Eu analisava a movimentação no hospital, tudo estava calmo para uma sexta à noite. Inesperadamente, ouvi o som da ambulância se aproximando e rapidamente a recepção se encheu. De dentro do carro saíram alguns paramédicos e, em uma maca, um garoto, aproximadamente da minha idade, desacordado, havia uma máscara de oxigênio em seu rosto. Todos os médicos estavam agitados, e um tanto quanto curiosos, sobre o paradeiro do menino. Os mesmos o levaram para o pronto-socorro, e então, não tive mais notícias.
Tempos depois, Jess, minha enfermeira, sai com o garoto do pronto-socorro, levando-o para o quarto ao lado do seu. Em seguida, pegou a ficha na porta e começou a preencher os dados do mesmo. Eu, então, arrumei meu cateter e coloquei sua bolsa de oxigênio no ombro.
- Olá, Jess. - Eu era tratado pela enfermeira desde meus sete anos.
- Olá, Remmy, tudo bem com você? - Enquanto ela falava, eu analisava a ficha do garoto.
Nome: Sirius Black
Internação dada por: Hipoglicemia/Diabete Tipo 2.
Tipo sanguíneo: O-
- Tudo sim. - Respondo oferecendo um pequeno sorriso. - Bem, o que aconteceu com ele? Estava aqui na hora da confusão.
- Hiperglicemia. Ele estava em casa quando começou a convulsionar e apagou, seu irmão ficou apavorado, mas pediu ajuda a tempo.
Ao terminar de dizer, ela aponta com a cabeça para uma família que estava sentada a poucas poltronas de distância de onde o garoto estava sentado anteriormente. Havia uma mulher, de longos cabelos pretos e uma beleza fenomenal, um homem, de óculos quadrados e pele bronzeada, e por fim, um garoto, extremamente parecido com os anteriores, era muito bonito, usava óculos, mas dessa vez redondos, tinha a pele bronzeada e cabelos extremamente pretos e rebeldes.
O garoto que entrou há poucas horas não se parecia com nenhum deles, mas eu decidi não questionar, me despedi da enfermeira e fui em direção ao meu quarto, sentindo um olhar queimando em minhas costas. Ao virar para fechar a porta, me deparei com o garoto moreno o encarando, mas apenas o ignorei e segui adentrando no apartamento.
Ele começou a fazer sua rotina de sempre, tomar seu banho, limpar a sonda que havia em sua barriga, vestir seu pijama e tomar toda sua medicação. Ao se deitar, começou a reparar na constelação na parede feita por Oliver, seus olhos marejaram, mas ele não se permitiu chorar. Lá eu vi ela, Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno. E com essa visão, eu adormeci.
No dia seguinte, acordei com raios de sol em seu rosto e uma cabeleira loira arrumando meus remédios no carrinho de madeira.
- Bom dia, Rem. Trouxe seu café da manhã. Eu separei suas frutas favoritas, e olha o que consegui, - Ela diz tudo com um grande sorriso no rosto, pegando algo na bancada de trás dela, mas logo se virando para mim novamente - Romãs! Bem, se alimente direitinho, depois vamos fazer os testes em você para ver se o tratamento está fazendo efeito.
Ouvi tudo que ela disse sem dizer uma palavra, ainda estava leigo devido ao sono, concordei com a cabeça e assim que ela saiu do meu quarto, fui em direção ao banheiro, troquei de roupa, lavei meu rosto e arrumei meu cabelo. Voltei para cama pegando meus inúmeros remédios e virando todos no pudim, era mais fácil tomar tantos assim. Comi minha salada de frutas e o pão, tomei todo suco e então descasquei a romã, com todo cuidado do mundo, tinha isso na cabeça desde que andei pesquisando a teoria da Romã.
Terminei minha refeição, escovei meus dentes e fui em direção à sala de check-ups, eu vestia uma calça de moletom marrom e uma camiseta branca básica com um cardigã bege. Ao chegar na sala, me deparei com o menino de ontem, dei bom dia, mas ele pareceu não escutar, ou apenas decidiu me ignorar. Passei a reparar nele então, tinha cabelos pretos e longos, na altura dos ombros, as unhas estavam pintadas de preto, seus olhos estavam profundos e com olheiras, usava também um moletom cinza e uma camisa de tom escuro, tinha pendurado no pescoço fones de ouvido e mexia no celular, conversando aparentemente com alguém.
- Qual seu nome? - Me assustei com o tom grave de sua voz.
- Olha só, para alguém que não respondeu meu bom dia, está falante, não é mesmo? - Ouço ele bufar e repetir a pergunta. - Remus, Remus Lupin. E o seu, Miss Simpatia?
- Sirius, Sirius Black. - Ele fala preguiçosamente. - O que você tem?
Fico em choque com a pergunta e com a indelicadeza. Abro a boca diversas vezes, mas nada sai dela.
- Me desculpe, fiquei curioso, saca? Os cateteres e tal. - Realmente, os tubos que saíam de meu nariz chamavam a atenção, mas o jeito com que a pergunta veio sem escrúpulos me assustou.
- Tenho câncer de pulmão. - Aparentemente, a minha resposta o assustou. - E você? O que te traz aqui?
- Crise de Hipoglicemia, não é a primeira vez que isso acontece, mas foi a primeira vez que fiquei inconsciente.
Não tive tempo de responder, Melissa me chamou para dentro da sala. Apenas olhei pela última vez para ele e fui fazer meus exames. O tratamento estava surtindo efeito, mas não tiraram meu nome da lista de doação de órgãos. Quando saí, o garoto não estava lá mais. Provavelmente já havia entrado em outra sala ou voltado para o quarto. Hoje Lily e Dorcas vinham me visitar.
Indo em direção ao meu quarto, encontrei Marlene, minha colega de hospital. Ela tinha Fibrose Cística desde os nove anos. Ela havia sido diagnosticada um tempo após mim. Passei alguns anos só no hospital, mas depois que ela chegou, nunca nos separamos. Trocamos palavras rápidas e segui meu destino inicial.
Chegando lá, percebi que alguém havia limpado o ambiente, então só precisava organizar meus livros. Pego os exemplares de 'A Culpa é Das estrelas' o folheei e dei uma risada sobre o fim trágico do livro, e que provavelmente eu seguiria o mesmo final.
Parando para checar minhas mensagens, vejo que tem uma solicitação de um número desconhecido. Abro curioso, mas sem foto de perfil, a mensagem dizia: "Desculpe-me pela indelicadeza de mais cedo." Logo abaixo havia a figurinha de um cachorro com emoji de beijo.
Apenas respondi um sem problemas sem nem me dar o trabalho de salvar o número. Mais para baixo, havia mensagens de Mamãe e Lily. Mamãe dizia que alguns livros novos que eu tinha pedido haviam chegado e Lily disse que se atrasaria porque Dorcas havia dormido demais.
Pedi para que minha mãe trouxesse os livros na próxima vez que viesse me visitar e fingi estar muito chateado com Dorcas para Lily.
Decidi ir ler um pouco no terraço, afinal, não teria o que fazer tão cedo. Chegando lá em cima, me deparo com duas figuras já ocupando meu lugar. Uma, reconheci de longe. Sirius, e a outra era do menino que vi ontem, onde ainda não sabia o nome. Tentei dar meia volta e sair despercebido, mas aparentemente não funcionou, porque assim que estava saindo pela porta, senti meu braço ser agarrado e puxado levemente para fora de novo.
- Oi, - disse ele, aparentemente tímido? - É, então, mais uma vez, desculpe por mais cedo e eu não sou nenhum tipo de stalker ou coisa do tipo, eu só pedi seu número para a loirinha que você estava conversando mais cedo, tudo bem? - Ele metralhou as palavras em uma velocidade que fiquei sem ar por ele.
- Tudo bem, eu não pensei que você fosse um stalker ou coisa do tipo. - Na verdade, nem tinha pensado como você conseguiu meu número, quis completar, mas não queria o deixar sem graça. Mas falhei miseravelmente com a próxima coisa que falei. - Bom, se você pudesse soltar meu braço, eu gostaria de voltar para meu quarto.
No momento em que falei isso, o garoto soltou meu braço imediatamente e começou a ficar mais vermelho que um tomate, voltando novamente a se desculpar. Novamente senti aquele olhar queimar minhas costas, e quando virei para olhar, o garoto falou algo com Sirius, risonho, que o fez levar um tapa, sorri de canto com isso, involuntariamente, e segui para o neo natal. Lá iria ter silêncio para eu ler até as meninas chegarem.
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A Culpa (não) é das Estrelas - wolfstar
RomanceOnde Remus, um garoto de dezesseis anos, voltou ao hospital para dar continuidade ao seu tratamento. E Sirius, de dezessete anos, é internado por uma Hiperglicemia.