximo que conseguia.

Cellbit só desistiu depois de ter sua cama invadida e ajeitou os garotos no meio deles. A noite tranquila tinha acabado de ganhar um agito especial. Não demoraria muito para que Richas estivesse chutando a cara de alguém e Pepito acabassem em cima de Roier.

Bobby sorriu para Richas e fechou seus olhos, com a certeza do que acontecesse nos seus sonhos, não precisava se preocupar porque sua família iria o proteger.

If We Have Each Other- GuapoduoOnde histórias criam vida. Descubra agora