Echoes of Fates Foretold.

Capítulo 01.

⠀⠀⠀⠀Dizia-se à muito tempo que os mestres do tempo eram escravos de um Deus de outro mundo, Cronos. Muitas vezes eu me perguntava se atrás do grande Caldeirão existiam esses ditos Deuses e eles é que estavam por trás de tudo o que acontecia nas nossas vidas. Existiria um Deus Feérico que julgava e absorvia nossos pecados? A quem deveríamos clamar quando algo de ruim fazíamos? Ao Deus da Misericórdia? Ao Todo Poderoso Caldeirão que se mostrou ser tão poderoso e perigoso quanto? A quem eu poderia confessar e rezar para ser absorvida dos meus pecados futuros?

⠀⠀⠀⠀A verdade é que tudo me parecia estranho e fora do comum, não sabia porque seres de outros mundos me importavam tanto, a única coisa que sabia é que me sentia a maior traidora de todos eles por sentir aquilo que sentia.

⠀⠀⠀⠀Vivia pensando naquele macho de cabelos castanhos-dourados, de olhos violeta e asas de morcego. Todos os dias nos encontramos no mesmo campo, todos os dias nos olhamos mais um pouco, e todos os dias o conhecia melhor.

⠀⠀⠀⠀Até agora tínhamos apenas trocado umas palavras através do seu poder telepático mas posso dizer que todas as noites eu avanço um passo na sua direção para ouvi sua voz de verdade. Eu poderia dizer que estava com medo do desconhecido, poderia dizer que estava tímida ou até que estava prezando pela minha segurança para ainda não ter feito isso mas não é verdade, todas as noites é uma nova onda de coragem alimentada pelo fio que é puxado muito suavemente sempre que seu olhar está no meu, não podia falar muito sobre o desconhecido e tanto ele como essa sensação eram desconhecidas para mim, e pela primeira vez em toda a minha vida o desconhecido não era assustador ou irritante, não fazia o poder zumbir no meu peito como sempre tremia quando estava chateada com algo.

⠀⠀⠀⠀Era esquisito eu sequer pensar que havia um macho misterioso que chamava tanto a minha atenção, mas isso estava acontecer e a única coisa que me restava era abraçar o sentimento de tranquilidade e não fugir dele, como costumava fazer. Como queria fazer naquele exato instante.

⠀⠀⠀⠀Samael conversava de forma séria com o meu pai sobre algo que sinceramente não estava prestando tanta atenção mas que conseguia me irritar mesmo assim, dava para sentir a gravidade do assunto no entanto e se não desse, o soco que meu irmão gêmeo deixou sobre a mesa de madeira diria tudo.

⠀⠀⠀⠀O meu sobressalto nesse momento não passou despercebido ao mais velho de cabelos loiros, olhos verdes que agora brilhavam em um aviso para Samael que por sua vez não parecia se preocupar minimamente com o mesmo, esse era um dos muitos problemas de ficar em casa; Aturar o temperamento dos dois, tão diferentes mas tão iguais ao mesmo tempo. Samael era jovem e tinha vezes que se preocupava com coisas que não havia com o que se preocupar, mas desta vez parecia diferente… Até mesmo minha mãe, sentada ao lado do meu pai estava tensa apesar de tentar disfarçar, mas não dava para disfarçar a palidez e a forma nervosa com que ela brincava com a carne no prato.

⠀⠀⠀⠀— Não sei o que se anda a passar nessa sua cabeça, Samael — Tamlin fala, num tom baixo mas quase grotesco. — No entanto eu sugiro que arrume seus jeitos, você não pode agir como um animal toda a vez que algo corre mal. Confie, eu sei do que estou falando.

⠀⠀⠀⠀Minha mãe pigarreou pelo assunto que ameaçou surgir à mesa. O passado que o Grão-Senhor daquela Corte carregava era pesada demais e ele tem vindo a aprender a superar e deixar o passado no passado, mas ele realmente tinha sido um animal quando se sentiu apertado demais, mais feroz do que sua forma bestial. Tamlin lutava contra isso todos os dias e é por esse mesmo motivo que meu coração se apertava de culpa toda a vez que pensava em Andras — ultimamente, esse aperto estava presente mais do que eu gostava e tinha planeado mas será que eu tinha de me preocupar tanto? Não era como se estar apaixonado por uma pessoa que mal troquei 100 palavras fosse algo anormal, ou era? Não. Não era, não para mim e para Andras.